O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, novembro 30, 2023

EM BUSCA DA MULHER MÍTICA




EM BUSCA DA MULHER MITICA  I

Senhoras e "Senhores, o ser que chamamos de mulher não é a mulher. É uma degenerescência, uma cópia. A essência não está aí, o princípio não está aí, nossa alegria e nossa salvação não estão aí." 
(louis pawuels)

Podia ser o nome de um livro, "em busca da mulher mitica"...essa Mulher que fomos e hoje desconhecemos, mas pensámos em Mulher Plena e o que isso nos quer dizer num tempo em que mulher e homem já não sabem quem são e a mulher se masculinizou de tal forma que o homem hoje em vez de procurar a mulher mitica procura ele ser essa mulher que mitificou ou a transformou numa travesti de si própria que ele vai encarnar.
Estas ultimas décadas de decadência a que chamamos evolução e modernidade, tendo como propósito de vida, sobretudo as mulheres – uma minoria sempre – partido para a busca da sua independência económica e igualdade com homem, trocando a casa e os filhos pelo trabalho, e em vez de servir o marido e os filhos preferiu servir um chefe e o patrão… que afinal a abusou e explorou tanto como o marido, mas que lhe pagou um ordenado. E o marido não…
A minha visão das coisas agora até parece retrógada pois sou obrigada a olhar para um ponto de partida em que a mulher ainda era uma mulher, ainda que submetida ao marido, e sem independência económica, e portanto podem julgar que estou a defender a volta da mulher ao lar…Não. Havia certamente outra via natural de evolução dentro do curso natural das coisas. mas a mulher foi desviada para o campo do trabalho e desviou-se dela mesma ou do que restava da mulher genuina. As mudanças foram acontecendo e a mulher foi galgando para patamares antes inacessíveis e chegou às profissões mais masculinas como a policia e o exercito. Formou-se nas universidades e tornou-se medica advogada e juíza…
Há 50 anos isso não acontecia e as mulheres formadas eram muito poucas. Parecia que era um progresso enorme mas tudo acabou em mera construção social e económica e os aspectos subjectivos e afectivos da vida em si, incluindo o sexual foram ou descuidados ou exacerbados – como foi o caso do sexo, antes interdito, agora promiscuo - e hoje a confusão é geral e tão grande que se perderam todos os valores e a coisa principal que era o respeito pela Mulher e a Mãe… já não existe nem da parte dos filhos… O casal deixou de ser de facto o par equilibrado nas suas funções, ambos massacrados e totalmente alienados pelo trabalho e a ambição social e o consumo, o materialismo ou ideia de um vida de conforto etc. e é mais importante ter carro e casa e cursos do que ter uma vida rica interior ou espiritual, o que suplantou qualquer sentido de transcendência e relacionamentos profundos e apostados na construção de algo e até mesmo numa mera relação saudável a qualquer nivel…
Pensar desta forma parece reaccionário. A exemplo disto as mulheres ficaram muito indignadas com as afirmações de Paulina Chiziane, “a primeira mulher africana a ganhar o Prémio Camões, que fala sobre a relação entre marido e mulher em uma entrevista. A escritora moçambicana, que é conhecida por abordar temas polêmicos como a poligamia, a cultura patriarcal e os direitos das mulheres em seus romances, defende que a casa é um espaço de energia feminina e a rua é um lugar de energia masculina.
