As Mulheres (de vermelho)...
"Na verdade é estranho ser mulher plena num mundo de mulheres telecomandadas por normas patriarcais, mesmo as mais atrevidas, vestem-se de vermelho justo e abanam a cabeça sorrindo para o gajo que se pranta de forma ostensiva quer pelo poder que ocupa na hierarquia social (cargo e dinheiro) quer pela postura D. Juam, “sou muito bom e tu estás aqui armada em parva a tentar agradar-me!...”
Bom esta mulher de vermelho luta na assembleia da republica pelos direitos das outras mulheres, vai ao estrangeiro, viaja pelo país, não sei se sempre de vermelho cintado e de sapatos de salto agulha, mas de forma intensamente assertiva com o modelo dominante em que foi criada, perto da racionalidade e lógica masculina, é a forma como olha para as questões da violência sobre a mulher…ela consegue mostrar e provar que uma mulher vitima de violência doméstica inserida no meio empresarial não gera lucro ao empresário e que portanto gera despesa quer à segurança social como à empresa e que portanto os empresários têm que olhar para o problema de outra forma e dar a atenção devida para que essa mulher seja “protegida”. Que mulher mais estupida, ou mais inocente?!...será que ela não sabe que está a ser conivente com a maior ratoeira para com a mulher vitima de violência? Será que ela não entendeu ainda que o homem assim que compreender que uma mulher na sua fábrica reduz a produtividade porque o companheiro a agride, ele rapidamente a despede e põe uma outra que esconda a violência em que vive, ou põe um homem agressor ou não!...que interessa ao homem e mesmo à mulher empresária aculturada pelo modelo patriarcal este tipo e questões, quando o lucro é o que os move?
Enfim, numa sociedade onde os valores do ter se sobrepõem aos valores do ser, que implicam a dignidade dos seres humanos em geral e das mulheres em particular é impossível lidar com assuntos de extrema importância para o bem estar das mulheres vitimas de violência de género com este tipo de argumentos e de postura. Tudo transpira a hipocrisia e mentira.
Podia tomar uma atitude de virar as costas a este tipo de manifestações sociais que encontro e analiso no meu dia a dia e assim poderia ter mais tempo para me debruçar sobre mim mesma e sobre a deusa em mim e noutras mulheres. Sim eu sei que tenho um longo caminho de introspecção a fazer dentro de mim e que só o fazendo poderia ajudar-me e a outras mulheres. Mas sinto também que é importante estar, ouvir, observar e transformar interna e externamente com a energia, com as palavras, com a escrita, com a atitude, a forma como as mulheres e os homens se vêem a si próprio(a)s.
Sim sinto-me sozinha num mundo de homens, sim tenho um corpo e uma mente humana que me impedem de aceder a estruturas mais profundas do meu ser mulher, mas tento no meio desta ambivalência a que nós seres humanos estamos sujeitos viver da melhor forma que sei. Não tem sido fácil, não!...tenho sofrido e sofro com esta ambivalência? sim!...mas que me resta fazer da minha vida senão vivê-la neste corpo e nestas circunstâncias?
(...)
Eu preciso da dimensão da mulher interna que aqui me é mostrada. Ao abrir-me a porta dessa mulher plena e total que potencialmente reside em nós eu sinto-me mais confiante e serena nas minhas relações com o mundo exterior e interior. A vida interior tem que se manifestar na nossa vida comunitária e social , senão não estávamos nesta dimensão terrena e tínhamos ficado pela espiritual…"
(...)
Ana Ferreira Martins

Bom esta mulher de vermelho luta na assembleia da republica pelos direitos das outras mulheres, vai ao estrangeiro, viaja pelo país, não sei se sempre de vermelho cintado e de sapatos de salto agulha, mas de forma intensamente assertiva com o modelo dominante em que foi criada, perto da racionalidade e lógica masculina, é a forma como olha para as questões da violência sobre a mulher…ela consegue mostrar e provar que uma mulher vitima de violência doméstica inserida no meio empresarial não gera lucro ao empresário e que portanto gera despesa quer à segurança social como à empresa e que portanto os empresários têm que olhar para o problema de outra forma e dar a atenção devida para que essa mulher seja “protegida”. Que mulher mais estupida, ou mais inocente?!...será que ela não sabe que está a ser conivente com a maior ratoeira para com a mulher vitima de violência? Será que ela não entendeu ainda que o homem assim que compreender que uma mulher na sua fábrica reduz a produtividade porque o companheiro a agride, ele rapidamente a despede e põe uma outra que esconda a violência em que vive, ou põe um homem agressor ou não!...que interessa ao homem e mesmo à mulher empresária aculturada pelo modelo patriarcal este tipo e questões, quando o lucro é o que os move?
Enfim, numa sociedade onde os valores do ter se sobrepõem aos valores do ser, que implicam a dignidade dos seres humanos em geral e das mulheres em particular é impossível lidar com assuntos de extrema importância para o bem estar das mulheres vitimas de violência de género com este tipo de argumentos e de postura. Tudo transpira a hipocrisia e mentira.
Podia tomar uma atitude de virar as costas a este tipo de manifestações sociais que encontro e analiso no meu dia a dia e assim poderia ter mais tempo para me debruçar sobre mim mesma e sobre a deusa em mim e noutras mulheres. Sim eu sei que tenho um longo caminho de introspecção a fazer dentro de mim e que só o fazendo poderia ajudar-me e a outras mulheres. Mas sinto também que é importante estar, ouvir, observar e transformar interna e externamente com a energia, com as palavras, com a escrita, com a atitude, a forma como as mulheres e os homens se vêem a si próprio(a)s.
Sim sinto-me sozinha num mundo de homens, sim tenho um corpo e uma mente humana que me impedem de aceder a estruturas mais profundas do meu ser mulher, mas tento no meio desta ambivalência a que nós seres humanos estamos sujeitos viver da melhor forma que sei. Não tem sido fácil, não!...tenho sofrido e sofro com esta ambivalência? sim!...mas que me resta fazer da minha vida senão vivê-la neste corpo e nestas circunstâncias?
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Eu preciso da dimensão da mulher interna que aqui me é mostrada. Ao abrir-me a porta dessa mulher plena e total que potencialmente reside em nós eu sinto-me mais confiante e serena nas minhas relações com o mundo exterior e interior. A vida interior tem que se manifestar na nossa vida comunitária e social , senão não estávamos nesta dimensão terrena e tínhamos ficado pela espiritual…"
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Ana Ferreira Martins