"A doutrina dos olhos é para a multidão;
o doutrina do coração para os eleitos."
in A VOZ DO SILÊNCIO - M.B.
O SOPRO PRIMORDIAL
Diz-se que tudo está ligado, que não se pode separar os sinais humanos dos que vêm da terra e do céu. Dentro deste todo orgânico, o traço de união não é nenhuma corrente nem nenhuma corda, mas sim o sopro que é ao mesmo tempo unidade e garante de transformação. Sim, a importância do sopro. Porque, na origem, foi o Sopro primordial que, da combinação dos sopros vitais que são o Yin e o Yang, e o vazio intermédio, gerou o céu, a Terra e os Dez mil seres. Uma vez constituído o universo vivo, os sopros vitais continuam evidentemente a funcionar, pois de contrário o universo desintegrava-se. Mas há um problema. Por força do caos e da desordem, nem todos os sopros têm uma validade constante; alguns podem revelar-se deficientes, perniciosos, malignos. Daí a ideia do Shen, “sopro-espírito, espírito divino”, que é o critério do que é verdadeiro e justo. O shen é a forma superior dos sopros vitais. Ao garantir permanentemente a grande cadência do Tau, garante ao mesmo tempo o infalível princípio segundo o qual “a vida gera a vida”, frase-chave do Yi-Ching, o Livro das Mutações. O shen não é, portanto uma ordem fatal. No entanto, só os sinais emanados pelo shen e por eles regidos são válidos.
O verdadeiro dever de um adivinho, ou de um médico, consiste justamente em captar o shen que está no universo como no interior de cada corpo, pois que no corpo, mais do que a carne e o sangue, é acima de tudo a condensação de sopros. É na medida em que o adivinho, bem como o médico, capta o shen no coração duma entidade viva que pode restituir esta ao caminho da vida.
In A eternidade não é demais
François Cheng
A MAGNIFICÊNCIA DO SENTIMENTO ORIENTAL, A GRANDE ÉTICA DO BUDISMO, O ACESSO INDIVIDUAL AO DIVINO, QUE SÓ O PENSAMENTO ORIENTAL NOS PRODIGALIZA...
O SORRISO DE PANDORA
“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja.
Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto.
Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado
Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “
In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam
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