O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

domingo, outubro 26, 2003

A ADORAÇÃO DA MÃE



Sabemos pelos antigos egípcios...


"Sabemos pelos antigos egípcios que a imagem de uma serpente era o hieroglífico para a palavra Deusa, e que a serpente era conhecida como o Olho, Uzait, um símbolo da revelação e sabedoria místicas. A Deusa serpente conhecida como Au Zit era a divindade feminina do Baixo Egipto (norte) nos tempos pré-dinásticos. Mais tarde tanto a Deusa Hathor como Maat eram ainda conhecidas como o Olho. A uréu, uma serpente erecta, é freqüentemente encontrada ornando as testas da realeza egípcia. Além disso, erguia-se na cidade egípcia de Per Uto um santuário profético – possivelmente na localização de um santuário anterior dedicado à Deusa Ua Zit – que os gregos conheciam por Buto, o nome grego para a própria Deusa serpente.

O bem conhecido santuário oracular de Delfos erguia-se igualmente num local originalmente identificado com a adoração da Deusa. E mesmo em tempos gregos clássicos, após a sua conversão e à adoração a Apolo, o oráculo falava ainda através dos lábios de uma mulher. Era ela uma sacerdotisa chamada Pítia, que se sentava num banco de três pés, em volta do qual se enlaçava uma serpente chamada pitão. Além disso lemos em Esquilo que neste mais sagrado dos santuários da Deusa era reverenciada como a profetiza primordial. Isto sugere de novo que, em tempos relativamente recentes como a era clássica grega, não fora ainda esquecida a tradição, própria da sociedade de parceria, de buscar a revelação divina e a sabedoria profética através das mulheres.“


In O CÁLICE E A ESPADA – Riane Eisler
"A NOSSA HISTÓRIA, O NOSSO FUTURO"
Via Óptima Editores



A ADORAÇÃO DA MÃE

Assim diria, que nunca foi nem é esquecida essa Adoração da Mãe através do Arquétipo da Deusa que se expressa nos nossos dias ao nível do inconsciente colectivo, mas manifesto com a força energética do lugar, como é o caso das Aparições de Fátima ou de Lurdes e que a Igreja católica adoptou de forma quase grotesca e complexa associando-a à Virgem Maria e ao seu dogma, como aliás o fez sempre, através da sua milenar redução da mulher-deusa à função de mãe na terra e virgem no altar e que vive apenas pelo Filho, e em função de Deus Pai, quando na verdade e em essência é o filho que vive na Mãe-Corpo-Terra, sendo esta visão blasfêmia, quando na verdade foram eles que retiraram às mulheres e à Deusa toda a importância que não fosse a de veículo reprodutor e sem voz...condenando assim a mulher e a serpente ao mal e ao inferno. Ao fazerem isso condenaram também a própria Terra e o Planeta à destruição e a guerra, retirando o sagrado do Mundo para o colocar no “Céu”.
E isto muito antes do início da sua Igreja depois de Pedro renegar Maria Madalena - apesar de ser ela e não outro discípulo quem VIU o Senhor com outros olhos...É ela o primeiro testemunho da “Ressurreição” e no entanto é banida da Igreja assim como mais tarde o seu próprio evangelho!


Cristo, como na lenda do Rei Artur na idade Média, também quis unir a Espada e o Cálice...,
Não foi a Morgana que pecou com os seus feitiços...
Nem Maria Madalena foi a “pecadora” por ser devota da Deusa, última sacerdotisa do Templo de Magdala, mas os deuses guerreiros que pela espada imperaram.


Milhares de seres humanos ainda hoje em dia rezam à Deusa Mãe - como ainda no dia 10 estiveram em Fátima a rezar à Virgem. Apesar do preconceito e da ignorância das multidões, a Fé na Deusa Mãe e o imperativo do ressurgimento do Feminino é mais forte do que milhares de anos de perseguições e mortes brutais infligidas à vidente ou curandeira – a bruxa! - e ao seu afastamento da função sacerdotal do culto da Deusa.

Repudio com veemência o desfile de milhares de “sacerdotes” no Santuário de Fátima, vestidos de branco como a Deusa o era...e que mais uma vez na História usurparam o lugar que por direito ancestral e na Terra cabe às mulheres – agora vestidas de negro e cobertas na sua dor de renegadas.
São eles que rezam à Virgem a salvação do Mundo enquanto mantêm a mulher sujeita aos seus preconceitos atávicos e fies aos seus desígnios e dogmas, aprisionam-na no casamento ou na prostituição, os únicos destinos “oferecidos” às mulheres ainda hoje!

Mesmo apesar de este Papa ter oferecido o Mundo aos pés da Virgem de Fátima, enquanto as mulheres no mundo foram vítimas das diferenças, sofrimento de toda a espécie, mártires de violações, abusos e prostituição que eles perpetuaram, o Mundo nunca será justo nem haverá Paz na Terra.



"Ela é a virgem eterna, o que não quer dizer intocada, mas sim a que não vive sob o domínio do homem . "
(Agustina Bessa-Luis)



Sem comentários: