O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, junho 29, 2015

As feministas e não feministas...


E o que é essa mulher essência, perguntarão…

É por medo de parecerem religiosas e místicas ou fora do contexto social e político, medo dos seus lideres e patrões, que lhes prometem dar a promoção ou emancipação que elas sonham dentro da sua ideologia materialista histórica, que a mulher feminista não quer olhar para a sua essência, para a sua mística.

Mas a sociedade patrista não só não lhes dá nada de si, como é incapaz naturalmente de as elevar à dimensão do verdadeiro feminino, afastando-as cada vez mais e mais dessa mulher essência, pois vivem à custa dessa cisão da mulher…eles dividiram a mulher em dois tipos de mulher, "a santa e a pecadora" para poderem reinar…

E o que é essa mulher essência, perguntarão…
A mulher essência é aquela que tomou de novo contacto com a essência do seu ser, do seu feminino vital, essa parte sagrada de si mesma, sim, instintiva, intuitiva, energética, e que se consciencializa da sua divisão interna e histórica e não aceita mais culpar a "outra".
A mulher essência é aquela mulher que se tornou consciente da sua cisão interna e que integrou o lado de si que lhe tinha sido negado ou escondido, essa "outra" censurada pela sistema e que procura unir essas duas partes do seu ser que foram secularmente antagonizadas e não se conforma com a diferença entre as mulheres - as putas e as sérias - como se ela só continuasse a ser a pura (a boa) e a outra a pecadora (a má), etc.

Ora, isto de feminista não tem nada...

"Não sou feminista, sou antropologicamente lúcida" 
- Ana Hatherly

Quando eu digo que não sou feminista, quero dizer que contraponho à ideia de "igualdade" e "direitos iguais", um feminino ecológico e ontológico, um feminino integral, uma mulher total...e também não considero que a mulher deva voltar atrás nos seus processos de evolução social e ficar agora em casa a cuidar das crianças, nem ao contrário, como hoje se defende, como um direito válido adquirido e expressão de uma "igualdade", a mulher ir pegar em armas e ir a guerra... o que é uma calamidade, do ponto de vista do Princípio Feminino!

O que eu penso é que A Mulher está por redefinir, e por se encontrar a ela mesma dentro de si...e não fora...e essa é a minha ideia e posição: trabalhar por uma consciência de SER MULHER muito para além deste jogo social, económico e político, ou guerra de sexos em que se tornou a luta das mulheres nas sociedades ditas "livres" (uma ova!)!


"É bastante evidente, que no caso do feminismo em geral, a tónica está sempre toda nos aspectos sociais - direitos iguais - por certo, não nego,  uma conquista válida mas que prendeu a mulher aos valores do masculino, tendo invertido a feminilidade inicial do restrito que era o lar e lavores domésticos, educação das crianças, ensino e catequese, etc. acabando por se ressentir agora mais do que nunca, da falta de uma dimensão do verdadeiro feminino, de todo o seu lado instintivo e profundo digo incluindo o feminino sagrado, desprovido da noção dogmática ou carga religiosa...

Precisamente porque ao recusar a religião opressora dentro da ideologia marxista – as lutas feministas estão quase todas associadas ao marxismo e ao materialismo dialético - a mulher intelectual e política desprezou a sua Natureza subjectiva, dita instintiva, desligando-se da própria Natureza Terra-Mãe e por isso perdeu a sua dimensão ontológica, perdeu a Chave dos Mistérios perdeu o seu mistério de Mulher iniciadora do amor e da Vida...
A mulher perdeu há muito uma metade de si  e nestas lutas por se afirmar na sociedade não a recuperou ainda...ela tem andado assim repartida ao longo dos séculos...ora sendo uma, ora sendo "a outra" e esse é e tem sido o jogo do jugo patriarcal...dá-lhe uma coisa, promete-lhe que ela será a santa e a fada do lar...mas e tira-lhe sempre a outra, a sedutora e a sexual...ou então diz-lhe que ela é livre de fazer o que quer e dá-lhe a liberdade sexual e a maior carga de sensualidade, mas  despojando-a da outra parte e sempre de autonomia verdadeira e dignidade, anulando-lhe no seu valor intrínseco e poder  pessoal...que é a Mulher Integral...

Unir as duas mulheres em si, psíquica e animicamente, é um trabalho actual e urgente que compete a cada mulher fazê-lo sem que para isso precise de mais nada que não seja consciencializar-se dessa cisão...e procurar juntar os pedaços fragmentados de si mesma!"


Rosa Leonor Pedro

republicando

1 comentário:

Ná M. disse...

Seus artigos me ajudam muito