O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

domingo, fevereiro 25, 2018

As mais belas rendas...




"As Penélopes das sombras, como as aranhas, às vezes não gostamos delas. São aquelas tecelãs nocturnas que fiam tudo aquilo que na vigília queremos rejeitar.
Há coisas das nossas vidas que fazem parte de um tecido que não podemos controlar, e que, como temos a grande ambição de querer controlar tudo, não é fácil de aceitar. Às vezes sofremos consequências indesejadas de coisas que fizemos no passado, mas às vezes também recebemos as consequências do que os outros fizeram. Às vezes temos sentimentos que não gostamos de ter porque são desagradáveis, mas que são fios que reclamam ser tecidos ao lado dos outros.
No entanto, quando nos tornamos conscientes de todas as coisas, aprendemos que não só os nós, mas também os vazios, são os que fazem as roupas mais belas e delicadas. As rendas são jogos entre buracos e nos de acordo com um padrão que formam motivos e desenhos. Ao  iniciarmos um encaixe tudo é uma confusão... Não vemos nada. Uma tecelã experiente, já pode intuir que desenho vai ficar a partir do que faz ao mover as agulhas.
Não fujamos do que não gostamos; tenhamos paciência. Se continuarmos a experimentar o suficiente, criaremos cada vez melhores e mais belas rendas." 

ANA CORTIÑAS

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