"Uma ilha, com efeito, se encontrava diante
do estreito que vós chamais as colunas de Hércules.
Esta ilha era maior do que a Líbia e a Ásia juntas;
daí era possível aos navegadores de antigamente
a passagem para outras ilhas, e, dessas ilhas
para todo o continente situado em frente delas
o que rodeia esse mar longínguo, o verdadeiro mar"
Platão ("Timeu")
PORTUGAL
ALMAS ERRANTES...
ANTÓNIO HOUAISS
O MAIOR FILÓLOGO DO SÉCULO XX
De ascendência árabe filho de libaneses imigrados no Brasil, nasce no Rio de Janeiro em 1915. Com apenas 16 anos começa a dar aulas de português...
Morreu em 1999, com 83 anos sem ter assistido ao culminar do seu sonho:
ESCREVER O MAIS COMPLETO DICIONÁRIO DA LÍNGUA PORTUGUESA
SUA DEFINIÇÃO DE SAUDADE: "SENTIMENTO MAIS OU MENOS MELANCÓLICO DE INCOMPLETUDE"
"O Império dessa língua portuguesa que Pessoa, no prefácio referido a Alma Errante, designa como "uma das mais completas, subtis e opulentas línguas do mundo", tem que primar sobre o da raça cuja alma apresenta como "incoordenada e difusa", tal como se manifesta na sua literatura."
De mim mesmo viandante
Olhos as músicas na aragem,
E a minha mesma alma errante
É uma canção de viagem.
(...)
Quando é que passará este drama sem teatro,
Ou este teatro sem drama,
E recolherei a casa?
Onde? Como? Quando?
Gato que me fitas com olhos de vida, que tens lá no fundo?
É esse! É esse!
Esse mandará como Josué para o sol e eu acordarei;
E então será o dia.
FERNANDO PESSOA
EU TENHO SAUDADES DE UM PORTUGAL VERDADEIRO e do seu Mar... de um país centro de cada um de nós, esquecido em lutas mesquinhas e vãs...
"No centro do nosso país, a escolha das grutas naturais ou a construção das artificiais e das tholoi, teria pertencido ao sacerdócio de então, como detentor do conhecimento das correntes da energia telúrico-cósmicas atravessando o nosso solo e os pontos de seu cruzamento, como pontos máximos de sua concentração. Rede de correntes telúricas, por ela ligadas aquelas mais vastas e circundantes da rede cósmica: ou como sua projecção na terra. Seria o conhecimento desta estrutura energética, que teria marcado a nossa geografia sagrada.
Assim, nesta imortalidade telúrica e celeste, doada pala deusa-lua, fazendo-se no devir e ultrapassando-o através da sua dor e alegria, assumindo a terra e sublimando-a no céu, tentemos vislumbrar algo das origens da saudade.
(...)
Pareceu-nos que, tendo a saudade sua existência peculiar neste território e humanidade galaico-português, e sendo dele herdado, suas raízes afundariam na mais funda essência sagrada desse território e humanidade, como sua religião primeva;" (...)
in "DA SERPENTE À IMACULADA” – Dalila L.Pereira da Costa
O SORRISO DE PANDORA
“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja.
Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto.
Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado
Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “
In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam
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