Este texto coloca-nos diante de uma leitura revolucionária que diverge totalmente dos conceitos apreendidos nas ultimas décadas sobre o poder do homem e o poder da mulher e da deusa... vai contra todos eles e de um livro de referência para muitas mulheres sobre o culto do "feminino sagrado"...
Nota: "O termo autopoiese significa “criar a si mesmo” e foi empregado como atributo definidor dos sistemas vivos. Assim, a vida seria um sistema organizado de forma circular e fechada que, por meio da produção, transformação e destruição de seus componentes, continuamente regenera a si mesmo. Em outras palavras, a vida é um sistema que se produz e se auto-transforma."
Trata-se porém de finalmente saber fazer a diferença entre o que são as forças geradoras da Natureza Mãe e da Mulher e o Poder manipulatório do homem…
rlp
“O livre O Cálice e a Espada de Riane Eisler é uma famosa obra que recolhe essas provas da sociedade pré patriarcal (por certo que faz uma boa compilação da mesma), para difundi-las tendencialmente. Eisler apresenta uma abstração simbólica - a Espada- para referir-se ao Poder da sociedade patriarcal, e outra - o Cálice- para referir-se à vida humana auto-regulada da sociedade pré patriarcal. O Poder da Espada, representa o Poder masculino arquetípico do patriarcado: o poder destrutivo, o poder de matar. O Poder do Cálice representa para Eisler, o Poder de dar vida. Dessa maneira contrapõe dois tipos de ´Poderes´, e parece que estamos ante uma obra mágica, feminista, etc. Mas já foi introduzido um equívoco linguístico, porque na manobra simbólica afastamos a verdadeira história; é uma vez mais uma simbologia manipuladora. Esta é a arte da metafísica: que não enxerguemos o que temos ante o nosso próprio nariz, inclusive dentro de nossas entranhas. Porque com essa contraposição o que fica ocultado é que ‘dar a vida’ não é um ‘Poder’ senão um fenómeno da vida que, como dizem Margulis/Sagan mantém-se a produzir mais de si mesma (a autopoiese, a capacidade de gerar).
Não é então um ‘Poder’ que se opõe a outro Poder; porque Poder somente há um, que é o que se opõe à vida; que se origina extorquindo e devastando a vida e mantém-se e expande ao prosseguir tal extorsão. Ou seja, justamente ao contrário da vida que “mantém-se produzindo mais de si mesma”.
Dos fenómenos de condição tão oposta e distinta no podiam semanticamente qualificar-se com a mesma voz, e isso é uma mentira conceptual a mais para que não distingamos entre o Poder e a vida: uma das linhas estratégicas do patriarcado que tem ido ajustando ao longo dos tempos.
O que se opõe, ou o que resiste ao Poder, não deve chamar-se ‘Poder’, a não ser que queiramos seguir o jogo; porque é a vida mesma que trata de regenerar-se sempre e em buscar alternativas para a sua auto-regulação e conservação a pesar das devastações sofridas e das coerções físicas e psíquicas.
Assim chegamos ao surgimento da deusa: para não desvelar a autêntica oposição aos deuses (das representações do Poder) à vida mesma, opõem-se aos deuses masculinos mortíferos, a espiritualidade de uma deusa benevolente; e assim mantém-se oculta a condição humana e perpetua-se a confusão e a mentira.
A semântica confunde sibilinamente os fenómenos da vida (posso andar ou correr, posso comer ou beber, posso engendrar ao um filho) com a realização do Poder que é sempre bloqueio ou destruição de esses fenómenos. A mesma voz, o mesmo verbo, o mesmo substantivo: poder; porém quantos significados mais antagónicos encerra! O verdugo e a vítima; a garra do Poder e a pele da criatura, confundidos. Esse é o melhor disfarce do Poder: a máscara da semântica.
rlp
“O livre O Cálice e a Espada de Riane Eisler é uma famosa obra que recolhe essas provas da sociedade pré patriarcal (por certo que faz uma boa compilação da mesma), para difundi-las tendencialmente. Eisler apresenta uma abstração simbólica - a Espada- para referir-se ao Poder da sociedade patriarcal, e outra - o Cálice- para referir-se à vida humana auto-regulada da sociedade pré patriarcal. O Poder da Espada, representa o Poder masculino arquetípico do patriarcado: o poder destrutivo, o poder de matar. O Poder do Cálice representa para Eisler, o Poder de dar vida. Dessa maneira contrapõe dois tipos de ´Poderes´, e parece que estamos ante uma obra mágica, feminista, etc. Mas já foi introduzido um equívoco linguístico, porque na manobra simbólica afastamos a verdadeira história; é uma vez mais uma simbologia manipuladora. Esta é a arte da metafísica: que não enxerguemos o que temos ante o nosso próprio nariz, inclusive dentro de nossas entranhas. Porque com essa contraposição o que fica ocultado é que ‘dar a vida’ não é um ‘Poder’ senão um fenómeno da vida que, como dizem Margulis/Sagan mantém-se a produzir mais de si mesma (a autopoiese, a capacidade de gerar).
Não é então um ‘Poder’ que se opõe a outro Poder; porque Poder somente há um, que é o que se opõe à vida; que se origina extorquindo e devastando a vida e mantém-se e expande ao prosseguir tal extorsão. Ou seja, justamente ao contrário da vida que “mantém-se produzindo mais de si mesma”.
Dos fenómenos de condição tão oposta e distinta no podiam semanticamente qualificar-se com a mesma voz, e isso é uma mentira conceptual a mais para que não distingamos entre o Poder e a vida: uma das linhas estratégicas do patriarcado que tem ido ajustando ao longo dos tempos.
O que se opõe, ou o que resiste ao Poder, não deve chamar-se ‘Poder’, a não ser que queiramos seguir o jogo; porque é a vida mesma que trata de regenerar-se sempre e em buscar alternativas para a sua auto-regulação e conservação a pesar das devastações sofridas e das coerções físicas e psíquicas.
Assim chegamos ao surgimento da deusa: para não desvelar a autêntica oposição aos deuses (das representações do Poder) à vida mesma, opõem-se aos deuses masculinos mortíferos, a espiritualidade de uma deusa benevolente; e assim mantém-se oculta a condição humana e perpetua-se a confusão e a mentira.
A semântica confunde sibilinamente os fenómenos da vida (posso andar ou correr, posso comer ou beber, posso engendrar ao um filho) com a realização do Poder que é sempre bloqueio ou destruição de esses fenómenos. A mesma voz, o mesmo verbo, o mesmo substantivo: poder; porém quantos significados mais antagónicos encerra! O verdugo e a vítima; a garra do Poder e a pele da criatura, confundidos. Esse é o melhor disfarce do Poder: a máscara da semântica.
Cacilda Rodrigañez Bustos em El Assalto al Hades
Nota: "O termo autopoiese significa “criar a si mesmo” e foi empregado como atributo definidor dos sistemas vivos. Assim, a vida seria um sistema organizado de forma circular e fechada que, por meio da produção, transformação e destruição de seus componentes, continuamente regenera a si mesmo. Em outras palavras, a vida é um sistema que se produz e se auto-transforma."
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