Lê-se no Diário de Anais Nin
"Sinto que o masoquismo da mulher é diferente do homem. O dela provem do instinto maternal. Uma mãe...sofre, dá, alimenta. Uma mulher é ensinada a não pensar em si própria, a ser altruísta, a servir, a ajudar. O masoquismo é quase natural na mulher. Ela é educada nele. (Exemplo dado na família pela minha avó espanhola.) É semelhante ao masoquismo das pessoas educadas na religião católica.
É o meu instinto maternal que me põe em perigo.
Se eu ao menos me pudesse libertar desta procura do pai. o Pai Salvador? Deus?
Cada contacto com o ser humano é tão raro, tão precioso, que o devíamos preservar." (...)
Não, a mulher não é masoquista por natureza, ela é vazia dessa natureza em si mesma, foi esvaziada de sentido que não o de ser mãe e amante, por isso fica cativa do desejo exclusivo do homem e de ser mãe...Não é o instinto maternal apenas o que a move na busca do homem e do Pai ou de Deus, é a sua anulação como mulher inteira que a tornou aparentemente masoquista diante do abuso, do assedio, da violência doméstica, da violação... que a torna fraca e vulnerável…
Não, não é o instinto maternal que põe uma mulher em perigo, é o seu vazio existencial, a perda da sua identidade fulcral, o afastamento da mulher essencial, da mulher telúrica e da aculturação que sofreu em séculos de religião…
Anais Nin escrevia sobre a sua atracção doentia por um pai manipulador, quiçá abusador e a busca de homens sádicos…certamente pela falta de Mãe e referência feminina.
E ela sabia e dizia:
"Eu própria estou envolta em mentiras que me penetram a alma, como se as mentiras que eu conto fossem apenas para embalar os outros, mentira vital, nunca chegando a fazer parte de mim. São como roupagens. Mas, as mentiras de Henry?" (Anais Nin - in Diário)
rlp
A Sociedade patriarcal destruiu a teia constitutiva do mundo, ao destruir a relação Mãe-filha e ao destronar a Deusa.
A GRANDE CONFUSÃO HUMANA COMEÇA no Patriarcado com o mito do Pai e na negação da Mãe. E porque as MULHERES PERDERAM COMPLETAMENTE A SUA IDENTIDADE também se perdeu o sentido da Vida e do nascer e assim o mundo caminho para a sua destruição. Vivemos hoje num mundo totalmente pervertido em que já não há qualquer valor real do que é Humano e natural porque a mulher e a mãe se transformaram em meros objectos de consumo...
Não há mulheres conscientes e não havendo mulheres não há caminho de vida...
Porque "São mulheres individuais, conscientes, que devem guiar o caminho. Isso é muito difícil para os homens - tão perigosamente expostos, nesta era, à possessão pelo intelecto, pela tecnologia, ou por sua feminilidade inferior desintegrada -, descobrir o sentido de eros sem essa mediação de mulheres verdadeiras que não apenas vivem essas coisas instintivamente, mas "sabem que sabem". (?)
SÓ AS MULHERES QUE SABEM DE SI PODEM CONDUZIR OS HOMENS NO CAMINHO - tal como as mães conduzem os filhos mal nascem...
rlp
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