O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, agosto 08, 2019

UM LUGAR SEGURO...


CIRCULOS FEMININOS

”Quando as mulheres se reúnem e fazem um compromisso umas com as outras para estar em um círculo, com um propósito espiritual, NO SENTIDO DE UNIÃO DE SUAS ALMAS, elas estão criando um vaso de cura e transformação de si mesmas, e sendo veículo para a mudança em seu mundo. Estes são os círculos de compaixão que podem tornar-se incubadoras de mudanças políticas, sociais e pessoais. Um círculo igualitários com um centro sagrado é um modelo mais facilmente criado por mulheres, mas é uma forma não limitada às mulheres. Círculos com um centro sagrado são o meio pelo qual uma terceira onda do feminismo, com base na igualdade espiritual e compaixão, podem provocar uma mudança evolutiva na sociedade humana, que acabaria com a violência e o terrorismo, promovendo condições para um mundo que seja seguro para as crianças e para nós mulheres. Em um mundo onde o exercício do poder é o que importa, as crianças do sexo feminino não são importantes e os meninos são ensinados a dominar uns aos outros, aprendem a prática da dominação através do ridículo, de meios físicos, de intimidação a fim de serem respeitados. São meninos que se transformarão em homens e que entenderão que o poder é um antídoto para o medo e a humilhação. Isto é como o patriarcado socializa seus meninos e homens e os torna violentos. Um círculo de mulheres que confiam umas nas outras torna-se um santuário para as participantes, especialmente quando as mulheres são capazes de falar de experiências nas quais ela foram abusadas, humilhadas ou testemunharam algum tipo de violência. Um lugar seguro para dizer a verdade, é um espaço de cura: uma pessoa abusada emocionalmente tem uma dupla ferida: a dor do que foi feito com ela e a dor da vergonha. Na psique de cada mulher abusada ou violentada além da vergonha existe um sentimento de indignidade e rejeição. Toda vez que uma mulher adquire a coragem de falar e se mostrar segura, a confiança cresce e sua psique gradualmente se cura. Um círculo é um lugar seguro também para expressar a esperança, as intuições, a tristeza e a raiva, que são parte de todo processo terapêutico. A intenção de estar em um círculo com um centro espiritual convida o mundo invisível do espírito ou da alma para estar no centro do círculo e no centro da psique de cada pessoa no círculo. Por meio do silêncio meditativo ou de oração silenciosa, sabedoria e paz podem entrar. 

Nos Círculos as mulheres podem dizer em voz alta o que passa em seus corações e mentes ao mesmo tempo que têm a capacidade de ouvir com compaixão. Círculos evocam um sentimento de irmandade e também um sentimento de estar em um espaço materno arquetípico. Reviver o arquétipo da irmã e o arquétipo da mãe é possível para a maioria das mulheres (mas não todas, porque estes não são os arquétipos ativos em algumas mulheres) para se identificar com outras mulheres. É a capacidade de sentir uma ligação empática que torna as mulheres capazes de imaginar o que seria estar em ambos os lados da divisão israelense-palestino, ou ser uma mulher sob o regime Taliban ou uma criança abandonada e vulnerável. É um ponto de vista que não vê a guerra como algo a ser vencido, mas como uma causa de morte e sofrimento para todos, inocentes, especialmente mulheres e crianças. Um soldado é ensinado a matar, que é também o que um terrorista é ensinado e estas não são lições que as mulheres querem que seus filhos aprendam. Os círculos são os meios pelos quais as mulheres têm melhorado a situação para as mulheres. Nos Estados Unidos, o movimento começou em meados do século XIX, com um círculo de cinco amigas. Encontraram resistência por parte de autoridade masculina. Este movimento resultou no direito das mulheres ao voto, à propriedade e aos seus próprios salários. O avanço seguinte veio através do movimento de mulheres a partir da conscientização e da formação de outros grupos de mulheres que resolveram trabalhar efetivamente juntas. Elas fizeram reivindicações e romperam a resistência à mudança por meios pacíficos. O Movimentos de mulheres é uma rede invisível de amizade entre mulheres e existe graças à capacidade das mulheres de se relacionarem umas com as outras por meio da conversa e, em seguida, ter uma influência sobre os homens e as instituições. Mulheres em círculos trazem consciência do que precisa ser mudado na sociedade. O poder invisível dos círculos de mulheres é extraordinário: Auto-estima, realizações, desenvolvimento de talentos. Tudo isso tem a ver com o fato de que somos ouvidas e valorizadas, amadas por nós mesmas, incentivadas e apoiadas. Quando há apoio psicológico e prático para fazer uma mudança significativa, a mudança é mais provável…"



Jean S. Bolen


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