O TÚNEL DO MARQUÊS
“Marcadas para morrer”
“Cerca de 150 árvores vão ser derrubadas no quadro do projecto, cujos trabalhos se iniciarão no terreno na próxima segunda-feira.
Providência cautelar para impedir abate será interposta a breve trecho”
in Diário de Notícias de 16/8/2003
AS ÁRVORES SÃO SACRIFICADAS AOS CARROS E À BESTIALIDADE DOS HOMENS!
As árvores não morrem de pé...São derrubadas onde mais fazem falta, como é o caso de Lisboa, onde vão ser destruídas 150 árvores creio que seculares...Vence o asfalto e o cimento e a maldição dos carros a criar o inferno por todo o lado. Já não basta o Fogo que destruiu grande parte Flora e Fauna do país...Pela mão dos homens que na sua vã glória de mandar destroêm o que resta de verde na cidade. E não há outros homens nem mulheres que se lhes imponha, um povo com voz porque está anestesiado pelo consumo e pela desgraça, pela estupidez...
Luta-se pelos estádios de Futebol os novos Templos, mas não pelas árvores que nos permitem respirar...
Um dia virá em que em Lisboa não haverá uma sombra enquanto as temperaturas altas aumentam no mundo, tudo por incúria dos homens e o seu inferno de lata e cimento!
Malditos sejam os políticos e as suas manobras para ganhar votos e obedecendo cegamente à loucura colectiva que destrui paulatinamente a natureza e constrói viadutos para “melhorar” o trânsito!
Ah! Como eu amo as árvores e odeio cada dia mais os carros e os políticos sem escrúpulos nem princípios ecológicos...
Daqui a muito pouco tempo esses mesmos homens vão chorar amargamente a falta de uma sombra amiga no meio do inferno de cimento, asfalto e lata em que se tornam as cidades!
Cada árvore abatida ou queimada corresponde a uma gota de vida...E de oxigénio...Um dia o mundo será irrespirável e os homens continuarão a morrer enlatados nas suas estradas e amantes da velocidade!
Um dia
Um dia, gastos, voltaremos
A viver livres como os animais
E mesmo tão cansados floriremos
Irmãos, vivos do mar e dos pinhais.
O vento levará os mil cansaços
Dos gestos agitados irreais
E há-de voltar aos nosso membros lassos
A leve rapidez dos animais.
Só então poderemos caminhar
Através do mistério que se embala
No verde dos pinhais, na voz do mar
E em nós germinará a sua fala.
Sophia de Mello Breyner Andresen
TIRADO "A": BISTURI
O SORRISO DE PANDORA
“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja.
Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto.
Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado
Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “
In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam
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