O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, fevereiro 08, 2018

Deus pai ou Deusa mãe ?


"Dessa dualidade - Deus Pai ou Deusa Mãe - vai nascer uma dupla visão da Deusa dos tempos primordiais: Virgem prudente ou Virgem louca? A questão parece banal, mas ela compromete todos os séculos que irão seguir-se, não apenas no plano puramente estético, mas naquele muito mais carregado de consequências, da especulação religiosa. (...)

Isto denota uma considerável evolução das mentalidades: tudo se passa como se tivesse querido, conscientemente ou não, eliminar a imagem de uma mulher divina forte em proveito de um homem divino todo poderoso, cuja relação com a mulher se limitaria a uma relação filho-mãe. "(...) 

in A GRANDE DEUSA de Jean Markale



O HOMEM CONTRA A NATUREZA...E A MULHER


"A natureza não se conforma com as leis do Homem, da Cultura, ela não pode ser contida. O homem vê dessa natureza incontrolável na Mulher - nos líquidos que fluem de sua genitália durante o sexo e menstruação, a partir de seus seios após o parto - e não só se sente ameaçado, como se sente profundamente atraído pelo que lhe falta e acha fascinante. Num impulso, o homem se volta para o céu, em direcção a Apolo, e investe sua energia numa lógica transcendental. Mas é tudo em vão. A Teologia ocidental nunca conquistou o paganismo, mas sim tentou adequá-la ao seu sistema tentando sublimá-la. Assim, o Feminino centrado no paganismo consegue manifestar-se no iconologias popular da cultura ocidental e continuar a ter vida fora do que resta da sua ideologia patriarcal.

O ego masculino é um persona (da palavra latina para a máscara) sexual que se duplica e propaga em monumentos e arranha-céus fálicos (escadas para o céu, o sol), em doutrinas religiosas em que as mulheres são designadas como servas dos homens, em que manifestamente as "megeras" estão a ser domesticadas. Ao controlar as "suas mulheres", os homens estão a tentar controlar a "natureza", a representação final do poder. Mas no fundo sabemos que os homens tal como o seu poder, são como o seu próprio pénis, que murcha e se torna flácido mal termina o ato sexual, assim o seu próprio poder se torna passageiro. Então vemos como eles brigam e lutam em guerras que podem vencer, dentro desta cultura ocidental, e cujos resultados estão á vista: os enormes estragos causados por esta carnificina espantosa da Natureza."


camile paglia - in personas sexuais

“As conexões com e entre as mulheres são as mais temíveis, mais problemáticas e as forças mais potencialmente transformadoras do planeta.” - Adrienne Rich

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