O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sábado, junho 24, 2006

É SEMPRE A MÃE QUEM NOS SALVA...


"Um Messias... no Feminino"


"Os cultos a divindades femininas são comuns a todos os povos do Mediterrâneo, bem assim como o foram, em outros tempos, aos Judeus da Diáspora.

No contexto lusitano, os mitos das aparições tornaram-se notórios a partir das viagens marítimas e fluviais. De carácter semita, estes tipos de cultos revelaram-se como uma esperança messiânica e retratavam a aparecimento de uma Senhora a todos os aflitos (marinheiros, pescadores, fugitivos, etc.).

Era à «Senhora da Terra» que os navegantes, quando partiam para o mar, as suas almas encomendavam, faziam promessas de uma vela ofertar se não tivessem a água como a sua sepultura, e a quem os náufragos se apegavam quando os navios naufragavam e se despedaçavam.

E na volta, vencidas as jornadas trágicas pelos desertos de água, cumpriam a promessa.
Este tipo de cultos esteve na origem da construção de capelas junto da mesma água que os trouxe (na costa, ou a alguns escassos quilómetros desta). Aí veneram a Imagem d'Aquela que suas vidas conservou.

Feitas padroeiras dos viajantes, muitas destas Senhoras passaram a ser chamadas de Senhora da Guia, por associação ao astro Vénus (herança romana), facilmente identificado pelo seu grande brilho. Popularmente, é também conhecido como Estrela da Manhã, já que o seu brilho anuncia o Sol, e da Tarde, altura em que deixa de se poder observar por se encontrar demasiado próximo do Sol, passando então a ser visto como estrela anunciadora da noite.

Na base da sobrevivência dos discursos sobre as aparições de um messias feminino encontramos o problema da própria sobrevivência do homem, pois foi através de uma elaboração colectiva de mitos, enquanto vínculos a um passado, que o homem encontrou uma forma de se legitimar no presente a um determinado contexto cultural.


TEXTO TIRADO DE:http://www.revista-temas.com/contacto/NewFiles/Contacto3.html

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