O SI MESMO, O EGO E A INDIVIDUALIDADE
"...esta mente, esta vitalidade e este corpo mesquinhos que chamamos de nós mesmos (ego) são apenas movimentos superficiais, não são o nosso si mesmo de maneira alguma. São um fragmento externo da personalidade que, por gosto da Ignorância, chega a primeiro plano no decorrer de uma brevíssima existência. Esse ser parcial é dotado de uma mente ignorante que tacteia em busca de fragmentos de verdade; de uma vitalidade ignorante que se movimenta caoticamente em busca de fragmentos de prazer; de um corpo físico obscuro e predominantemente subconsciente que recebe impactos das coisas e sofre – não possui – a dor e o prazer resultantes desses impactos. Este estado de coisas é aceite e considerado como normal até ao momento em que a mente se enoja e começa a perguntar-se se por acaso não existe felicidade real: e o corpo físico se cansa e começa a libertar-se dele e das suas dores e prazeres. Então, esse fragmento da personalidade, ignorante e mesquinho, adquire a possibilidade de retornar ao seu verdadeiro Si Mesmo e aceder no conjunto a todas essas coisas superiores – ou então extinguir-se no Nirvana…
O Si mesmo não se encontra em parte alguma da superfície do ser, mas bem lá dentro e acima. Lá dentro existe a alma que sustenta a mente interior, a vitalidade interior e o ser físico interior, que tem juntos a capacidade de amplitude universal e, assim, ter acesso a todas essas coisas que foram concebidas – o contacto directo com a verdade do ser e das coisas, o gosto da bem-aventurança universal, o romper dos grilhões da mesquinhez e dos sofrimentos do corpo físico grosseiro.”
In UMA PSICOLOGIA MAIOR
Sri Aurobindo
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