O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

domingo, março 20, 2016

Ser feminista já não basta...



IR PARA LÁ DAS NOMENCLATURAS...

A diferença entre o conceito variegado de Feminismo e deturpado ou relativizado ou mesmo ridicularizado por homens e até mulheres, ao longo de décadas, e a ideia mais recente, mas também mais profunda do Princípio Feminino, é enorme, pois enquanto de forma geral o feminismo é a luta da mulher e a afirmação dos seus direitos face a uma realidade socia-económica e política, de princípio antagónica à mulher e que a explora e abusa há séculos, o Princípio Feminino tem uma dimensão ontológica indo á raiz do Conhecimento lendo na essência e não na forma ou aparência das coisas. Trata-se de ter conhecimento de uma realidade profunda e de proporções cósmico-telúricas, avaliando a Mulher em si mesma e a sua essência, a Mulher integral, aquela que procura unir as duas mulheres cindidas pelo mito bíblico que as divide ainda em “santa e puta”, anulando-a como Princípio ou Pólo Complementar do Princípio Masculino. Princípio activo e princípio passivo, o Yang Yin das cosmogonias orientais e que representam a dinâmica dos seus dois aspectos, o princípio e fundamento da manifestação da matéria - nascimento dos mundos - e a dualidade da vida que se expressa no SER HUMANO em dois sexos compondo-se exteriormente de duas “metades” complementares (o que acontece também ao nível interior de cada uma das partes e portanto expresso tanto fora como dentro do indivíduo), tendo como meta existencial o sentido da consumação dos mesmos princípios. Na união dos dois em Um, macho-fêmea, integração dos dois pólos em si mesmo e que dá a totalidade do SER, está a completude do indivíduo, a Obra por excelência, ou no casamento alquímico, homem e mulher, conforme foram concebidos na encarnação, com papéis diferentes cabendo à mulher iniciar o homem no amor assim como conceber o filho, fruto dessa fusão.

Porque a Génese foi alterada e pervertida pelos sacerdotes-guerreiros fundadores de religiões patriarcais,
para seu interesse e em detrimento da Deusa-Mãe a Mulher foi paulatinamente relegada para um quadro de despromoção contínua no aspecto social-económico ao longo dos séculos nas sociedades antigas, desde há milénios, tendo sido principalmente adulterado o papel de iniciadora do amor da mulher livre para o de prostituta e á da mulher casada como “objecto” de venda e compra das mulheres legitimada pelas suas leis, ao de esposa e mãe, criando uma dicotomia ou cisão na própria Mulher em si, de consequências psicológicas graves com fracturação do seu SER e que a fere de morte no seu potencial cósmico e função iniciador como mediadora das forças cósmico-telúricas, relegando-a para patamares de subserviência , atribuindo-lhe um lugar secundário a todos os níveis da sociedade e do conhecimento. A mulher não só perdeu o seu Dom inato, como deixou de Ter acesso ao Conhecimento intrínseco do feminino em essência que corresponde à voz do útero, voz mediúnica de sacerdotisa curadora ou maga, Mãe da Humanidade, herdeira de uma autoridade que é compaixão e sentido de Justiça inato. A Mulher é a responsável pela manifestação mas foi condenada ao descrédito pelas sociedades patriarcais que são por sua vez responsáveis pelo caos do Mundo ainda hoje.

Ser feminista já não basta. É preciso Ter uma Consciência Superior enquanto ser iniciado por natureza e que reconquista a sua verdadeira dimensão. Só assim a mulher será Mulher e o Homem será salvo do abismo da separabilidade e caos de um só princípio reinante devastador, a civilização da Espada, o masculino que exclui de si e da sua vida o Feminino ou a civilização do Cálice.

O que foi A CIVILIZAÇÃO DO CÁLICE

"A humanidade experimentou até ao presente dois tipos de civilização, a civilização do cálice e a civilização da espada (...)
A civilização do cálice representa os cerca de dezassei mil anos da pré-história em que a noção de deus era feminina. Esses tempos da Grande Deusa mãe são ainda muito desconhecidos (...), todavia as provas arqueológicas abundam."
...
Não obstante, ainda nos ficou alguma coisa: primeiramente, a famosa procura do Graal, tentativa desesperada para obter o cálice e a espada, busca apaixonada do cálice pelo homem; depois o misterioso jogo de cartas (les tarots) para adivinhar o futuro, onde duas civilizações do cálice e da espada se prolongam através de duas outras, que virão depois; finalmente e sobretudo, o testemunho que as representações femininas do Paleólitico Superior nos trazem, antes da inversão da polaridade que fez passar a humanidade da idade do ouro à idade do ferro"(...)*

Não se trata pois de mais uma vez reivindicar direitos ou lugares na sociedade e na política ou na literatura, mas erguer uma Estrutura Humana inteira a que corresponde uma Nova Consciência do Ser Mulher neste tempo, mas que lhe pertence deste os mais tempos remotos, aspectos que deverão ser consciencializados para voltar a restabelecer o equilíbrio do Mundo. É preciso unir os dois princípios e salvar o Planeta.

REPUBLICANDO...

rosaleonorpedro

* Jean Markale . A GRANDE DEUSA

1 comentário:

Ná M. disse...

Nunca bastou querida Rosa!!!! Lembra da Tpm? as dores no parto ? o coração partido ? nós não temos nem idéia do sofrimento q passaram nossas antepassadas.