O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sábado, agosto 30, 2003



"A aprendizagem da realidade sem rosto é dolorosa, assusta (porque destrói o ego) mas é uma aprendizagem que se faz"


(...)
curando a ferida

"O amor, explica Aristófanes, é a força que recompõe a primitiva natureza andrógina, reunindo dois seres num só e curando a ferida de que sofrem. A antiga natureza humana era um todo que reflectia o modelo cósmico do par céu-terra (o céu e a terra dos quais a lua e o andrógino tiraram as suas qualidades), pois nos mitos de criação a bissexualidade divina é o fenómeno mais espalhado. Como obbserva Eliade, "a androginia divina não é senão uma fórmula arcaica da biunidade divina"


in LITERATURA E ALQUIMIA
Y.K.Centeno

Não somos actores de um drama: somos o próprio drama



"Todo este mundo quotidiano e visível, toda esta gente que boia à superfície da vida, todas estas coisas que constituem os nomes e os feitos da história não são mais que erro e ilusão. Somos todos, não agentes, senão agidos-títeres de maiores que nós. Todo o nosso orgulho de conscientes e a nossa soberba de racionais são o títere que se orgulha de seus gestos. Na verdade o combate é aqui, mas não é nosso; não é connosco, somos nós. Não somos actores de um drama: somos o próprio drama – a ante-estreia, os gestos, os cenários. Nada se passa connosco: nós é que somos o que se passa."



"Sou um cristão gnóstico, inteiramente oposto a todas as igrejas organizadas e, sobretudo, à Igreja de Roma."


FERNANDO PESSOA, Escritos Íntimos, Cartas e Páginas Autobiográficas, Europa-América. 1986

ser um grande artista


"Não se pode porém ser um iniciado nas formas e maneiras deste mundo sem ser um grande artista, nem ter o comando da inspiração (ou intuição), sem que primeiro se o obtenha da palavra e do raciocínio.
Tal é a lei, tal é a escala, tal é a regra (ou via).
Mais pesa na balança da Alma (ou da Gnose) o verdadeiro poeta que pensa o que não sabe, que aquele falso iniciado que sabe o que não pensou."


FERNANDO PESSOA, in Yvette Centeno, FERNANDO PESSOA E A FILOSOFIA HERMÉTICA
Fragmentos do Espólio

Sem comentários: