UM BELO TRECHO QUE RESSALTA
COMO A MULHER SENTE "A OUTRA"
"Desvios, subterfúgios, como sempre que o seu nome surge: Polixena. Ela era a outra. Era o que eu não podia ser. Tinha tudo o que a mim faltava. É certo que as pessoas diziam que eu era "bonita", eu sei, mesmo a "mais bela", mas f...icavam sérias quando o diziam. Quando ela passava toda a gente sorria, o primeiro sacerdote e o último escravo e a mais ignorante das moças da cozinha. Procuro uma palavra para a sua maneira de se apresentar, não consigo resistir, ultrapassa-me a minha convicção de que uma expressão feliz, palavras, portanto, consolidam todos os fenómenos, todos os acontecimentos, e por vezes podem mesmo solicitá-los. Mas no seu caso não resulta. Ela era composta de diferentes elementos, encanto, doçura e firmeza, mesmo dureza, na sua natureza existia uma contradição que tinha um efeito excitante, mas também tocante, que se desejava tocar, proteger ou arrancar dela, nem que para isso ela própria tivesse que ser destruída.(...)"
em Cassandra, de Christa Wolf
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