O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, junho 04, 2003



UMA NOVA CONSCIÊNCIA

Acredito numa nova consciência do ser inteiro, homem ou mulher, mas acredito sobretudo na emergência de uma nova consciência da mulher enquanto ser completo pela integração das duas mulheres cindidas e separadas depois da “Queda”. A “Queda” não é da mulher, mas do homem que cindiu a mulher original em duas para reinar pela força antes do início da nossa História que começa já com essa divisão na sujeição por “inferioridade” da mulher como um dado natural o que não é um facto, uma vez que - nós mulheres - o sabemos e sentimos desde sempre, e que a sociedade patriarcal sempre nos negou essa evidência, mas que uma nova antropologia e uma nova ciência o vem provar. Ler urgentemente “O cálice e a Espada”. Outro livro urgentíssimo é “A Grande Deusa” porque nestes dois livros, os dois aspectos, o histórico e o religioso, que são os responsáveis por todos os equívocos, estão nestas duas excelentes obras sumamente bem tratados e remetem-nos para uma outra consciência e uma outra verdade, oculta nos séculos de obscurantismo quer histórico e religioso, quer ideológico; sim, porque não houve nenhuma ideologia moderna que restituísse à mulher a sua dignidade continuando a aceitar e a conviver com a prostituição, como se de um dado inevitável se tratasse e não é o caso. Para isso era preciso que a mulher tivesse acesso a essa consciência a fim de poder viver a sua totalidade e este é todo um caminho ainda a percorrer pela própria mulher dentro de si mesma ...e no forjar de uma nova sociedade em que a paridade homem mulher não seja um mero decor...

(...) falando agora do meu livro direi apenas que este livro não é para ser lido pela mente ou intelecto, mas pelo coração inteligente e quem não estiver sintonizado com o seu coração terá dificuldade em sentir ou entrar em ressonância com a sua mensagem que é de amor à Mulher e de adoração à Mãe sem equívocos. É o canto da alma que elege o Feminino por excelência como salvação da nossa Mãe Terra. É nesse amor que eu me revejo e identifico e se este pequeno exemplar das ladainhas servir para isso fico grata à vida por me dar esta oportunidade quer de o publicar, quer de dar voz a essa voz antiga que é de todas as mulheres e mães e a que os homens deviam urgentemente dar ouvidos, a risco de o mundo entrar num caos absoluto...

Porque, é Antes do Verbo, no útero, nas águas matriciais, que escutamos os primeiros sons que moldam a matéria, ouvindo o coração da nossa mãe, que palpita com o coração da terra que ela pisa, e se desenvolve mais tarde a nossa capacidade de escutar o nosso próprio coração e o dos seres que nos rodeiam, quando crescermos. Porque todos somos o Verbo que se fez carne.
Amemos, pois a Alma que nos anima. Ela é a capa deste livro lançando “sementes de luz” símbolo da Mulher Eterna que habita no nosso coração, quer sejamos nós homens ou mulheres.


Texto escrito e lido no lançamento do meu livro e que um amigo me pediu para publicar!
Os livros que cito estou constantemente a citar aqui...

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