"A DEUSA NÃO É CITADINA ELA É
A SENHORA DAS COISAS SELVAGENS”
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A frase “invocar a Musa” foi empregue muitas vezes de forma errada, o que obscurece o sentido poético: íntima comunhão do poeta com a Deusa Branca considerada como a fonte de toda a verdade.
Os poetas representaram a verdade como uma mulher nua, uma mulher privada de qualquer artifício que permitiria pela sua visão ligarem-se a um certo ponto do tempo ou do espaço. (...) O poeta é um apaixonado da Deusa Branca da Verdade: o seu coração consome-se por ela e na espera do seu amor.
A MULHER E A POESIA...
Assim que as formas poéticas começam a ser utilizadas por homossexuais e que o “amor platónico” (o idealismo homossexual) se introduz nos costumes, a deusa vinga-se. Sócrates, se bem nos lembramos, teria banido os poetas da sua lúgubre república. A alternativa consistindo a passar sem o amor da mulher é o ascetismo monástico; os resultados que daí advieram foram mais trágicos do que cómicos. No entanto a mulher não é poeta: ela é a Musa ou nada. Isto não quer dizer que uma mulher deveria abster-se de escrever poemas, e sim apenas que ela deveria escrever como mulher, e não como se fosse um homem. O poeta era originalmente o Místico ou o Fiel em êxtase da Musa, as mulheres que participavam nos seus rituais eram suas representantes (...)
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É verdade que a mulher, desde há algum tempo, se tornou o chefe virtual da casa em quase todo o Ocidente, ela agarrou os cordões à bolsa e pode aceder a qualquer carreira ou situação que lhe agrade; mas é pouco verossímil que ela venha a repudiar o sistema apesar da ordem patriarcal dominante. Apesar de todas as suas desvantagens, ela tem agora uma maior liberdade de acção que até o homem não conservou para si próprio; ainda que ela se aperceba intuitivamente que o sistema está maduro para uma mudança revolucionária, parece não se preocupar nem ter pressa para a obter. É-lhe mais fácil fazer o jogo do homem ainda mais um tempo até que a situação acabe por se tornar absurda e inconfortável tanto para uns como para outros se poderem entender.”
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in “A DEUSA BRANCA” de Robert Graves
NOTA À MARGEM:
Este livro foi escrito em 1948, dois anos depois de eu nascer...Passaram sobre esta afirmação cinquenta e quatro anos, e pouco ou nada mudou, embora em Portugal estejamos com cinquenta anos de atraso da Europa e portanto só agora as mulheres têm essa situação visível e não como há 50 anos em França ou em Inglaterra, no entanto nem na Europa nem na América a mulher fez a revolução da sua verdadeira emancipação_ para mim emancipação da mulher significa que no mundo não haja nenhuma mulher sujeita à prostituição ou à burka_ o que significa que houve algum retrocesso ou continua a ser mais fácil fazer “o jogo dos homens” mesmo a custa da sua dignidade e direitos não legais, mas profundos; assim a situação ainda não chegou realmente ao ponto extremo de se tornar de tal modo insuportável que ninguém consiga conviver com este absurdo. A mulher continua a ser morta por lapidação por “adultério” (com o ex-marido) na Nigéria e nas arábias e as mafias exploram raparigas e crianças para prostituição mesmo nas nossas caras aqui mesmo ao lado, em Cascais ou em Bragança e “as mães” ainda se viram contra elas!!!
Odi atque amo (amar é também odiar)
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