O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, agosto 17, 2015

A Compaixão, pregada pelo Mestre Buda...e a falsa piedade!


A FALSA PIEDADE...e a via do coração

"Toda a forma de altruísmo tem a sua contraparte de egoísmo.
A Compaixão, pregada pelo Mestre Buda, é a comunicação com o sofrimento dos seres pela consciência da nossa solidariedade. Só sendo um amante verdadeiro, praticante do Amor impessoal, se é capaz, sem reflexo egoísta, unir assim o coração ao coração de outro ser humano e aligeirar, pela sua compaixão efectiva, o seu sofrimento.

Sofrimento não se deve confundir com dor. Uma dor é a consequência de uma desordem, ou de uma discordância entre uma impulsão inerente (instintiva) ao ser e uma impulsão pessoal (consciente).
A dor pode ser o efeito de uma Karma ou de uma ignorância actual: porque a consciência pode encontrar um meio de evitar a dor de um sofrimento necessário.
A dor é uma reacção do ser pessoal físico ou mental.
O sofrimentos é uma luta pela tomada de consciência de uma falha entre o ser REAL desejável e o estado efectivo ; essa falha provoca uma tensão para encontrar o estado são;
Se há resistência nos elementos pessoais (fiscos ou morais) há dor:
Se há uma aceitação consciente, a dor pode ser eliminada e reduzida ao sofrimento, quer dizer á necessidade da provação (lição) e de cuja reacção vital pode mesmo tornar-se em prazer.
O sofrimento é a escola da consciência que não pode ser adquirida sem ele.
A Compaixão aceita passar as provas do seu sofrimento humano para melhor as transmutar: esse é um gesto de puro Amor.

A piedade é um reflexo pessoal diante da dor do outro apreciada pelo eu (pequeno); é a reacção do humano (inferior) que receia por si mesmo ter uma dor semelhante, ou então é a condescendência do benfeitor que se desculpa, por esse gesto de ser privilegiado.
Em todos os casos, é a impressão relativa da sua própria sensibilidade, uma apreciação  pessoal (egoica).
Como é que o homem ignorante poderia decifrar a multiplicidade das causas e dos efeitos? Os senhores da compaixão que oferecem a sua beatitude para minorar o sofrimento humano, não tirariam a  ninguém as provas (lições) necessárias para  a sua evolução.
Estas palavras revoltarão aqueles que fazem parte “deste mundo”, porque eles praticam a piedade a fim de eles mesmos beneficiarem dela directamente (paga pelo bem que fazem). É por isso que é importante diferenciar a piedade arbitrária e a falsa caridade do altruísmo compassivo e desinteressado.

A natureza não tem qualquer piedade; ela obedece as directivas “providenciais” do seu Devir. Cada animal segue as leis da sua espécie , sem piedade pela espécie que captura  e que assegura a sua sobrevivência; mas fora desta caça necessária, encontramos numerosos exemplos de atitudes altruístas que nos homens se atribui logo à piedade: devotamente de uma fêmea para com as crias de outra mãe…cuidados de alimentação levadas pelos seus congéneres a um animal ferido…sacrifício do individuo que expõe a sua vida para defender os jovens da sua tribo…
A característica deste altruísmo é que ela obedece a uma certa consciência inata de solidariedade animal, na qual não intervém nem cálculo nem juízo. Não existe piedade, mas justiça no sentido de obediência a uma lei da espécie (e que é inerente a todos animais e humanos).

O Ser Humano estando no cimo do reino animal (instintivo), encontra-se numa situação intermediária entre esta animalidade e o reino superior (sobre-humano) da qual a suprema qualidade é a totalidade das consciências da Natureza, e a consciência das suas consciências.
Entre os dois estados extremos, o ser humano ocupa uma situação incerta, entre a sua consciência instintiva obnubilada pelo seu mental, e a consciência espiritual cujo germe, escondido nele, não se encontra desenvolvida.
Neste estado intermediário em que o ser comum (que reage automaticamente ao instintivo animal) ele julga-se senhor da sua consciência cerebral, e tem a ilusão dirigir os seus actos e os seus sentimentos por um livre arbítrio aparente.

Na realidade, esse livre arbítrio não é senão a possibilidade de escolha entre obedecer ao chamado do reino (consciência) superior ou a obediência à lei do animal humano ao qual pertence o seu ser (consciência) inferior.
De acordo com a sua submissão a uma ou a outra destas directrizes, ele pode elevar a sua consciência ao sobre-humano ou sofrer a lenta evolução do animal humano.
(…)
Quanto ao altruísmo causado por um sentimento real de solidariedade provocado pelo sofrimento de alguém, pode haver duas fontes. A primeira é a consciência instintiva da solidariedade da espécie (animal e humana): é o altruísmo do animal e o do ser humano que escutam a sua consciência inata. A outra fonte, que é a consciência da solidariedade espiritual da Humanidade, é um grau superior deste altruísmo quando totalmente isenta de egoísmo, e que é a mais alta compaixão, impessoal e desinteressada. A “Via do Coração” é a que conduz directamente a ela.”
(…)

DE ISHA SCHWALLER DE LUBICZ – IN L’ OUVERTURE DU CHEMIN  
(tradução livre do francês...os parenteses em itálico são meus rlp)

2 comentários:

Ná M. disse...

Muito bom !!! Sinto a verdade em cada palavra!!! Raro são escritoras com a consciência da nossa Rosa!

rosaleonor disse...

Obrigada Ana Nazaré, este texto traduzi-o de um livro que adoro - desejo-lhe um bom natal...e tudo de bom minha amiga - obrigada pela companhia que me faz ao longo do ano...abraço grande

rleonor