O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, agosto 12, 2016

Como você se relaciona com o sagrado feminino?



Sobre o Feminino, por Sri Prem Baba,
Satsang India 30/01/09 “

- "Amado mestre, ontem eu tive uma experiência muito forte, confrontei minha mãe, meu ódio, por vários motivos.”

Você quer saber mesmo como está uma nação, observe a relação dela com a mãe. Vamos traduzir mãe como o feminino. Como você se relaciona com o sagrado feminino? Você homem, você mulher. O sagrado feminino que se manifesta de muitas maneiras, como a sua mãe que te deu a vida, como as mulheres em geral, com seu próprio corpo físico que é também uma manifestação da mãe divina, a própria natureza e todas as suas manifestações e tantas outras formas, cito apenas os mais óbvios.
Você pode honrar o sagrado feminino? Você pode sinceramente reverenciar o sagrado feminino? Você pode considerar o feminino sagrado?
O descaso com o seu corpo físico é o mesmo descaso com a natureza porque seu corpo é uma representação dela. Os rios são as veias e assim por diante. O oceano é o seu coração. O que você tem colocado pra dentro do seu corpo? O que você tem colocado nos rios do seu corpo? Plástico, metal, químicas diversas. É interessante que possamos refletir sobre este processo destrutivo que embora muitas vezes possamos considerá-lo como ilusório, está nos destruindo. É ilusório, mas você continua identificado com ele e você reage a partir dele. Você está identificado com o ódio e age a partir do ódio. Me parece que, o que realmente é nocivo, é a sua inconsciência em relação a esta identificação. O que é nocivo mesmo é a ignorância que faz com que você não admita a responsabilidade por esta destrutividade.
Ignorância é um véu que cobre a visão. Não se pode forçar um indivíduo a ser sábio. Isso é um processo. A entidade vai se iluminando pouco a pouco até que ela começa a se conscientizar das suas identificações. Até que ela possa tomar consciência que ela está identificada com o ódio e tudo que nasce dessa identificação causa destruição.
É importante que possamos tomar algumas atitudes bem práticas em relação ao consumo irresponsável e a produção de lixo tóxico; o gasto irresponsável dos recursos de energia naturais. Que possamos tomar atitudes concretas para mudar este paradigma no seu dia a dia. Na sua casa, na sua empresa, no seu grupo social. Tudo bem, procure estancar o efeito e curar o sintoma, mas ao mesmo tempo veja aonde você está desrespeitando o feminino. Aonde você desonra e agride o feminino, onde que você maltrata, onde que você quer ter poder, onde você quer fazer o feminino seu escravo. Somente repetindo um padrão condicionado que já existe há milênios.
Precisamos compreender um pouco da história dos princípios, o masculino e o feminino.
Até um certo estágio de desenvolvimento, estes dois princípios se movem separadamente e se juntam para criar. Quando o masculino e o feminino se juntam é para dar a luz a algo. É um processo criativo que só é possível a partir desta união. Então o masculino é a força ativa, a força de ação e o feminino é a receptividade, a passividade, a aceitação. Uma semente é plantada e este é o principio masculino e o tempo para a semente florescer é o feminino. Estes princípios operam em toda a natureza e estão ocorrendo dentro de você a todo o instante e criando tudo que existe.
Estes princípios se materializam também nos corpos, o feminino e o masculino, embora o corpo feminino e o masculino, internamente, manifestam os dois princípios. O ser humano tem feito um mau uso destes princípios. Por exemplo, ainda na época primitiva, a supremacia física do corpo masculino sobre o feminino fez com que ele tiranizasse muito o feminino. Estou apenas falando da força física em relação ao feminino. Isso gerou um condicionamento que prevalece até hoje. A mulher neste planeta já foi muito abusada. Ela foi cruelmente torturada e claro que ela é co-responsável por isso porque ela acabou também se valendo desta situação para tentar exercer poder sobre o homem, se tornando dependente. O homem quer que você seja dependente porque ele quer exercer sua tirania sobre você e em algum momento a mulher começou a gostar de ser dependente do homem.
Então o princípio cósmico da receptividade, da passividade se transformou em submissão. E o princípio ativador se transformou em violência. É justamente esta distorção operando no psiquismo que impede que a criação seja positiva. Não é o masculino positivo com o feminino positivo que estão se encontrando para criar, mas é o masculino distorcido com o feminino distorcido que só geram destruição. Este condicionamento vem se repetindo nas eras. O homem vem criando estratégias para dominar a mulher – isso em todos os planos, no físico, emocional, mental – e a mulher vai desenvolvendo maneiras de valorizar seu corpo, seu produto, para poder ser uma dependente bem paga. Isto está instalado no seu programa. Isso se repete sem que você perceba, com raras exceções. Aqui, a grande maioria são exceções, são mulheres que estou trabalhando pela independência e homens que estão trabalhando para aceitar a sua fragilidade. O que distorce o princípio masculino? É justamente a negação da sua fragilidade.
