O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sábado, setembro 01, 2007

AMÁVEIS...só UNS COM OS OUTROS...



PORQUE AS MULHERES QUE NÃO FOREM SANTAS SÃO DEMÓNIOS...


" Conversávamos e ríamos, éramos amáveis uns com os outros; líamos em conjunto livros bem escritos; gracejávamos; respeitávamo-nos mutuamente; discordávamos de tempos a tempos sem animosidade, como um homem discorda de si mesmo. Mas através dessa rara diferença de opinião consolidava-se a harmonia. Ensinávamos e aprendíamos uns com os outros. Sentíamos saudades dos ausentes e acolhíamo-los com alegria quando regressavam. Com estes e outros sinais semelhantes, o amor dos amigos pode passar de coração em coração através da expressão do rosto, olhares e mil gestos de amizade. São como faíscas que incendeiam a nossa alma e fundem o múltiplo num só."


in Confissões de Santo Agostinho


Enquanto Santo Agostinho se confessa assim com os homens, em amor, harmonia e graças, vê as mulheres sem alma e trata-as como inimigas DO HOMEM E DA IGREJA tendo contribuiudo e muito para o desenvolvimento da "caça às bruxas". Muitos dos demonologos que escreveram leis que aplicaram na tortura IMPLACÁVEL e queima das bruxas - qualquer mulher livre e independente ou mais ousada - basearam-se em santo agostinho. É um dos "santos" da Igreja porventura o mais misógino e mais acérrimo defensor da inferioridade e da culpa da mulher...

No próximo poste deixarei algumas das suas frases famosas...
Penso que a linguagem no masculino origina estes equívocos e este é um dos riscos que as mulheres correm através da espiritualidade católica, que é ao julgarem-se incluidas, esquecerem que os seus santos falam só de homens e para homens...enquanto odeiam as mulheres e as colocaram na situação tremenda de alienação e medo em que ainda hoje se encontram...

6 comentários:

Y. disse...

Mas essa misoginia vem de longe, com os judeus que propagaram o culto ao deus-pai único, com os gregos que eram altamente misóginos e influenciaram os romanos que tornaram o cristianismo a religião oficial do ocidente. Não daria pra ser diferente com uma origem dessas. Essa harmonia de que Agostinho fala é meio homossexual. Os gregos afirmavam que só o amor entre iguais era válido, referindo-se ao amor entre homens, que eles consideravam superiores por serem mais fortes e supostamente mais inteligentes. É claro que era um homossexualismo sublimado por conta do judaísmo abominar essa prática e os cristãos terem absorvido isso na nova religião. E por conta dessa 'amizade' tão harmoniosa entre iguais só restava mesmo á mulher o papel do demônio nessa história. Um abraço, Igaci

Anónimo disse...

Uma informação sobre Santo Agostinho.

Sabe-se que antes de se baptizar, Agostinho não era propriamente um SANTO.
Veja-se e leia-se:
(…) É, sem dúvida, o maior génio dos primeiros séculos, senão de todo o cristanismo até hoje. Deixou uma obra teológica impressionante: 15 volumes na edição do Migne (PL 32-47). Tanto santo Tomás de Aquino como Lutero, são Boaventura como Blaise Pascal e Jansênio nele se apoiaram (Kosnik 33; Vidal 63; Heer).

Nascido em Tagasta, África do Norte, província romana, de Mónica, uma cristã fervorosa e de Patrício, um pagão que se converte bem mais tarde, Agostinho teve uma juventude turbulenta do ponto vista sentimental, como ele mesmo descreve magistralmente na sua admirável autobiografia. Teve um filho, Adeodato, com a sua amante. ( nota minha, veja que não era casado e ainda por cima tem um filho – isto para a época em que vivia.)
Recebe uma formação intelectual aprimorada. Sofre primeiro uma forte influencia maniqueísta. Em Milão conheceu o neoplatonismo, na versão de Plotino. Espiritualmente é um eterno catecúmeno, com medo de se baptizar por causa dos compromissos da vida cristã. Luta e reluta, até que uma pregação do santo Ambrósio dá o último toque. Batizado, afasta-se da amante. antes de retornar a Tagasta, sua mãe vem a falecer em Óstia. Chegando a Tagasta, começa uma vida em comum com amigos. Passa uma temporada ao lado de Valério, Bispo de Hipona. Depois da morte deste, o povo o chama para sucedê-lo. É pastoreando seu rebanho que elabora seu pensamento teológico.
A Doutrina: É nas categorias mentais do platonismo que ele tenta expressar a experiência cristã, sendo que a vivência pessoal nada lisonjeira (excessiva dependência materna, nenhuma identificação com o pai, sensualidade) reflecte se4nsivelmente na sua visão, na forma de certo pessimismo antropológico. Por si só o homem de nada vale. É um joguete, dilacerado pelo conflito entre “dois amores que constroem duas cidades: o amor a Deus, ao ponto do auto desprezo, que constrói a cidade de Deus, que constrói a cidade dos homens”. Este conflito é consequência do PECADO ORIGINAL, que deixa o homem entregue à CONCUPISCENCIA (libido). Só a GRAÇA pode salvá-lo, mediatizada pela IGREJA. Fora da igreja não há salvação! Tão corrompido é o homem que, mesmo baptizado, necessita do amparo da Igreja e do Estado, o qual é o braço secular dela. Toda heresia deve ser exterminada até pela violência.

