O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, junho 26, 2015

A IMPORTÂNCIA DO SOPRO...



..."Diz-se que tudo está ligado, que não se pode separar os sinais humanos dos que vêm da terra e do céu.
Dentro deste todo orgânico, o traço de união não é nenhuma corrente nem nenhuma corda, mas sim o sopro que é ao mesmo tempo unidade e garante de transformação.
Sim, a importância do sopro.
Porque, na origem, foi o Sopro primordial que, da combinação dos sopros vitais que são o Yin e o Yang, e o vazio intermédio, gerou o céu, a Terra e os Dez mil seres.
Uma vez constituído o universo vivo, os sopros vitais continuam evidentemente a funcionar, pois de contrário o universo desintegrava-se.
Mas há um problema.
Por força do caos e da desordem, nem todos os sopros têm uma validade constante; alguns podem revelar-se deficientes, perniciosos, malignos.
Daí a ideia do Shen, “sopro-espírito, espírito divino”, que é o critério do que é verdadeiro e justo.
O shen é a forma superior dos sopros vitais.
Ao garantir permanentemente a grande cadência do Tau, garante ao mesmo tempo o infalível princípio segundo o qual “a vida gera a vida”, frase-chave do Yi-Ching, o Livro das Mutações.
O shen não é, portanto uma ordem fatal.
No entanto, só os sinais emanados pelo Shen e por eles regidos são válidos.

O verdadeiro dever de um adivinho, ou de um médico, consiste justamente em captar o Shen que está no universo como no interior de cada corpo, pois que no corpo, mais do que a carne e o sangue, é acima de tudo a condensação de sopros.
É na medida em que o adivinho, bem como o médico, capta o Shen no coração duma entidade viva que pode restituir esta ao caminho da vida."

In, A eternidade não é demais
François Cheng

1 comentário:

Ná M. disse...

https://www.youtube.com/watch?time_continue=1&v=Mp3S4Vod0yw