O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

domingo, agosto 25, 2019

QUE MULHER É A MULHER?




UM CISMA QUE BANIU METADE DA HUMANIDADE


AS  mulheres não têm ainda VONTADE nem voz própria...nunca a tiveram nos tempos modernos, nem têm ainda consciência delas próprias como um todo ou da parte de si de que foram amputadas! Elas repetem o que os grandes homens, filósofos ou ideólogos (da direita ou da esquerda) lhes dizem para dizer. Ou repetem o que os seus professores, ensaístas, sexólogos, médicos, antropólogos, romancistas, lhes quiseram dizer como de si forjando e formatando uma mulher irreal ... todos a retrataram como quiseram segundo as suas ideias projecções ou os seus caprichos e as suas frustrações. Desde o místico Santo Agostinho que odiava as mulheres a Flaubert com a sua famosa frase: "Madame Bovary c'est moi"... ou o pintor que a pinta, tendo como modelo um homem... todos os homens dividem a mulher em duas a amante e a esposa, a casta e a devassa...

Assim os homens pintam e falam da mulher que não são e as mulheres por sua vez não conhecem a sua natureza própria, não se sabem interiormente na sua completude e aceitam dividirem-se em vários estereótipos sempre em busca de agradar ou corresponder ao modelo que o homem exige dela. A mulher desviou-se da sua feminilidade essencial, da sua natureza intrínseca, que é fazer instintivamente a síntese entre a razão e a emoção, entre o pensamento e a intuição, porque esta foi-lhe cortada ao ser condenada ao descrédito por Apolo. Primeiro, dentro da mitologia grego ou romana, ela  foi calada - condenada ao descrédito  por Apolo - o deus que lhe roubou a voz do útero e o dom do oráculo e depois amputada de metade de si mesma pela ordem de Roma em nome de Cristo, ao ser dividida entre a santa e a prostituta...entre a virgem imaculada  e a pecadora (arrependida) Maria Madalena. E divisão prende-se com outra versão mais antiga do Genese e do Corão entre Eva e Lilith para posteriormente ser reforçado pela  cisma cristão que  condenou  todas mulheres a uma cisão interior que as dividiu psiquicamente e tem ainda hoje um efeito devastador no plano emocional e na psique feminina em geral!
(escrito em 2006)
rlp


ENTRETANTO, AS CONQUISTAS DAS FEMINISTAS foram praticamente as conquistas das mulheres brancas classe média...mulheres mais cultas ou favorecidas económica e socialmente, mas   
elas não quiserem o erro de base que foi afinal essas conquistas terem sido conseguidas pela  sua cumplicidade com o Sistema… e dentro do sistema… o que mais tarde ou mais cedo falharia.

Há um " estudo que faz lembrar a tese da filósofa feminista americana Nancy Fraser, que, numa conferência dada em junho a EHESS (escola de altos estudos em ciências sociais), explicou que o progressismo feminista, nos últimos anos, tinha feito avançar muito a causa das mulheres brancas e das mulheres das classes médias e superiores, mas deixou a beira da estrada a causa das mulheres negras e não-brancas, que são frequentemente as mais pobres e as de classes populares.

Pior, explica Nancy Fraser, as feministas, vendo no trabalho um meio de emancipação, tornaram-se aliadas ao capitalismo e aceitaram, para que muitas mulheres pudessem ter acesso a cargos de responsabilidade e a subir os degraus, ma delegando às mulheres pobres as tarefas domésticas de cuidar das crianças que elas não podiam mais educar ou assumir. Elas foram amplamente encorajado à ascensão das mulheres brancas das classe mais abastadas, sem se preocupar minimamente com as consequências para as mulheres pobres, e geralmente as não-brancas."

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