O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sexta-feira, fevereiro 09, 2018

O TEXTO MAIS ANTIGO



O primeiro autor da história foi uma mulher...
Enheduanna foi a mais alta autoridade religiosa na Mesopotâmia


"O texto mais antigo cujo autor é conhecido ganhou uma tradução em inglês moderno, acessível aos leitores comuns. Há pelo menos 50 anos já se sabia que o primeiro autor conhecido da história era uma mulher. Ocorre que os textos eram guardados a sete chaves, disponíveis apenas para poucos estudiosos. Agora, uma analista junguiana aliou-se a especialistas na antiga civilização assíria, oriunda da Mesopotâmia, e traduziu pela primeira vez os escritos da sacerdotisa Enheduanna, filha do rei Sargon, que viveu há cerca de 4 mil anos na cidade de Ur, atual sudeste do Iraque. Enheduanna foi a mais alta autoridade religiosa na Mesopotâmia por volta de 2300 anos a.C.. Seus textos, escritos na linguagem cuneiforme (em forma de cunha, gravada em tábuas de barro), são poesias em homenagem a uma deusa chamada Inanna, adorada pela sacerdotisa."


A Sabedoria primordial associada a Mulher...


Há igualmente grandes evidências de que a espiritualidade, e em particular a visão espiritual característica de sábios videntes, já foi associada à mulher. Nos registros arqueológicos mesopotâmicos soubemos que Ishtar da Babilônia, sucessora de Innana, ainda era conhecida como a Senhora da Visão, Aquela que Orienta os Oráculos, e a Profetisa de Kua. As tábuas babilônicas contêm numerosas referências a sacerdotisas que oferecem conselhos proféticos nos santuários de Ishtar, algumas das quais são importantes nos registros de eventos políticos. Sabemos, através dos registros egípcios, que a representação de uma naja era o sinal hieroglífico para a palavra Deusa e que a naja era conhecida como o Olho, uzait, símbolo de compreensão e sabedoria místicas. A Deusa naja conhecida como Ua Zit era a deidade feminina do baixo Egito (norte) em tempos pré-dinásticos. Posteriormente, tanto a Deusa Hathor quanto Maat ainda eram conhecidas como o Olho. O uraeus, uma serpente empinada, é encontrada com freqüência sobre as frontes da realeza egípcia. Além disso, um santuário profético, possivelmente sítio de um antigo santuário à Deusa Ua Zit, elevava-se na cidade egípcia Per Uto, que os gregos chamavam Buto, nome grego para a própria Deusa naja. O famoso santuário oracular de Delfos também se elevava em um sítio originalmente identificado com o culto da Deusa. E mesmo em épocas gregas clássicas, após ter sido dominado pelo culto a Apolo, o oráculo ainda falava através dos lábios de uma mulher. Ela era uma sacerdotisa chamada Pítia, a qual se sentava sobre um mocho trípode em tomo do qual havia uma serpente chamada Píton enroscada. Lemos ainda em Ésquilo que nesse templo, que era o mais sagrado, a Deusa era venerada como a profetisa primeva. Outra vez sugere-se que mesmo na idade clássica grega a tradição de uma sociedade de parceria em busca da revelação divina e da sabedoria profética através das mulheres ainda não fora esquecida.


IN O Cálice e a Espade - Riane Eisler

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