O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, novembro 14, 2008

ÍÉMEN - onde as meninas "casam" aos dez anos de idade

EM NOME DO CASAMENTO, AS MENINAS SÃO VENDIDAS A HOMENS VELHOS,
COMO NA IDADE MÉDIA...
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Nojood Ali e a sua advogada, Shada Nasser

Mais de 50 por cento das meninas casam-se antes dos 18 anos
Nojood, 10 anos, divorciou-se e agora é Woman of the Year 2008

in publico - 14.11.2008 - 08h44 Margarida Santos Lopes

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A revista Glamour descreveu-a como "a mais célebre divorciada" do mundo, mas não foi por isso que a distinguiu, esta semana, como uma das dez Women of the Year 2008. Nojood Mohammed Ali, de dez anos, viajou de Sanaa, capital do Iémen, até Nova Iorque, para partilhar o prémio com Hillary Clinton, Condoleezza Rice ou Nicole Kidman por ter aberto o caminho às meninas que querem libertar-se de casamentos forçados.

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"Eu corria de sala em sala para tentar fugir, mas ele acabava sempre por me apanhar", revelou Nojood ao jornal Yemen Times. "Chorei tanto, mas ninguém me ouvia. Sempre que eu queria brincar no pátio, ele vinha, batia-me e obrigava-me a ir para o quarto com ele. E se seu pedia misericórdia ainda batia e abusava mais de mim. Eu só queria ter uma vida respeitável. Um dia fugi."
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Al-Kibsi lamenta que nenhum jornal em língua árabe - nem mesmo no Iémen - tenha noticiado o prémio de Nojood e Nasser. "
É pena que a maioria das pessoas ignorem o que aconteceu, até porque, para a maioria das tribos, no Norte e no Sul, o casamento forçado é uma vergonha."
Nojood está feliz. "A minha vida é doce como um rebuçado", disse à Glamour.

Regressou à escola. Quer ser advogada. "Para proteger outras meninas como eu."

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A ADVOGADA Shada Nasser ajuda crianças casadas à força.

No dia 8 de Abril deste ano, Shada Nasser foi a correr para um tribunal em Sanaa, capital do Iémen, assim que soube que Nojood Mohammed Ali, uma menina de dez anos, apareceu sozinha perante um juiz a pedir para se divorciar do marido, de 30.

Há uma década que a advogada de 44 anos está envolvida na luta contra as tradições tribais, por uma nova lei de protecção da família e menores. "Quando o juiz ordenou a detenção do marido e do pai de Nojood, que a obrigara a casar-se, dei-lhe um abraço forte e prometi-lhe que a ajudaria", contou Shada Nasser ao PÚBLICO numa entrevista por e-mail, antes de ambas receberem esta semana, em Nova Iorque, o prémio Women of the Year 2008 da revista Glamour. "Ela sorriu e eu fiquei confiante que conseguiria vencer este caso." O juiz dissolveu o casamento, medida mais drástica do que o divórcio, aceitando o argumento de que "não foi respeitada a lei", muito vaga sobre a "idade ideal" de ter relações sexuais, e que a menina foi violada."
Eu tinha de apoiar Nojood [e outras crianças que apareceram depois], sem as oportunidades da minha filha, Lamya, nove anos, e do meu filho, Khalid, de quatro, que frequentam a British School, tocam piano e aprendem francês. Eu e o meu marido estudámos Direito. Ele é doutorado pela Sorbonne, em Paris, e eu mestre pela Universidade Charles Carlove, em Praga. Somos activistas e queremos mudar o nosso país."
IN PUBLICO

2 comentários:

COLHEEERRR!!! disse...

Eu sou fã dessa garota.
Quero um dia ter a coragem e a força dela.
Gostaria de dizer pra ela o quanto ela é especial! Espero que ela já saiba disso.
Uma menina, de 10 anos, peitou toda uma sociedade misógena e completamente opressora... que viva pra sempre essa menina!

Anónimo disse...

É verdade...tomara que um dia todas as meninas e mulheres possam encontrar essa força...

um abraço
rosa leonor