O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, dezembro 12, 2017

QUE MULHER SOMOS



ACABEI DE ENCONTRAR ESTE TEXTO (PARCIALMENTE) PUBLICADO POR UMA AMIGA...e achei oportuno publicar de novo hoje aqui entre nós...

...A mulher que hoje conhecemos é uma mulher doente...que sofre todo o tipo de doenças porque não se conhece nem sabe qual a sua verdadeira identidade...ela não se revê senão como  mãe ou como  filha, como amante ou como esposa, mas nunca como indivíduo em si, uma mulher que só por si tem valor. Não. Ela só vive em função de outros. Não sabe nem consegue viver por si mesma...

A mulher que não consciencializa e não repara - cura -  a sua grande ferida interior como mulher e tudo o que sofre do que  lhe é infligido nesta sociedade falocrática que a aprisionou em conceitos redutores sobre si mesma e a impediu de aceder à sua natureza intrínseca, ela  nunca poderá reunir as partes de si que a  religião separou em muitos estereótipos, mas basicamente como digo sempre entre a "santa e a puta". Ela pode até bem relacionar-se com todas essas facetas ou com as faces da deusa na mulher e buscar qual a deusa que lhe corresponde, a deusa Afrodite, sobretudo, que buscam aqui e ali, ou as deusas dos muitos altares e mundos, a deusa de todos os tempos, a Grande Mãe, cuja representação sofreu grande alteração e deformação da deidade feminina e do seu princípio, assim como todas as deusas ou a única deusa em muitos lugares transformadas em santas pelo catolicismo e que na nossa época acabam por corresponder apenas à fragmentação da mulher e da deusa que  vem desde há seculos e foi  feita ao longo de centenas ou milhares de anos após a dominação patriarcal...
Assim também  me parece um erro pensar que ao nos tornamos sacerdotisas da deusa e do amor através de rituais e práticas esporádicas, encontros de mulheres, usando magias e feitiços, baseando-nos nesses fragmentos que restam da Grande Deusa e de ideias absurdas adoptadas aqui e ali de outras práticas antigas, sem se ser uma mulher consciente dessa divisão e inteira primeiro, sem se SER a Mulher integral, a mulher consciente do seu ser global, de muito pouco serve todas essas praticas por mais bem intencionadas que sejam...
Para mim isso é continuar a enganarmo-nos e a sermos apenas pedaços de nós mesmas, como é sermos muito brilhantes talvez aqui ou ali...fantásticas na cama, ou no palco, boas mães ou excelentes amantes e claro podemos ser especialistas em medicina e engenheiras e de grande capacidade no trabalho, sermos deputadas  e ministras, como podemos continuar a ser boas cozinheiras ou boas dançarinas professoras ou enfermeiras...Mas sempre fragmentadas. Sempre umas contra as outras...em competição ou em adulação...
Sim fala-se tanto e escreve-se hoje sobre as Deusas ...mas nenhuma mulher será Deusa sem SER essa Mulher por inteiro primeiro.

Meu Deus...será que  estamos a procura de uma Deusa em substituição de um Deus...?

Não creio que possamos estar a colocar as qualidades de deus na deusa ...e a trocar uma coisa pela outra...à procura de uma religião ou de uma fé, um Dogma. Nem creio no sentido católico, de a mulher se integrar na Igreja que a condenou ao pecado; não adianta estarmos a querer ser deusas à sua imagem e semelhança como uma "deusa" no céu...ou num altar ... e rezar-lhe a pedir favores humanos...

Outra coisa que eu vejo é como agora as mulheres que dizem seguir a deusa é se que desviam delas mesmas, da sua realidade concreta, a nível emocional e psicológico e social assim como de uma consciência ontológica, aprofundada, como fogem do seu conhecimento interior intuitivo, não querendo ir ao fundo de si mesmas fazer esse trabalho psiquico de si para si, para em suma descortinar o fundo dos seus complexos e medos, fobias e rejeições, para aderir exteriormente a qualquer culto folclórico ou sexual aos ritos e aos transes...dizem, da deusa...

Para mim isso não é a DEUSA...são meros rituais...por mais sinceros que sejam!

O que eu creio na verdade ser importante e urgente para a mulher de hoje - para todas as mulheres - era activar essa outra parte de si oculta e que é interior e transcendente e que lhe dará a plenitude como mulher e lhes pode dar essa Chave do Ser Mulher total, unindo as duas mulheres que o patriarcado separou...ESSA parte de nós que foi esquecida e que pode de novo unir a Terra e ao Céu...para que assim seja na Terra como no Céu...

Rosa Leonor Pedro

O texto foi corrigido por mim e actualizado...

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