Segundo ela, quando o marido se faz de amigo da mulher, torna-se caseiro e torna-se feminino, porque se afasta dos ambientes masculinos onde os homens recarregam a sua testosterona. "Deixa de ser dominante e passa a ser um fofoqueiro e de repente a sua vida sexual fica lastimável, porque as mulheres não sentem vontade de sexo com homens amarrados às suas saias.”
De uma certa maneira e na visão de uma mulher que vive no espirito da natureza ampla e livre como é Africa, e onde os principio que regem os comportamentos ainda estão muito ligados ao sentido natural das cosias e do humano, sem a sofisticação das sociedade pretensamente evoluidas como as nossas, onde diz ela, o lugar das mulheres é na casa e dos homens na rua, a trabalhar ou o que seja, a divertir-se entre si e das mulheres é em casa a cuidar dos filhos e do abrigo...estes são os fundamentos das sociedades iniciais... sim, patriarcais, mas as nossas não são menos.
Agora a mulher vive a trabalhar fora e andar na rua em lojas e bares e centros comerciais mas isso é uma outra história e muito complicado o que se construiu nestas ultimas décadas – olhe-se agora bem para que homens se vêm na rua...e que mulheres também...? Onde está a verdadeira mulher e o verdadeiro homem? É que tudo se misturou de tal forma, a começar na moda unissexo, depois as ideologias de género que mesmo as crianças andam a deriva...perdidas de um centro feminino e afecto – abrigo, casa lar - e de uma protecção masculina que as direccionava, por suposto, porque os pais viraram escravos do trabalho e do consumo... e já nem sabem se são meninos ou meninas... e eu até pareço retrogada, pois é, mas... o que aconteceu no mundo ocidental foi essa feminização dos homens e masculinidade das mulheres hoje sem identidade de género, sem qualquer consciência da sua alienação e perda de valores…
Para mim é urgente que a Mulher volte a encontrar-se a si mesma e portanto todas estamos em busca dessa mulher plena que não é essa mulher falsamente emancipada nem a mulher submetida ao marido ou ao sexo, mas uma Mulher inteira que se assume na sua feminilidade essencial e sabe de si e procura resgatar essa identidade original e valorizar o seu ser como alguém que é inteira, não obedecendo a meros estereótipos, antes de tudo e a partir dessa consciência construir uma nova estrutura de vida – sem duvida que a busca de um parceiro se quiser construir família é ou vai ser um drama, pois também o homem se perdeu de si e agora encontrar-se na sua masculinidade original, não toxica nem dominadora, vai ser complicado. Contudo, creio que se a mulher se encontrar e partir de si e da sua realização interior enquanto ser pleno e independente, se ela voltar as suas raízes, ela não precisa ser forçada a encontrar parceiro nem casar e viver a sua vida em plenitude, sozinha ou acompanhada. Mas sendo ela mesma o seu centro e sendo ela capaz de ser sem ser apenas a metade (laranja) que a fizeram crer ser durante dezenas de anos ou centenas… a Mulher é antes de tudo um ser individual e completo e é isso que ela tem de se compenetrar para se encontrar e ser fiel a si mesma.
Se a Mulher não se encontrar em si mesma e voltar a essa origem do que é o Principio Feminino e os valores do afecto/sentir/intuir, ela vai perder-se conjuntamente como o homem e tornar-se um ser hibrido…
rlp


