"O jovem de hoje, quando pergunta se você “está ligado?”, não está sendo tonto e nem superficial, como podem pensar os seus pais. Não se trata no “tá ligado?” de uma banal linguagem fática, de testagem do canal comunicativo. O que ele pergunta é se o que faz sentido para ele, de uma forma única, faz sentido para você. Sentido e não significado. Algo que toca um, também toca o outro, mas de maneira diferente. E essa diferença é sustentável. As pessoas não precisam compartir o mesmo significado para estarem juntas."
Jorge Forbes Girassois clinicando as psicoses.
Cada um de nós ao longo da vida experienciou situações diferentes, com pessoas distintas, e em contextos emocionais irrepetíveis. Dessas vivências, em particular na família, vingaram significados pessoais sobre as coisas – a posse do outro sinónimo de “amor”; mais tarde, numa relação, achar que não é amado quando o outro se distancia….
O princípio de ficar próximo é compreendermos que, com este património pessoal de significados, ouvir o outro é mudarmos a nossa percepção, desbravar memórias até ao osso, por vezes chegadas de tão longe, de maneira a nos aproximarmo-nos do seu real pensar e sentir, e encontrarmos, não necessariamente o mesmo significado – que milagre seria -, mas sentidos partilhados.
Não perceber o que toca ao outro, a persistir, é a expressão da não ligação, sem violência, sem crueldade, mas desoladora. Não há vida em conjunto para viver.
por Cristina Simões
in incalculável imperfeição
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