O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

domingo, dezembro 30, 2001

"saborear o sabor da alma do outro"



..."Digo "saborear o sabor da alma do outro" porque a alma, se é como um sopro luminoso no ser, tem um pós-gosto de sal cujos efeitos primeiros são a vida.
Este pós-gosto de sal da alma traz em si o calor um tanto cozinhado dos Deuses bons, um quente salgado que se repercute no sangue e a sua arborescência num líquido de vida, nas veias e nas artérias.
E o coração, esta rosa de pétalas de palpitações, tem o poder de transformar o salgado, por meio de uma alquimia de amor que lhe é muito própria, numa espécie de açucar de que nunca se apreciará suficientemente o sabor inefável, este sabor que se conhece pelo nome de bondade.

A BONDADE É O AÇÚCAR DO CORAÇÃO cuja ternura é uma das manifestações mais doces; não se trata de um açúcar insípido, mas de um açúcar rico e poderoso feito de luz polarizada dos sentimentos mais puros. Miseráveis são aqueles que, tendo pervertido o seu gosto, alteram ou desnaturam o sabor deste açúcar de coração ao ponto de torná-lo ineficaz e estéril.
Ah, enterneçamo-nos com todos estes frutos e todas estas flores que os nossos pomares e jardins interiores são capazes de produzir! E possamos nós fazer da nossa vida um festim de sabores que o Amor, a Ternura, a Bondade darão o melhor que têm."


Pequeno Tratado de Ternura, de Mercier

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1 comentário:

Ná M. disse...
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