O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

domingo, junho 10, 2007

Portugal, ontem como hoje: "O medo de existir"...

Portugal, é das pessoas mediocres e provincianas, de pequenos homens de gravata que assistem a desfiles militares no Dia da Pátria e de Camões... e fazem discursos sobre a economia e deliram com a grandeza dos exércitos que defenderão a pátria da sua miséria...

" Porque na sociedade portuguesa actual, o medo, a reverência, o respeito temeroso, a passividade perante as instituições e os homens supostos deterem e dispensarem o poder-saber não foram ainda quebrados por novas forças de expressão e liberdade.
Numa palavra, o Portugal democrático de hoje é ainda uma sociedade de medo. É o medo que impede a crítica. Vivemos numa sociedade sem espírito crítico – que só nasce quando os interesses da comunidade prevalecem sobre o dos grupos e das pessoas privadas.


In Portugal, Hoje - O Medo de Existir de José Gil

“Tão regrada, regular e organizada é a vida social portuguesa que mais parece que somos um exército do que uma nação de gente com existências individuais.

Nunca o português tem uma acção sua, quebrando com o meio, virando as costas aos vizinhos. Age sempre em grupo, sente sempre em grupo.
Está sempre à espera dos outros para tudo. E quando por milagre de desnacionalização temporária pratica a traição à Pátria de Ter um gesto, um pensamento ou um sentimento independente, a sua audácia nunca é completa porque não tira os olhos dos outros, nem a sua atenção das suas críticas. (...)

Por isso (...) nunca é possível determinar as responsabilidades, elas são sempre da sexta pessoa num caso onde só agiram cinco.”

Texto de Fernando PessoaIn “A ALMA SECRETA DE PORTUGAL”De Paulo Alexandre Loução

1 comentário:

Anónimo disse...

O Fernando Pessoa conheceu melhor os portugueses que todos os governantes juntos. Ele viu sobretudo o lado negativo do fazer tudo em Grupo (consciência de massa). Contudo esta maneira de ser quando devidamente aproveitada nos momentos dificieis é a porta para a saída porque a união faz a força. E necessário o lado positivo do Grupo que quando devidamente fecundado pelo génio indiviual se transforma num corpo uniforme e capaz de responder aos anseios da alma que é essencialmente UNIAO.