Passa o tempo e passo eu
passas tu solitária
anunciadora
de um destino que se agita
perigoso
entre o meu ser e o teu
Passo eu e passas tu
ambas silenciosas
como só nós
Tudo se apaga
nada sobrevive ao interior
desse espaço íntimo que nos liga
Nada é nosso
e em nós nada permanece
de alheio
à profundidade de ser
o que somos
Nenhuma história outra se tece
só essa ígnea rosa
farpada entumecida de ardor
desabrochada em desperdício gritante
como a rubra cólera
da vida por viver
Olhos solares Olhos lunares
vagabundos percorrem
ímpios
imprecisa rota
Passas tu passo eu
Será que passa algo
também
- sopro eco morte
estéril adiamento
murchar da rosa –
que não saibamos
Tessa Estate (1943 - 2001)
(1) Sofrer em latim: sub plus ferre= suportar ou permitir
In "OWNING YOUR OWN SHADOW"
Robert A. Johnson
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