SOBRE A VIOLÊNCIA NO CASAL, ao traduzir este texto coloquei o discurso de acordo com os papéis. para mim, embora a mulher possa ser também uma narcisista e dominar o homem em certos casos, o facto é que o DOMINADOR social e psicológico dentro do Sistema Patriarcal é sempre o Homem pela sua força e preponderância como cabeça do casal e o provedor do lar, o dono da casa e o senhor da mulher - a psicanálise e a psicologia em geral omitiram estes aspectos do domínio secular do homem sobre a mulher (quase sempre vitima de submissão e anulação) e pretendeu dar uma igualdade de géneros que nunca existiu até hoje de facto...Sabemos hoje que a violência sempre perversa dentro de casa e entre o casal pelo domínio do homem no casamento era próprio da relação-contrato e sempre foram a sua expressão "natural". Neste aspecto a psicanálise e mesmo a psicologia das profundidades perderam muito na sua análise por branquearem e ignorarem a Mulher como vitima endémica do Sistema patriarcal e aceitarem isso como normal...
A violência perversa no casal
"Muitas vezes se recusa ou se desvaloriza a violência perversa no casal, e reduz-se a uma mera relação de dominação. Uma das simplificações da psicanálise consiste em fazer da vítima o cúmplice ou mesmo o responsável pelo intercâmbio perverso. Isto é negar a dimensão da influência, ou o domínio, que paralisa e que o impede de se defender, e equivale a negar a violência dos ataques e a gravidade do impacto psicológico do assédio que se exerce sobre ela. As agressões são subtis, não deixam um rasto tangível e as testemunhas tendem a interpretá-las como simples aspectos de uma relação conflituosa ou apaixonada entre duas pessoas de carácter, quando, na verdade, constituem uma tentativa violenta e por vezes bem sucedida, de destruição moral e mesmo Física...
No casal, o movimento perverso se inicia quando o movimento afetivo começa a faltar, ou quando existe uma proximidade muito grande em relação ao objecto amado.
Uma proximidade excessiva pode dar medo. Por esta razão, o mais íntimo é o que se vai converter no objeto da maior violência. Um indivíduo narcisista impõe o seu domínio para manter o outro, mas também tem medo que o outro se aproxime demais e o invada. Pretende, portanto, manter o outro numa relação de dependência, ou mesmo de propriedade, para provar a si mesmo a sua omnipotência. A vítima, imersa na dúvida e na culpa não pode reagir.
A mensagem não confessada é "Não te quero", mas se esconde para que o outro não se vá. Deste modo, a mensagem actua de forma indireta. O outro deve permanecer para ser frustrado permanentemente. Ao mesmo tempo, há que evitar que pense para que não tome consciência do processo...
O domínio se estabelece num indivíduo narcisista que pretende paralisar a parceira colocando-a em uma posição de confusão e de incerteza. Isto livra-o de comprometer-se num relacionamento que dá medo. Por meio deste processo, mantém o seu parceiro à distância, dentro de limites que não lhe pareçam perigosos. Não quer que a sua parceiro o invada, mas fá-la sofrer o que ele mesmo não quer sofrer, afogando e a mantê-la "à sua disposição". Se um casal quer funcionar normalmente, deveria prever um reforço narcisista mútuo, embora existam elementos pontuais de domínio . Pode acontecer que um se tente "desligar" do outro, a fim de estar muito seguro porque assim fica numa posição dominante na relação. Mas um casal conduzido por um perverso narcisista constitui uma associação letal: a difamação e os ataques subterrâneos são sistemáticos.
Este processo só é possível graças à excessiva tolerância da pessoa agredida. Os psicanalistas interpretam frequentemente que esta tolerância está relacionada com os lucros inconscientes, essencialmente masoquistas, que a vítima pode obter da relação. Não obstante, veremos que esta interpretação é parcial, pois algumas dessas pessoas não manifestaram nunca tendências autopunitivas antes nem as manifestam mais tarde; também é perigosa, pois, ao reforçar a culpa da vítima, não a ajuda de nenhum modo a encontrar os meios para sair dessa situação embaraçosa.