Então, quando você me fala que você confrontou sua mãe e percebeu o ódio que existe no seu silêncio, eu sinto que você começou a achar o caminho para transformar esta destrutividade. Racionalmente você tem motivos, ela te invadia, ela pegava suas coisas, ela abusou você de várias maneiras, mas entenda que isso são apenas reedições. Este desamor da mãe é uma reedição. A humanidade de uma forma geral se move a partir de um pacto de vingança. Ela age também a partir do feminino distorcido. E uma das estratégias do feminino distorcido é usar o papel da mãe porque isso dá poder e gera muita destrutividade. A principal destrutividade é a separação entre ela e o filho, o que faz com que você queira se vingar dela. Permita-se ir fundo neste ódio da mãe, este ódio do feminino.
E se você vai fundo no seu psiquismo você vai perceber que ainda há um ódio contra a sua mãe biológica, aquela que te trouxe ao mundo. Eu quero que você olhe para a sua mãe. Eu pergunto: como você está com sua mãe? Você responde: “Normal”. O que é isso? Você não sente nada. Na verdade você é indiferente. Indiferença é raiva. O amor flui? A gratidão flui? Você pode olhar para ela e agradecer? Você pode reverenciá-la como uma manifestação divina.
Pode acontecer de você amar outras manifestações do feminino até você corrigir esta mágoa que você tem com sua mãe. Mas ainda sim este amor não é puro porque ainda tem máscara, ainda é barganha. Você faz porque é bonito fazer porque você quer alguma coisa em troca. Não é que está brotando do coração, não é o amor em movimento.
Você me pede que eu fale a respeito da mulher.
A principal força da mulher é a aceitação. Confiança, esta é o principal poder da mulher, mas que está distorcido porque se manifesta como dependência, como submissão e manipulação. Claro, porque ela se coloca neste papel de vítima para manipular. Então ela encontra um homem tem o masculino distorcido que adore manipular e o jogo continua. Enquanto você tem este ódio no seu sistema, inevitavelmente você vai sentir uma tremenda atração por comida tamásica. Você vai sentir vontade de se entupir de química, de comida morta, que alimenta este amortecimento para você não sentir suas emoções. Porque é perigoso sentir. Porque se você se descongela, “desamortece,” você pode sentir muito ódio. Pode sentir amor também, que não é uma ameaça tão diferente.
A comida tamásica gera mais lixo que vai entupindo todo o seu sistema, dentro e fora. E nós chegamos num ponto em que não há o que fazer com tanto lixo. Este é um dos problemas que temos que cuidar lá fora. Esta crise econômica que está acontecendo hoje no mundo é o início de um processo de cura planetário para que você possa então se libertar desta distorção, deste medo, deste profundo ódio e possa se mover a partir da confiança e do amor. No mais profundo, é a cura da sua relação com a sua mãe. é você aprender a reverenciá-la novamente. Aprender a enxergar o ser divino nela, independentemente das mazelas da personalidade. É isso que vai fazer com que você consiga ver que o planeta Terra é uma manifestação da mãe e é um planeta vivo, ele é um ser.
Então, quando você acorda de manhã e você põe os pés na Terra, você deveria fazer isso com reverência porque você está tocando este ser que está recebendo você. Cada pedaço do planeta é uma parte da mãe que está também realizando seu Dharma e também manifestando seu Karma.
Aqui neste pedaço da Índia fica mais fácil para você reconhecer estas verdades. Isto tem haver com os dons e presentes que a Terra trouxe para você. Isso é parte do Dharma desta Terra. Acordar você, abrir seu coração, purificar seu corpo, lembrar da sua divindade.
Tem gente que não sente nada e acha que ama a mãe. E há aquele que acha que ama, mas está sufocando a criatura com tanta atenção, acreditando que isso é amor. Não percebe que isso é uma distorção do feminino porque é dependente do outro, escravizando o outro com seu excesso de cuidado. Por trás disso tem muito ódio.
Aqui nós rezamos o sankalpa de Sachcha Baba, mas muitos estão longe de realizar, outros estão perto, outros estão realizando. Mas é importante ter esta meta bem viva para se lembrar dela.
O feminino é poder espiritual, é Maha Shakti, o poder da Mãe Divina.
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Nem sempre ouço os Mestres, quando falam do Feminino, mas há excepções...
rlp

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