O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

sábado, julho 19, 2008

uma autora controversa...

Principais Trabalhos
Personas Sexuais - Arte e Decadência (1992)

Sexo, Arte e Cultura Americana - Ensaios Vampes & Vadias (1994)

Os Pássaros - Ensaio sobre o filme de Hitchcock (1998)

"Seus trabalhos estão repletos de citações que vão desde a mitologia até a cultura pop americana, utilizando em sua análise um olhar peculiar, original e direto. Concordando-se ou não com suas conclusões, é inegável a estrutura sólida em que foi construído seu sistema de pensamento.
Se você não tem medo de uma mudança de paradigmas, vale a pena conhecer o trabalho de"
Camille Paglia

aLGUMAS CITAÇÕES DA AUTORA:

«Abandonemos de vez a pretensão da igualdade entre os sexos, e admitamos a terrível dualidade do género».


“A arte é o melhor que o homem consegue para imitar a majestosa autonomia feminina.”

"Quanto à eterna admiração que os gays têm pelas divas, como Marlene Dietrcih, Judy Garland ou Maria Callas, só há uma explicação: elas são “uma mãe-pai universal”, com “uma fria vontade masculina e subtis ambiguidades sexuais nos gestos e aparência”. Eles precisam disso. Tal como precisam do travestismo.

“Quando um homem se veste de mulher é porque procura Deus, está a homenagear a sua mãe.”


O único livro da autora que tive nas mãos foi Vampes & Vadias, que, confesso não consegui ler. Um leitor porém acaba de me chamar a atenção para um último livro da autora e nas pesquisas que fiz atrairam-me algumas das suas ideias...e senti mesmo uma certa afinidade com a sua postura embora evidentmente não esteja de acordo com tudo, como é natural que aconteça com toda a gente...Por exemplo nunca gostei de Madona...
Mulheres & Deusas é o outro lado de Vampes & Vadias...
Mulheres & Deusas quer integrar as duas mulheres...Vampes & Vadias são só a versão de um dos lados da mulher com olhares diferentes e que são os da nossa sociedade na expressão dos dois esteréotipos mais badalados na moda e no cinema. Seja como for não deixa de anunciar a fragmentação da mulher em vários estereótipos...
O Feminino Sagrado não é mais do que o Paganismo inicial - perseguido e denigrido pelos fundamentalistas cristãos - em que o culto do Princípio Feminino através da Deusa Mãe e não do deus-pai, realçava o poder inato da mulher e ele estava activo - quando ainda não tinha sido cindida em duas pelas religiões judaico-cristãs e a mulher era um Ser inteiro, não precisando de se dividir em santa e pecadora nem em Vampe & Vadia. A sexualidade era livre e de foro sagrado, ritualístico.

E quando a autora diz que “Quando um homem se veste de mulher é porque procura Deus, está a homenagear a sua mãe” , para mim ele está a homenagear a Deusa Mãe dos primórdios e tal como hoje em dia mudam de sexo, castrando-se, assim faziam os homens que se queriam dedicar ao culto da Deusa e viver a experiência de ser mulher e deusa. Este costume ainda persiste em alguns pontos da Índia embora deformados pelo sexismo exacerbado ou a banalização que a sexualidade sofreu ao longo do século, a partir do momento em que se dessacrilizou a mesma.

É justamente sbre a sexualidade que eu não concordo com alguns pontos de vista da autora.
Voltarei ao assunto depois de ler o seu livro recentemente publicado.

rlp

2 comentários:

Anónimo disse...

oi querida rosa,
eu gosto da paglia.. ela já falou sobre maternidade como um dos pontos cegos do feminismo, coisa que eu concordo totalmente...
quanto à questão dos gays, tenho convivido com alguns transgeneros e penso que eles estão a manifestar o sagrado feminino de uma forma que pode até ser discutível, caricatural, mas inegavelmente estão manifestando o feminino e por isso estão já um passo além dos machistas recalcados... pois à sua forma, estão tentando se conectar com a energia feminina, em vez de reprimi-la em si. o assunto é todo controverso... eu particularmente respeito essa expressão de ser.
grande beijo, sigo sempre acompanhando vc, a nana e a marian...

Anónimo disse...

Eu estou em parte de acordo consigo quanto aos gays mas isso é muito complicado...para um comentário.

também a acompanho e sei do seu trabalho.
Por aqui o último Encontro no feminino não apareceram mais de 3 mulheres...É difícil trabalhar com as mulheres enquanto elas estiverem fragmentadas. Mas o importante é nosso próprio evoluir e a nossa consciência e a nossa energia pode contagiar quem estiver aberta...por aqui já tive algumas trocas com a Nana aparentemente menos cordiais mas não tocou o cerne da relação pela consciência que partilhamos...Nunca desista de si...
um abraço

rosa leonor