O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, junho 11, 2015


" Será que um círculo centrado no espiritual poderá ser um veículo de transformação da própria mulher e do mundo?
(...)
A ESTRUTURA DE UM CÍRCULO É INERENTEMENTE IGUALITÁRIA, MUITO MAIS DO QUE HIERÁRQUICA, E É POR ISSO QUE PODE SERVIR COMO UM MODELO FANTÁSTICO DE COMO A COMUNICAÇÃO ENTRE IGUAIS PODE SER HONESTA E AMOROSA.
O reconhecimento destas características pode ser levado para fora do círculo e ter um efeito radicalmente positivo nas relações... EM RELAÇÕES HIERÁRQUICAS,... O PODER É O PRINCÍPIO ORDENADOR. Nas hierarquias, é preciso conhecer seu lugar e agir de acordo com ele de maneira a conviver bem e seguir em frente fazendo progressos; do contrário, pode-se ser punido aberta ou subtilmente se não se observa tal acordo. Uma hierarquia pode ser pequena, de duas pessoas, quando uma delas obedece a outra ( esta relação também define a co-dependência ). Quando a unidade hierárquica é entre um homem e uma mulher, para que a relação se transforme, é preciso muito esforço de consciência, já que se está lidando aí com uma configuração inconsciente de quatro milénios de supremacia masculina, que só muito recentemente foi questionada e continua a sendo questionada pela civilização ocidental.
(...)
EM UM CÍRCULO CENTRADO NO ESPIRITUAL, A PRECE SILENCIOSA OU A MEDITAÇÃO CENTRA A MULHER E A RODA, PERMITINDO QUE O FEMININO SAGRADO POSSA PENETRAR... A expansão da consciência espiritual é um fio que atravessou a primeira e a segunda onda de feminismo, quando o foco era na mudança das relações e nas circunstâncias das mulheres no mundo. Essas preocupações quanto ao externo são também o foco da primeira e segunda fase da vida de uma mulher. QUANDO OS GRUPOS SE TORNAREM CÍRCULOS COM UM CENTRO ESPIRITUAL, ELES SE TORNARÃO VEÍCULOS DE ESPIRITUALIDADE FEMININA QUE FARÁ CRESCER A CONSCIÊNCIA.
O feminino sagrado e o arquétipo da deusa tripla desapareceu no inconsciente colectivo sob a égide do patriarcado e a sabedoria feminina ficou ausente da política e do governo... Uma pessoa completa desenvolve ambos os aspectos da psique, QUANDO FOR POSSÍVEL. Quando se reforçam os estereótipos, o desenvolvimento da pessoa para a totalidade fica impedido.
(...)
Uma verdadeira capacidade de relacionar-se tem uma dimensão sagrada. Entre indivíduos é um Eu-Tu, um reconhecimento de alma para alma, e não existe nenhuma hierarquia..."



In As Deusas e a Mulher Madura
de Jean Shinoda Bolen

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