O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, maio 31, 2016

O PENDULO PENDE SÓ PARA UM LADO...



RESPOSTA  A UMA LEITORA


(...) "Salta-me a pergunta: afinal qual é a outra linguagem sem ser a do patriarcado? E se falarmos em linguagem do matriarcado, qual é essa linguagem? Será também ela do patriarcado? Qual é a linguagem do ser humano? Esta linguagem está sempre relacionada com o nosso foco de vida, com os nossos valores. Parece-me que as dores que carregamos, mesmo sem consciência delas, pode promover mais a cisão em muitos aspetos. E posso estar a expressar-me assim dada a minha nacionalidade, a família onde cresci e os valores que tenho até ao momento." A. C.


A linguagem do Ser Humano à partida está toda ela contida na palavra Homem. Portanto e sem sombras de duvidas toda a linguagem é masculina em género e prefere o seu (dele) discurso e elege o Homem em todos os sentidos, remetendo a mulher a um apêndice do homem em todas as formas socias e expressões de conhecimento, usando-a como quase uma figura de estilo. Isto foi assim durante séculos e embora muita coisa tenha mudado na aparência, e até na lei, a fórmula do discurso e os valores são atribuídos sempre ao masculino. Como mulheres e falando para mulheres toda a narrativa surge no masculino de acordo com a gramática...assim, eu digo falando de mim devo dizer no masculino -" todos nós sabemos que a vida...etc. " quando se dissesse ToDAS nós subentendido mulheres os homens se sentiriam excluídos mas nós podemos dizer TODOS nós e temos que estar incluídas...
É sempre a experiência do homem e do masculino que se sobrepõe por regras gramaticais, e essa linguagem masculina é que está explicita ou implícita no discurso como em tudo, tendo o homem como causa e é essa a fórmula ministrada nos livros de ensino seja da filosofia seja da ciência seja da psicologia seja de teologia. A experiência e vivencia da Mulher como ser humano está toda resumida e delimitada ao lar e aos filhos, ao ser esposa e mãe...e portanto é aglutinada ao homem.  Mesmo que seja médica e enfermeira ou deputada! A mulher só aparece na estrutura da língua e da expressão literária enquanto acréscimo do homem - todo o enredo é o a sua dependência - e isto em todos os sentidos e de facto nem as feministas contrariaram isto...continuaram com o mesmo discurso, o da igualdade com o Homem...serem homens ou como os homens. Em relação ainda ao discurso houve uma ou outra feministas mais radicalista que mudou a linguagem toda para o feminino etc. e isso também não serve para o ser humano porque não é inclusiva...
Portanto nós todas falamos uma linguagem patriarcal. E lidamos com o conceito masculino até do que é ser mulher...mãe e filha etc...Só agora as mulheres começam a ter uma entidade própria e a recorrer à sua experiência de ser mulher - EM BUSCA DE SI - mas ainda divididas dentro; a cisão faz a divisão e isso faz com que pensemos ainda as duas mulheres como opostas e fora de nós mas com direitos iguais...só que opostas...assim quer-se legalizar a prostituição, como um direito...e pode-se ser livre e não casar e ser mãe solteira e até "barriga de aluguer" - podíamos dizer as "mães prostituas" - já não só dão prazer aos homens, as putas (agora acompanhantes de luxo e universitárias) como vão dar filhos ao casal estéril...
A sociedade patriarcal está a aproveitar-se muito bem desta pseudo liberdade da mulher, desta falsa emancipação para as continuar a usar e manter divididas entre a legal e a ilegal - assim e no seu benefício vão legalizando tudo...e o mundo está nesta transição caótica para um novo paradigma em que creio sejam as Mulheres conscientes a poder fazer a diferença. E isso começa na linguagem, mas para haver uma linguagem diferente tem de haver uma Consciência diferente do que é SER MULHER primeiro, depois talvez possamos trabalhar o SER HUMANO ...porque ainda não há seres humanos...há os filhos do Pai e os filhos da puta...e enquanto a mulher não abolir esta divisão dentro de si e não aceitar mais que haja a tal prostituta vai tudo continuar na mesa e só mudam os nomes. A mulher tem de ser una porque nada da mulher se vende, porque nela tudo é dom e dádiva, quando a Mulher é ciente de si...Ciente, sabedora de si e completa, uma só Mulher nem santa nem puta, apenas uma MULHER SUBLIME, mágica, apaixonante, vibrante e sensual, cuja beleza transcende a ideia e a imagem estereotipada que os homens forçam a mulher a ter...porque é algo inato e que vem de dentro.
Vamos continuando a ser...mulheres em busca de si...
rlp

Sem comentários: