O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sábado, agosto 27, 2016

OS VICIOS...e as dores...


BEM ME QUER MAL ME QUER...

A MULHERES ABUSADAS - SEJA PSICOLÓGICA SEJA FISICAMENTE...


"Frequentemente, as mulheres usam álcool e outras drogas para lidar com a dor e o desapontamento de relações infelizes ou abusivas com estes homens. Médicos têm dado tranqüilizantes a milhões de mulheres para ajudá-las a lidar com casamentos que deveriam ter se dissolvido. Inumeráveis mulheres espancadas bebem ou fumam em uma equivocada tentativa de lidar com seu desespero e terror. Muitas outras mulheres usam comida, álcool ou cigarros para entorpecer os sentimentos de solidão que destroem suas almas em relacionamentos com homens que nunca aprenderam a ter intimidade, a se conectar profundamente com outro ser humano (o que, certamente, não quer dizer que todas as mulheres saibam ter intimidade, mas a maioria delas foi socializada para valorizar a intimidade e para se culpar se ela está ausente em seus relacionamentos).

Em seu estudo de mulheres fumantes, a pesquisadora canadense Lorraine Greaves descobriu que algumas mulheres vêem seus cigarros como parceiros passivos e reconfortantes. Elas gostam de como seus cigarros estão sob seu controle, que elas podem tê-los sempre que elas os queiram. Greaves descobriu que isto é particularmente verdadeiro para mulheres que sofreram abuso. Há tão pouca segurança e previsibilidade em suas vidas que a constância de seus cigarros torna-se muito importante. Naturalmente, a ironia é que o cigarro acaba controlando a fumante. E que a maior parte dos vícios torna quase impossível, para as mulheres, deixar relações abusivas e mais difícil resolver os traumas da infância. Somente na convalescença podemos acertar contas com o abuso e fazer conexões que curam em vez de ferir.

“Bem me quer, mal me quer”, diz uma publicidade mostrando uma margarida e um maço de cigarros. “Mas uma coisa é certa. Carlton tem os mais baixos teores.” Você não pode confiar nos homens, mas você pode confiar em seus cigarros. Enquanto isso, uma publicidade dos cigarros Briones mostra um homem em uma sacada fumando um charuto enquanto uma mulher enfurecida bem abaixo olha para ele. O texto diz: “Ele não argumenta. Ele não responde. Ele não tem opinião.” Parece que a mulher precisa de um cigarro.

“Até que eu encontre um homem de verdade, eu aceitarei um cigarro de verdade”, declara uma mulher com aparência de durona em uma publicidade de cigarro. À primeira vista, isto parece ser sobre sexo, naturalmente – o homem de verdade sendo o garanhão, aquele que está no controle. Uma outra forma de ler a situação, entretanto, é pensar o homem de verdade como aquele que é gentil, protetor e carinhoso. A mulher que nunca aprendeu a pensar nos homens deste modo, que apenas foi explorada pelos homens, de fato, estará propensa a aceitar um cigarro ou uma bebida no lugar dele. Ela também estará propensa a desenvolver uma aparência de dureza para se auto-proteger. Nem tudo que os publicitários fazem é intencional, mas eles de fato sabem o que estão fazendo quando eles oferecem cigarros – álcool e comida – para as mulheres como um meio de lidar com a raiva e o desapontamento nos relacionamentos.

Os vícios podem também ser vistos como uma tentativa de manter a conexão diante de uma freqüente e violenta desconexão. Não buscamos álcool, cigarros e comida simplesmente para anestesiar a dor, mas também na tentativa de manter algum tipo de relacionamento, mesmo se este é um relacionamento com a própria coisa que vai nos destruir (um padrão familiar para aqueles que foram abusados quando crianças). Como diz a analista junguiana Marian Woodman: “um vício reencena uma relação traumatizada com o corpo”.

Não nos tornamos viciados porque somos autodestrutivos. E não desenvolvemos problemas alimentares por somos fúteis ou obcecados com nossa aparência. A maior parte dos vícios começa como estratégia de sobrevivência – estratégias lógicas, criativas e mesmo brilhantes. No começo, estamos tentando nos poupar, possibilitar continuar vivendo apesar de tudo o que sabemos (mesmo que apenas inconscientemente). No começo, o álcool, outras drogas e substâncias fazem com que nos sintamos bem. No final, o vício apenas aprofunda nosso desespero e nossa vergonha. Quando isto acontece, no entanto, estamos muito fundo na negação para admitirmos."


NOTA: tirei este excerto de um artigo lido algures, mas ao copiá-lo perdi o contacto com o nome do autor e do sitio do qual o tirei - um longo artigo. Se alguém que o ler o identificar peço o favor de me referencia a fonte. Lamento imenso o facto, mas achei que o tema e o que se diz de importante aqui é mais importante do que deixá-lo por publicar por não encontrar o nome do autor. Por isso peço desde já desculpa ao autor...


rlp

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