O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

segunda-feira, dezembro 04, 2023

A NEGAÇÃO DA MÃE E DA MULHER



A MULHER SEM SIGNIFICADO EM SI MESMA...


"A mulher encontra-se desde o início sem uma forma própria de existir, como se a existência da mulher estivesse já incluída numa forma de existência (mulher, mãe, filha, etc. ) que a negam em termos de mulher. Ser mãe significa existir e usar o próprio corpo em função do homem, e, portanto, mais uma vez, falta o sentido e o valor do próprio corpo e da própria existência a todos os níveis. Esta negação de si mesmo é interiorizada a níveis tão profundos que é como se as mulheres, ao mesmo tempo.
Ao longo de toda a sua história não fizessem mais do que repetir esta experiência de autodestruição. Por isso, o discurso sobre a violência masculina, sobre a vexação, sobre dominação, sobre privilégios, etc. continuará a ser um discurso abstrato se não tivermos em conta o aspecto interiorizado da violência, a violência como negação da própria existência. A negação de si mesma começa a funcionar desde o nascimento, a partir da primeira relação com a mãe, onde a mãe não está presente como mulher com o seu corpo de mulher, mas está ali como mulher do homem, para o homem. (... )

O fato de a menina viver a relação com a pessoa do seu sexo somente através do homem, com esta espécie de filtro que existe entre ela e a mãe, é a razão mais profunda da divisão que encontramos entre uma mulher e outra mulher; as mulheres estamos divididas na nossa história desde sempre, não só porque cada uma de nós está socialmente ligada ao próprio marido, aos próprios filhos – este é o aspecto visível da separação –, a divisão dá-se a um nível mais profundo , não conseguindo olhar para nós uma à outra, não sendo capazes de contemplar nosso cor- po sem ter sempre presente o olhar do homem.
(... )
O assalto ao Hades
A Rebelião de Édipo 2a PARTE
Casilda Rodrigáñez Bustos


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