O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

domingo, agosto 14, 2005


ISHTAR

Oye mi ruego, Istar,
Luna de los Amantes.

De quien no sabe dar
enséñame a recibirlo todo.

De quien no sabe abrir-se
hasme llenar...


A adoração da Nossa Deusa Mãe e da Origem.

O Culto da Grande Mãe remonta
ao mais recuado dos tempos...



A Grande Deusa era adorada em todo o mundo antes da nossa história e já no Egipto, Isis era a Senhora por Excelência e cuja imagem vem a corresponder à imagem adoptada pela Igreja Romana com o menino ao colo e que por volta do séc. VI - no obscurecimento do seu verdadeiro culto e origem – é reencontrada em Maria, mãe de Jesus, e a liturgia bizantina celebrava a "Dormição da Mãe de Deus" - antes era a Deusa! - Mas por hora ela "dormia" e antes que acordasse eles tomaram conta... Na época, o Imperador Maurício fixou a efeméride para o dia 15 de Agosto e até aos nossos dias ficou assim registado. Através de muitas lutas, e petições, o dogma da Assunção Corpória da Nossa Senhora levou muitos séculos a ser aceite até que no séc. XVIII foi assinada a bula que o admitia, embora a Igreja Católica sòmente em 1950 através do Papa Pio XII a tenha oficializado.

(...) “Mais do que nunca, a Virgem Maria ia tomar o lugar de todas as deusas da antiguidade, suavizando os seus traços, abandonando a sexualidade, mas permanecendo sempre aquela que dá a vida e o alimento”.(...)
Substituindo assim, “uma divindade feminina cuja função materna se desdobrava necessariamente numa função erótica. Sabemos muito bem que essa função erótica iria ser escondida desde o início de um cristianismo inteiramente orientado para uma masculinidade triunfante e uma castidade exemplar, resultante a maior parte do tempo de um terror instintivo relativamente aos mistérios da mulher” (Jean Markale)

O Arquétipo da Deusa Mãe ressurge pela premência do Princípio Feminino na Terra desvastada pelo poder patriarcal de dominação do mais fraco, nomeadamente da mulher.

A Festa ou o feriado do dia (15 de Agosto) da Assunção da Nossa Senhora que a Igreja Católica celebrará amanhã foi imposta pela tradição e pela força secular da Deusa-Mãe, reminiscência do Culto "pagão" da Grande Mãe, muito anterior ao Cristianismo! Assim como substituiu todas as deusas pagãs, pelo nome de santas para as integrar no catolicismo! Enquanto isso e através dos séculos, as mulheres que tivessem ou ousassem ter voz, da mesma forma que foram perseguidos os fiès da Grande Deusa, eram perseguidas e queimadas vivas como bruxas nas figueiras da Inquisição!

Ainda o ano passado, neste mesmo dia, em alusão à celebração do dia da Nossa Senhora, ouvi um padre na televisão alertar para o facto de que apesar do dia e do culto à Virgem, não podemos adorar a Nossa Senhora e que Maria é igual a todas as mulheres...Ela serve apenas o senhor... É portanto inferior, deduzo eu, e por isso ninguém pode elevar a Mulher ou a Deusa acima do Deus Macho!
Só podemos adorar um Deus-Homem...

Quanto à irrupção do culto da Grande Mãe e da Deusa surgido em Lurdes e em Fátima e em outros lugares de Peregrinação e culto recente, são também coisas de mulheres devotas, ignorantes e inferiores e de um povo inculto e sujo, sem ornamentos nem estatuto...

À Igreja de Roma não dá crédito às mulheres, sendo os sacerdotes os detentores únicos da fé e da palavra de deus, mas acaba aproveitando-se como sempre se aproveitou das mulheres para continuar a explorar e a manter as próprias mulheres na ignorância e na sujeição católica ao macho e dono!
Eles rezam a missa vestidos e com paramentos remanescentes das Sacerdotisas da Deusa Mãe e as mulheres ajoelham-se a seus pés...Cofessam-se pecadoras...
A igreja nunca foi Mãe para as mulheres, mas sim Madrasta pois só os Homens são filhos do seu Deus...



A Grande Deusa na Antiguidade

(...) "mas a antiga detentora da soberania sobre o universo, a causa primeira de toda a existência, e isto muito antes da manifestação do Verbo que, segundo o Evangelho gnóstico de João, era no princípio (e não no começo) do mundo das relatividades concretas. A arte da Idade Média é o reflexo de um pensamento e esse pensamento, apesar do peso do dogmatismo romano, está longe de ser unívoco. Mesmo que ela não cesse de ser consoladora, e mesmo lenitiva, a virgem mediaval transmite mais do que uma mensagem, que remonta à aurora dos tempos e que se manifesta por vezes através de especulações ditas heréticas ou mesmo por meio das aberrações fantasmáticas, a saber: o conceito de uma criação permanente que não pode ser senão de natureza feminina. Se Maria foi realmente a geradora do divino enquanto “mãe portadora”, ela apenas podia ser a encarnação de um conceito preexistente que se tornou incompreensível, incomunicável e indizível, que aparece através dos diferentes mitos referentes à criação do mundo."

In "A GRANDE DEUSA " de Jean Markale

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