Sexualidade e matrimónio : A rebeldia do primeiro pecado (peccatum originans) se manifesta na rebeldia da carne (pecadum originatum), ferida da natureza que é transmitida pela geração a toda criança que nasce. (nota minha: isto é terrível… como se nada pudesse sem culpa… perigoso este “MEME” ) como na visão platónica: o homem não está no seu habit natural. Contudo, o Verbo (Logos) se fez carne para curar a ferida. O acto sexual sem si reactiva a ferida, ofusca a lucidez do logos e compromete a dignidade humana, mas este risco pode ser contornado pelos 3 “bens” (valores) do matrimónio cristão: o bem da prole, o bem da fidelidade, o bem do “sacramento” (= juramento, compromisso definitivo, indissolubilidade). Desta forma o matrimónio cristão se torna um “remédio para a concupiscência”, uma graça medicinal, fruto da Redenção. É esta a transposição agostiniana do pensamento platónico. A norma ética derivada desta visão não deixa de ser bastante restritiva: o acto sexual em si é fortemente suspeito; só não será prejudicial para o homem, só será tolerado como não antiético, se realizado dentro da estrutura do matrimónio e em função da procriação.
Esta visão e esta norma pesarão sobre a moral cristã durante longos séculos. Outros se encarregarão de enfatizar ainda mais os aspectos negativos que lhe são inerentes (Janessens; Schillebeeckx a).

_ é impressionante, como um homem que fez o contrário, tenha criado estas leis morais, estes valores… pois ele, teve uma amante e teve um filho desta sem casamento… acho que ele devia sentir-se tão sujo e cheio de pecado, que o projectou sobre as massas… é perigoso, quando um homem resolve ditar leis, apartir da sua experiência.

Anónimo disse...

Também, me veio à ideia a situação HOMO de Agostinho, que não tinha nenhuma identificação com o pai biológico, e aquando do seu batismo ter-se aliado ao Bispo, o qual veio a suceder mais tarde.
É famosa a frase entre esses grupos e não só : "tem conhecimento anal entre eles"...

Anónimo disse...

Nas religiões cósmico – telúricas, os deuses eram concebidos como seres assexuados que se misturavam com os homens e a história destes. A sexualidade, o coito eram normais e uma consagração e comunhão com uma divindade ou algo maior. Com o judaísmo as coisas inverteram-se, pois este desmiolou e dessacralizou o coito, e a sexualidade. Com isto quebrou o elo aos deuses e demónios. Enquanto que nas primeiras religiões o celibato não existe, e a fecundidade é celebrada… Mas, segundo dizem, devido a esta guerra aferroada, as mulheres acabaram por perder, pois ficou dominada pelos homens, o que terá acontecido devido aos contactos com os cananeus.
Somente como exílio dos judeus, é que as coisas agravam, quando foram para a persa e entraram em contacto com a religião persa, que era bastante dualista. Acreditava que o mundo era dividido em dois grandes pólos, o pólo do bem, governado por ALTO DEUS e o pólo do mal, governado pelo BELIAL. As coisas começaram mesmo a dualizar-se na persa, com esta divisão e que também dizia que os homens eram bons e maus, porque à imagem deste universo dual. Diziam que pelo sexo e pela mulher que Belial actuava. Daí nasce o ascetismo e cujo corpo e sexo e a mulher são coisas hostis, porque personificam o BELIAL.
Com o nascimento de Mani, e o seu maniqueísmo séculos depois, tudo foi reactivado para pior. Santo Epifânio escreveu, que a mulher é toda filha do demónio, ao passo que o homem é só pela metade, ou seja abaixo ele é filho do demónio e acima é filho de deus. Quando o casamento se dá, diz que o casamento é obra do demónio ao quadrado.
Com isto o judaísmo sofreu estas doutrinas morais e depois o cristianismo deu a volta de 180 graus… por assim dizer. Provavelmente João Batista, com a qual se iniciará o nascer do cristianismo, tenha vindo da comunidade judaica…

Acho que ainda vou escrever mais alguma coisa... Estou dando uma vista aos meus apontamentos, já que de tempos a tempos me relembro... e como já escrevi isto à bastante tempo, agora lendo seu texto, fui vasculhar o báu só para certificar-me... porque não gosto de guardar nada na cabeça.. leio, escrevo anotando e dp trato de desligar!!

luz disse...

"As mulheres a querem ascender na hierarquia da Igreja Católica são como os negros a quererem aderir ao KU KLUX KLAN"...

rosaleonor disse...

Adorei todas as vossas postagens e agradeço do coração o vosso empenho aqui manifesto.

Um abraço

rosa leonor