Na maioria dos casos, a origem da tolerância se encontra numa lealdade familiar que consiste, por exemplo, em reproduzir o que um dos pais viveu, ou aceitar um papel de pessoa reparadora do narcisismo do outro, uma espécie De missão que um deve se sacrificar."
Marie-France Hirigoyen
"O assédio moral. O abuso psicológico na vida cotidiana " (CAPÍTULO 1)
"Muitas vezes se recusa ou se desvaloriza a violência perversa no casal, e reduz-se a uma mera relação de dominação. Uma das simplificações da psicanálise consiste em fazer da vítima o cúmplice ou mesmo o responsável pelo intercâmbio perverso. Isto é negar a dimensão da influência, ou o domínio, que paralisa e que o impede de se defender, e equivale a negar a violência dos ataques e a gravidade do impacto psicológico do assédio que se exerce sobre ela. As agressões são subtis, não deixam um rasto tangível e as testemunhas tendem a interpretá-las como simples aspectos de uma relação conflituosa ou apaixonada entre duas pessoas de carácter, quando, na verdade, constituem uma tentativa violenta e por vezes bem sucedida, de destruição moral e mesmo Física...
No casal, o movimento perverso se inicia quando o movimento afetivo começa a faltar, ou quando existe uma proximidade muito grande em relação ao objecto amado.
Uma proximidade excessiva pode dar medo. Por esta razão, o mais íntimo é o que se vai converter no objeto da maior violência. Um indivíduo narcisista impõe o seu domínio para manter o outro, mas também tem medo que o outro se aproxime demais e o invada. Pretende, portanto, manter o outro numa relação de dependência, ou mesmo de propriedade, para provar a si mesmo a sua omnipotência. A vítima, imersa na dúvida e na culpa não pode reagir.
A mensagem não confessada é "Não te quero", mas se esconde para que o outro não se vá. Deste modo, a mensagem actua de forma indireta. O outro deve permanecer para ser frustrado permanentemente. Ao mesmo tempo, há que evitar que pense para que não tome consciência do processo...
O domínio se estabelece num indivíduo narcisista que pretende paralisar a parceira colocando-a em uma posição de confusão e de incerteza. Isto livra-o de comprometer-se num relacionamento que dá medo. Por meio deste processo, mantém o seu parceiro à distância, dentro de limites que não lhe pareçam perigosos. Não quer que a sua parceiro o invada, mas fá-la sofrer o que ele mesmo não quer sofrer, afogando e a mantê-la "à sua disposição". Se um casal quer funcionar normalmente, deveria prever um reforço narcisista mútuo, embora existam elementos pontuais de domínio . Pode acontecer que um se tente "desligar" do outro, a fim de estar muito seguro porque assim fica numa posição dominante na relação. Mas um casal conduzido por um perverso narcisista constitui uma associação letal: a difamação e os ataques subterrâneos são sistemáticos.
Este processo só é possível graças à excessiva tolerância da pessoa agredida. Os psicanalistas interpretam frequentemente que esta tolerância está relacionada com os lucros inconscientes, essencialmente masoquistas, que a vítima pode obter da relação. Não obstante, veremos que esta interpretação é parcial, pois algumas dessas pessoas não manifestaram nunca tendências autopunitivas antes nem as manifestam mais tarde; também é perigosa, pois, ao reforçar a culpa da vítima, não a ajuda de nenhum modo a encontrar os meios para sair dessa situação embaraçosa.
Na maioria dos casos, a origem da tolerância se encontra numa lealdade familiar que consiste, por exemplo, em reproduzir o que um dos pais viveu, ou aceitar um papel de pessoa reparadora do narcisismo do outro, uma espécie De missão que um deve se sacrificar."
Marie-France Hirigoyen
"O assédio moral. O abuso psicológico na vida cotidiana " (CAPÍTULO 1)
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