A VISÃO DE UMA NOVA ANTROPOLOGIA
(...) “APÓS imposição do poder autocrático, o significado dos nossos símbolos mais importantes sofreu com freqüência desvios radicais através do impacto do ressurgimento gilânico ou da regressão andocrática.
Um exemplo gritante é a cruz. O significado das cruzes gravadas em estatuetas pré-históricas da Deusa e outros objectos religiosos parece ter sido a sua identificação com o nascimento e crescimento da vida vegetal, animal e humana. Foi este significado que sobreviveu nos hieróglifos egípcios, onde a cruz – anke - representa vida e viver, formando parte de palavras como saúde e felicidade. Mais tarde, quando empalar pessoas em estacas se tornou um modo comum de execução (como mostra a arte andocrática – LADO MASCULINO - dos assírios, romanos e outros), a cruz tornou-se símbolo da morte. Mais tarde ainda, os seguidores mais gilânicos – LADO FEMININO - de Jesus tentaram de novo transformar num símbolo de renascimento a cruz na qual este foi executado – um símbolo associado com um movimento social que se empenhou na pregação e prática da igualdade humana, e de conceitos tão “femininos” como a delicadeza, a compaixão e a paz.”
(...)
Mulheres e homens em todo o mundo estão, pela primeira vez em grande número, a desafiar frontalmente o modelo de relacionamento humano macho-dominador/fêmea-dominada que é o alicerce da mundivisão dominadora. Ao mesmo tempo que a idéia da “guerra dos sexos” está a ser denunciada como uma consequência deste modelo, está igualmente a ser posto em causa o seu resultado adicional de ver “o outro” como “inimigo”. Mais significativamente, existe uma noção crescente de que a consciência superior da nossa “parceria” global emergente se encontra integralmente relacionada com o reexame e transformação fundamentais, das funções sociais tanto das mulheres como dos homens."
In O CÁLICE E A ESPADA
De Riane Eisler
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