O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, setembro 13, 2021

UMA NOTA BREVE...

 


A ARROGÂNCIA SOCIAL E INTELECTUAL DOS ESTRANGEIRADOS...

 Há muitos anos que observo a arrogância complacente dos estrangeirados em Portugal em relação aos portugueses genuínos, falo do que ca vivem, a quem tratam com desdém disfarçado. Por estrangeirados tomo os filhos e netos de estrangeiros que ficaram a viver em Portugal por décadas  e que são nomes sonantes por serem estrangeiros, que nos atiram a cara como uma espécie de cartão de identidade vip e vivem num pedestal a olhar de cima os     autóctones. É ver os empregados e gente simples a trata-los com todas as mesuras e salamaleques. Sim, ainda. Onde quer que eles estejam. Eles estão dispersos  em cidades e tem funções e actividades diversificadas, mas são mais notados no campo intelectual quando ligados a arte ao jornalismo ou aos livros editoras etc. . O seu nome de família serve-lhes de passaporte de influências dado o provincianismo português e a velha submissão ao estrangeiro, nomeadamente, ingleses franceses ou alemães, que se associam as elites locais e nacionais, digo aos ricos em geral, e são sempre tratados como superiores. E sentem-se nesse direito por mais imbecis ou cretinos que sejam. E o nosso escol literário e artístico dá-lhes toda a influência… e importância enquanto desprezam o português verdadeiro, digo o genuino.

É de reparar que alguns nomes sonantes da nossa praça -  não os digo, mas há muitos e muitos titulos - e que apareceram com sucesso nos jornais e televisões, eram filhos ora de mãe inglesa ou de pai alemão ou netos de estrangeiros influentes… e isso perdura nos nossos dias. Valem-se sempre das suas origens estrangeiras e o papalvo do português seja ele qual for – mesmo doutor-engenheiro – continuam a bajular esses estrangeirados (alguns já portuguesíssimos) tal como os nossos políticos servem o estrangeiro,  e já serviam os mais privilegiados, banqueiros e poderosos …enquanto  o povinho, mesmo os mais letrados ou cultos,  ficam sempre como boi a olhar para o palácio, como se todos esses estrangeirados que nos tratam com a tal complacência e até bonomia – ai estes portugueses coitados – mas que se servem de nós e vivem a nossa conta e da nossa saloiice há séculos,  acabam rindo devido a esse deslumbramento aos estrangeiros de que F. Pessoa falava, e em negação de si mesmos e das suas raízes e origens. Muitos aproveitam-se a armam-se em “doutores” também e riem-se desse nosso complexo, e de tudo fazer para inglês ver…  quando se estivessem na sua terra… lá em França na Bélgica, em Inglaterra  ou na Alemanha NÃO ERAM NINGUÉM.

Tudo isto devido a nossa insignificância cultural e provincianismo  secular. Só o que é estrangeiro é que é bom e tudo o que é português não presta a anão ser que o estrangeiro lhe dê o aval... acontece com os intelectuais, filosofos, escritores e actores e cantores ou até futebolistas... como se nós portugueses por nós mesmo não tivéssemos existência!

rlp

DIZ FERNANDO PESSOA: "Para o provincianismo há só uma terapêutica: é o saber que ele existe. O provincianismo vive da inconsciência; de nos supormos civilizados quando o não somos, de nos supormos civilizados precisamente pelas qualidades por que o não somos. O princípio da cura está na consciência da doença, o da verdade no conhecimento do erro. Quando um doido sabe que está doido, já não está doido. Estamos perto de acordar, disse Novalis, quando sonhamos que sonhamos."


Fernando Pessoa, in 'Portugal entre Passado e Futuro'

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