O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, outubro 05, 2020

O LIVRO LILITH ,A MULHER PRIMORDIAL EM ACÇÃO


«Lilith, a Mulher Primordial - o Feminino e o Sagrado» de Rosa Leonor Pedro

Quando um dia parti em busca do Psicotelurismo, mal sabia eu que buscava a mim mesma, ao meu reverso, à mulher ancestral que eu sentia cristalizada nas paisagens ibéricas que me apelavam à alma, mais do que ao olhar, veios energéticos que eu seguia por apenas acreditar nas rochas.

Mas quando conheci «Lilith», percebi que algo faltava ao meu trabalho, algo que eu quase tocava, fugidio como uma serpente por entre a resteva da minha colheita meramente intuída. Faltavam-me as palavras certas para nomear esse vazio em mim, um direccionamento mais profundo que durante muito tempo procurei em vão na Alquimia, na Metafísica e na Psicanálise, quando estava tão-só no meu sentimento pela Terra e pelos seus vapores telúricos, no apelo mitocondrial dessa bactéria que habita o nosso citoplasma e que nunca esqueceu o chão prístino, mátrico, de onde proveio. Eu buscava, afinal, a Mulher, a humanidade genuína, aquela que a História dos homens apagou para que dela não tivéssemos hoje qualquer memória e caminhássemos cegas na aceitação religiosa de um Deus-Pai e da sua santa ciência corrupta e criminosa que nos separou da Natureza sem sequer tentar compreendê-la. Que nos separou da Mãe.

O trabalho da Rosa Leonor Pedro explicou-me o meu, o porquê de cada uma das minhas escolhas na senda da ancestralidade feminina, esquecida já pelas mulheres, jamais aprendida pelos homens.

As pedras são minhas avós, guiam-me os passos pelas veredas da vida, onde tantas vezes me perco e reencontro. Haverá ainda caminho neste mundo para quem como eu prefere abraçar o chão?

Isabella G. 

Imagem: «Lilith, a Mulher Primordial - o Feminino e o Sagrado» de Rosa Leonor Pedro
Fotografia: Justin Novello

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