O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, agosto 31, 2005

“Tu mulher de linha pura, dotada de grande doçura, mas educada desde a infância para a submissão, sujeita às leis dos homens, às ideias que eles formularam do teu ser e das virtudes da mulher, quando a força envolvente está em ti, que seguras as duas pontas da vida - claro que precisas de tempo para vencer o medo do olhar e das palavras dos outros.”


"Não é verdade que nela se encontra toda a beleza da natureza: suave colina, secreto vale, nascente e prado, flor e fruto?"


AS TUAS MÃOS...

“A intimidade que nasce de duas mãos em simbiose é igual à de dois rostos que se aproximam, ou de dois corações que se imprimem um ao outro. A corola de cinco pétalas, quando eclode, é uma luva virada do avesso, revela o seu fundo secreto, deixa-se aflorar pela brisa tépida que passa constantemente, ou sugar permanentemente por ávidas borboletas e abelhas que a procuram. Entre duas mãos de dedos entrelaçados, o mínimo frémito faz o rumos da asas que batem; a mínima pressão provoca uma onda que se expande em círculos concêntricos. A mão, esse digno órgão da carícia, o que acaricia não é apenas outra mão, mas a própria carícia da outra. Acariciando reciprocamente a carícia, os dois parceiros caem num estado de embriaguez porventura sonhado na infância, ou numa vida anterior. As veias entrelaçadas irrigam o desejo e entroncam nas raízes profundas da vida; as linhas entrecruzadas que vaticinam o destino apontam para longe, indo ao encontro do infinito das estrelas.”

QUANTOS HOMENS PENSAM REALMENTE "NO QUE É A MULHER”?

“Agora, pela primeira vez, pensa no que é a mulher, NO QUE É A ESSÊNCIA DO FEMINIO. Tem a revelação de que o encanto da mulher, quando esta não é rebaixada por todo o tipo de condições exteriores, advém do facto de ela ser a mágica transformadora, virtualmente capaz de tudo converter em graça etérea, e nenhuma tentativa de a aviltar produz efeito. É certo que ela é carne, mas não é menos certo que essa mesma carne se transmuda constantemente em murmúrios, em perfumes, em vibração, em ondas infinitas cuja música importa não abafar. Pensando bem, o corpo da mulher encarna o mais ardente milagre da natureza. Ou mais precisamente, é a natureza que nela se resume em milagre.

Não é verdade que nela se encontra toda a beleza da natureza: suave colina, secreto vale, nascente e prado, flor e fruto? Assim sendo, não se deve ver-lhe o corpo como uma paisagem? Ora, como ensina o mestre tauista, numa paisagem, mais do que as entidades substanciais, importa aprender a entrar em comunhão sobretudo com aquilo que delas emana, a erradiação que vem dos musgos, as ondas sonoras que vêm dos pinheiros, os aromas que vêm dos sucos propagados pela bruma e pelo vento.”


Excertos do mais belo livro que li nestes últimos anos...

“A ETERNIDADE NÃO É DEMAIS”
De François CHENG

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