O ÓDIO AO QUE HÁ DE MAIS FEMININO...
“As mulheres encarnam o desejo sem limites, e os homens temem não poder satisfazê-las. Aos olhos deles, o feminino das mulheres surge como uma reprovação potencial, desencadeia um processo de castração contra o qual os homens se rebelam. Eles não toleram as mulheres senão quando já mataram o que há de feminino nelas e as reduziram a seu status de esposa e mãe.
Nesses dois estados, a sexualidade feminina deixa de ser perigosa: confinadas... à casa, pertencentes a um macho, reduzidas a assegurar a educação das crianças no lar, com uma jornada dupla de trabalho, elas não têm mais tempo ou oportunidade de ter desejo imperioso. São essas angústias de castração sublimadas que geram a codificação religiosa. E o monoteísmo é insuperável no ódio ao que há de feminino na mulher e na celebração da virgem ou da esposa que gera filhos”
- Michel Onfray, um popular filósofo francês, vê nas religiões monoteístas um entrave à ciência, à ética e à política -
OS LIMITES DO SEXO? OU OS LIMITES DA INSANIDADE?
Estava a refletir sobre a falsa imagem da mulher sobrevalorizada pelo sexo num excesso e demência dos sentidos, exacerbados por uma especulação cultural e libertina de fim (princípio) de século que dá a imagem da mulher super-sex e capaz de engolir trinta machos por dia e como a própria mulher se expõe e dispõe a esse papel degradante na sua pele, quer nos filmes pornográficos onde a mecanização e a aviltação se misturam no mais gratuito dos intuitos ou na mais abjecta das prostituições do corpo corrompendo as leis do desejo natural e a beleza da intimidade gerada no amor, quer nos filmes ditos de qualidade em que a promiscuidade visual apesar de mais cuidada é igualmente abjecta. E chamar amor a essa adição ou alienação do ser, homem ou mulher, em função de um acto primário e básico que só o amor transforma, é pura violência psíquica e emocional para quem porventura se sujeita a ler ou ver a expressão da maior aviltação do ser humano no ecran ou na "literatura"...
Chamar arte ou poesia à pornografia, chamar liberdade à insanidade e à promiscuidade, amor a um mecanismo igual ao dos animais, (estes bastante mais naturais!) expandi-los para os outros de forma ostensiva não passa de aberração e falta de dimensão verdadeiramente humana, ou falta de consciência (ou experiência) do verdadeiro prazer...
A mulher que o cinema e a moda projecta, mesmo no cinema de elite, não passa de um instrumento usado para instintos e intuitos os mais baixos e puramente comerciais; a mulher serve exclusivamente a imagem que o realizador ou o estilista projecta dela, o seu imaginário do feminino, a sua ficção da mulher. E o mais grave é que é a partir desse imaginário redutor e deturpado do homem que ficciona a mulher dos seus sonhos ou dos seus pesadelos, que a mulher comum vive, traindo a sua verdadeira natureza! E não se importa de ser ninfomaníaca, prostituta, sedutora, mulher fatal e submeter-se a toda a espécie de cenas degradantes para ser estrela e ganhar o Óscar... O "cinema" impôs (ou revela) uma sexualidade à mulher que não é a dela!
Que o homem use a mulher como sempre o fez e a faça fazer os papéis que ele quer ou sonha, que seja seu agente ou gigolô eu estou habituada, mas que seja a própria mulher a por na sua boca e no seu estilo o imaginário masculino isso a mim custa-me.
Custa-me que a mulher aceite a degradação do seu ser, que desconheça a sua essência e ache normal haver prostituição...e travestis!
Que a amante seja a puta e que a esposa seja fiel...senão matam-na à facada e à pedrada!
E todos os dias as mulheres na rua na sociedade na telenovela e óbviamente no cinema seja inimiga da "outra" e a destrua é uma luta antiga e estúpida de um Mundo fracturado em duas metades em que o homem é o dono e senhor há séculos. Que as mulheres perpetuem esse estado de coisas é que me indigna. Que não tenham consciência da sua divisão interna e externa e vivam coladas a ídolos do cinema (do grego: "figuração de uma falsa divindade") deixa-me perplexa e assustada.
R.L.P.
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