O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, julho 10, 2019

ONDE A PLENITUDE DA MULHER


A DIVISÃO DA MULHER E O FEMININO INTEGRAL

Há na mulher ocidental uma divisão do seu ser em duas espécies de mulheres de acordo com a mitologia cristã que tem como modelo de um lado a Virgem Mãe e do outro Maria madalena, a pecadora arrependida, segundo os relactos bíblicos que ainda hoje tem um efeito pernicioso no inconsciente colectivo dos homens  e que se reflecte na forma como  ainda hoje  escolhem as mulheres para casar e maltratam violentam e abusam as mulheres "vadias" (as que não casam e não obedecem às normas da Igreja) e nas mulheres que se sentem todas culpadas quando não obedecem aos padrões da santa e são desde logo apelidadas de putas ou vadias.
Essa divisão da mulher em duas como naturezas separadas - na nossa cultura ocidental - deu na ideia da mulher dividida entre a "santa" e casta  e pura e na outra, a "puta", a mulher que vive de sexo,  o que criou as maiores dores e sofrimento às mulheres no mundo. É preciso unir as duas mulheres como diz Tori Amos, pois  "No cristianismo tradicional, as falsas divisões deram-nos duas personagens: a Virgem Maria e Madalena. Claro, para que uma cristã se sentisse realizada, estas duas personagens deviam ser unidas - e não polarizadas - na sua psique. A Virgem Maria foi desprovida da sua sexualidade conservando a sua espiritualidade, enquanto que Maria Madalena foi despojada da sua espiritualidade ficando apenas com a sua sexualidade. Ora cada uma delas devia aceder à sua plenitude. É o que eu chamo "casar as duas Marias"... *
RLP

O FEMININO INTEGRAL 
É QUANDO A MULHER UNE ESSES DOIS ASPECTOS DE SI 

"A iluminação é vazia de toda particularidade, excepto que inclui sensibilidades masculinas e femininas. A iluminação não é limitado pelo tempo e espaço, mas é realizado por meio da consciência feminina em toda a sua beleza e as qualidades de sombra, em sua simplicidade e complexidade, e nas perspectivas que a consciência apenas reflecte através do corpo, fala e mente de uma mulher pode revelar .

A iluminação não é limitado pelo tempo e espaço, mas, paradoxalmente, é realizado através da consciência que ocorre em nosso tempo e lugar, nesta cultura, e sob essas condições em que a pergunta "o que é o feminino Integral?" vem à tona.

O feminino é a consciência Integral à beira da evolução do corpo e da mente de uma mulher. Pode-se dizer que ela é uma manifestação da consciência evolutiva, encarnando o desenvolvimento com um sabor especial feminino. Na medida  em que ela está consciente, na medida em que ela aprende e se desenvolve, ela tem a capacidade inata de se expandir e abrir em uma identificação cada vez
maior com todas as coisas. "*

* Diane Hamilton Musho
*Tori Amos - in Os Segredos de Maria Madalena, ed. Via Medias, 2006


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