O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

terça-feira, maio 02, 2023

AS SETAS ENVENENADAS DE EROS E OS TERRORES DE DEUS...




É MUITO IMPORTANTE COMPREENDER AS PROJECÇÕES
 (lembremos Eros e as suas flechas de amor...) 


Maria Luísa de Franz
A relação entre projeção e doença...

"Em cada processo de projeção, há um remetente, ou seja, aquele que projeta algo em outra pessoa, e um receptor, aquele em quem algo é projetado. Curiosamente, estes dois aparecem como dois fatores altamente importantes na história da medicina.
A projecção é encontrada na concepção generalizada entre os povos nativos de projéteis da doença, uma flecha mágica ou algum outro, geralmente um míssil apontado que deixa a pessoa que atinge doente.
Um deus, um demónio ou uma pessoa má atira FLECHAS (projécteis) mágicos nas pessoas.
Extrair o projétil permite que a vítima seja curada. No Antigo Testamento, o próprio Deus atira tais flechas...
(Jó 6:4): “Porque as flechas do Todo-Poderoso estão dentro de mim, o veneno bebe o meu espírito: os terrores de Deus se colocam em ordem contra mim. ”

Ou há poderes demoníacos invisíveis (Salmo 91): 
“Não terás medo do terror de noite; nem da flecha que voa de dia; nem da peste que anda na escuridão; nem da destruição que desperdiça ao meio-dia. ”

Entre as pessoas comuns, geralmente são calúnias venenosas que são experienciadas como tais flechas. (Cf. Jeremias 9:3,8; Salmo 64:4. ) Também podemos notar a relação da palavra alemã Krankheit, que significa "doença", e kränken, que significa "ferir emocionalmente. ”

Ainda hoje falamos de "barbos" e "comentários apontados. ” Na Índia, a palavra salya significa "ponta de seta", "espinho", ou "esplinter", e do médico que remove tais flechas dos corpos de pessoas doentes, diz-se que ele funciona "como um juiz que remove o espinho da injustiça de um julgamento. ”

O espinho é obviamente algo como um mau efeito que criou uma incerteza legal. Psiquiatras e psicólogos sabem que formas pontiagudas ou afiadas nos desenhos e pinturas dos pacientes representam impulsos destrutivos."*

NOTA pessoal:

AS PROJECÇÕES acontecem entre psiquiatras e pacientes, entre mestres e discípulos, entre terapeutas e doentes, nas relações comuns entre pessoas em geral e principalmente no amor ou na paixão em que essa projecção é mais forte ou fatal -  sendo quase sempre uma projecção de foro emocional mais ou menos intensa de um ser para outro ser...em que um é "ferido" ou fica "doente" de amor... O ser fica prisioneiro, dependente do outro...e ai começam todos os emaranhamentos psíquicos  de tortura humana em nome do amor -  ciume, odio, raiva, posse -, que não é mais do que todo o tipo de carência do sujeito a espera de preenchido ou de ser amado...por outro...
Nas mulheres cuja dependência do homem é total, isso acontece de forma viciada e violenta. Mas é essa a história do romance e das tragédias, desde Edipo, entregue pela mãe ao rei que o manda matar...etc. Os mitos dizem-nos quase tudo. Lá estão as chaves do nosso drama. 

rlp


*Maria Luísa de Franz
A relação entre projeção e doença
Psicoterapia, página 121

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