EM BUSCA DA MULHER MITICA II


Ao longo destas ultimas décadas, sempre que a mulher começa qualquer processo de busca de si mesma, e a risco de ser um perigo para o patraircado e o sistema de dominaçao, ela é logo desviada pela Matrix que imediatamente copia a ideia e desvirtua-a mantendo a mulher presa aos velhos padrões de obediência a deuses e deusas ou mestres, criando hierarquias e cultos, sempre através de crenças e a mulher há muito sem auto-estima nem conexão com o cosmos, nem dá por isso...
Sim, ela entra no labirinto de Teseu e perde-se...porque ela é o seu próprio fio de Ariane... sem seguir esse fio condutor que é ela mesma, a mulher perde-se da sua dimensão feminina das suas entranhas e da transcendência que isso lhe permite, perdendo a sua ligação ao feminino essencial e à Mãe e fica uma mulher instrumento sexual, um ser mental, vazio, desprovida de ligação ao seu útero/coração e começa a papaguear coisas sem sentido, isto desde as feministas que deram a grande machadada na Mulher mitica e eterna - essa Mulher plena de grandeza e sensualidade amorosa que quando aparecia magnetizava homens e mulheres...
rlp


4 comentários:

Vânia Jones disse...

Bom dia, tens toda a razão, não é antiquado ou reaccionário o que escreves. É sim a mais pura verdade que leio nos dias que correm e mais para trás ainda eu era cega e começava a ler o "mulheres e deusas". Foi nesse livro que tomei consciência e de certa forma paralisei. Os anos foram passando e fui constatando que realmente tudo o que escreves é real e raro.

Lamento não ter acordado mais cedo e isso ia me custando a vida e todas as dificuldades que tenho vindo a passar advém de um mundo composto por homens e mulheres que apenas têm um lado racional e que provavelmente corresponde a 98% da população mais coisa menos coisa e tenho agora toda a noção de estar a ser encaminhada para uma morte lenta. Sim, e não existe sororidade que dure, quando há é apenas para tentar iludir e igualmente iludir a comunicação social.. estou farta e cansada de me expor pedir apoios mas a verdade por detrás disto é macabra. Tu não fazes ideia, ou realmente creio que serás a única mulher a sentir a minha dor e a poder imaginar tudo o que me têm feito e acontecido. Eu não quero viver mais num mundo assim. Ou acabam comigo de vez ou eu rendo me e atiro me para o chão. É demasiada carga para uma alma só. Lamento.

Já fui guarda redes, passei a ponta de lança e avancei para lá de meio campo, quando chego á baliza e tenho um frangueiro a defender estourei a bola e fui expulsa de campo. Cartão vermelho, fora de competição e a equipe de arbitragem é na sua totalidade corrupta.

rosaleonor disse...

vanea, espero que estejas bem e te cuides porque o mundo é muito adverso e ninguém nos pode ajudar se não formos nós a fazê-lo. Temos de crescer, no meu caso envelhecer e morrer, mas nunca ninguém nos vale nos momentos de aflição nem a ti nem a mim se não fizermos por isso. Porque eu passo como toda a gente pelo sofrimento e por isso sei o que sofrem as mulheres e sei o que elas passam em dificuldades e dores e perseguições mas não posso fazer nada mais senão escrever como sei...
rlp

Vânia Jones disse...

Olá minha querida estou com gripe forte mas sem COVID. Estou ok. Sim, sempre mencionaste isso e eu já tenho essa consciência. Escrever como sabes, é uma luz que me guia diariamente. E Ainda que passes dias sem escrever aqui há sempre muitos textos para ler fruto de muitos anos de trabalho e dedicação às Mulheres igualmente a opção dos livros. Portanto escrever como sabes ainda que envelheças e morras eu continuarei a ler diariamente por razões, ou melhor emoções q não tenho palavras para descrever. És a Mulher mais delicada que conheci. Então estou ok . Acabei de almoçar estou ok. Agora vou me tratar desta gripe, tive uma anterior no outono q durou 15 dias apareceu me a meio de uma terceira caixa de antibióticos seguidas e também deu negativo á COVID. Agora é repouso e disciplina. Estou ok. És uma pessoa mesmo especial por quem sinto afecto. E nos dias de hoje isso é raro para mim. Fabulosa a tua dica de prem rawat para serenar e alcançar a paz merecida.

Tudo o que digo eu faço e vice versa. É nas entrelinhas a gratidão que te sinto.

Vânia Jones disse...

Bom dia apesar de chamar os bois pelos nomes continuo a ser a mesma Vânia em parte cá por dentro. Não embruteci ao ponto de deixar de nutrir afectos pelas pessoas.
Cada qual com a sua função. Sei perfeitamente que se estivesses aqui do lado não me negavas uma cenoura um copo de água ou um par de meias.

Estou completamente arrasada com a corrupção que domina o país e me deixa numa situação precária e sem meios de sobrevivência. Já não consigo sequer trabalhar sem descontar pois o corpo físico adoeceu e ninguém me trata, quando trata fico pior. O meu nome já consta novamente em lista de espera no entanto sem apoios não quero estar cá para assistir . Só me têm feito merda em bom português.