O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quinta-feira, novembro 13, 2008

PORQUE NÃO GOSTO DE ATHENA...NEM DOS ROMANOS!


A FILHA DO PAI...

"Talvez o maior diferenciação da Deusa Atena está em não ter conhecido e não ter convivido com a mãe, Métis. Na verdade Atena parecia não ter consciência de que tinha mãe, pois considerava-se portadora de um só genitor, Zeus. Na qualidade de tão somente "filha do pai", Atena tornou-se uma defensora dos direitos e dos valores patriarcais.

Ela era o "braço direito" de Zeus, com crédito total para usar bem sua autoridade e proteger as prerrogativas dele. Muitas dedicadas secretárias executivas, que devotam suas vidas a seus patrões, são bons exemplos das convicções da Deusa Atenas.
(...)

A Deusa não conheceu sua mãe, Métis.


Nesse primeiro relato do mito, o ato de engolir a esposa grávida e a filha nascer da cabeça do pai, nos faz lembrar do nascimento de Eva da costela de Adão. É bem sugestivo que tanto Atena como Eva se associem com a serpente: as vezes a serpente inclusive podia aparecer no lugar de Atena, e na Gênesis a serpente tem, as vezes, o rosto de Eva, enquanto que o significado que são dadas as essas imagens são muito diferentes. Porém, em ambos os mitos a Mãe Natureza perde força e o macho se apropria de seus poderes como doadora de vida.Esse mito é o maior testemunho do momento histórico em o patriarcado se impõe sobre a ordem anterior (matriarcado)."

(ENVIADO POR PALAS ATHEN)

5 comentários:

Anónimo disse...

DEUSA ARTEMIS/DIANA


Todos nós conhecemos a imagem de Ártemis (Diana, para romanos), que foi esculpida e pintada como uma deusa lunar esquia, virginal, acompanhada de cães ou leões e trazendo um arco dourado nas mãos. Ela era a deusa mais popular da Grécia. Ela habita as florestas, bosques e campinas verdejantes, onde dança e canta com ninfas que a acompanham. Em seu culto, estão presentes danças orgiásticas e o ramo sagrado. Ela era uma deusa de múltiplas facetas associadas ao domínio da Lua, virgem, caçadora e parteira e de fato representa o feminino em todos os seus aspectos.

Quando Ártemis era pequena, Zeus, seu pai, perguntou-lhe o que queria de presente em um dos seus aniversários.

- Quero correr livre e selvagem com meus cães pela floresta e nunca, nunca casar. Foi feita a sua vontade.




Ártemis, é a mais antiga de todas as Deusas gregas. Alguns autores traçam suas origens às tribos caçadoras de Anatólia, que teria sido a morada das míticas amazonas. Outros afirmam sua descendência provêm da grande deusa da natureza Cibele, na Ásia Menor, uma Senhora das Feras que costumava estar sempre rodeada de leões, veados, pássaros e outros animais. Mas de acordo com Walter Burkert em "Greek Religion", é provável que Ártemis remonte à era paleolítica, pois em sua homenagem os caçadores gregos penduravam os chifres e peles de suas presas numa árvore ou em uma pilastra em forma de maça.

ARQUÉTIPO DA MÃE DOS ANIMAIS

Ártemis /Diana era o ideal e a personificação da vida selvagem da natureza, a vida das plantas, dos animais e do homens, em toda sua exuberante fertilidade e profusão.
Na Itália chamaram-na Diviana, que significa a Deusa, um nome que é mais familiar, pois é bem similar ao seu nome original Diana. Ela era de fato a Caçadora, Deusa da lua e mãe de todos os animais. Ela aparece em suas estátuas coroada com a lua crescente e carregando uma tocha acesa. A palavra equivalente em latim para vela era "vesta" e Diana era também conhecida como Vesta. Assim, o feixe de lenha, no qual ela veio da Grécia era realmente uma tocha não acesa. No seu templo, um fogo perpétuo era conservado aceso.



Sua festa anual na Itália era comemorada no dia 13 de agosto.
Neste dia os cães de caça eram coroados e os animais selvagens não eram molestados. Bebia-se muito vinho e comia-se carne de cabrito, bolos servidos bem quentes e maçãs ainda pendentes dos ramos. A Igreja Católica santificou esta grande festa da Deusa virgem, transformando-a na festa católica da Assunção da Nossa Senhora, a 15 de agosto.



A DEUSA E O XAMANISMO








Era muito comum o xamã usar uma pele de urso para que o Grande Espírito dos ursos possa falar por seu intermédio. Nestas práticas visualizamos claramente uma continuidade com a Ártemis grega posterior, cujos principais animais totêmicos eram o urso e o veado. Até a raiz de seu nome, "art", está ligada à raiz indo-européia da palavra urso. Muitos mitos envolve Ártemis com os ursos. Nas primeiras histórias gregas ela aparece como uma ursa ao lado de seus filhotes.



Existiu inclusive, um rito de iniciação à deusa, onde meninas com menos de 9 anos, dançavam com pele de urso a dança do urso em seu templo. Bodes eram sacrificados nestas cerimônias, para que tais jovens pudessem conhecer também o lado sombrio da Deusa-Lua e os seus mistérios sangrentos da morte, sacrifício e renovação.
Aqui se descortina também, o aspecto feroz e sanguinário de Ártemis, a própria Mãe da Morte, que tem que ser aplacada com oferendas vivas. Os gregos mais sofisticados de Atenas, com o tempo, resolveram sentimentalizá-la, pois eles não ousavam encarar de frente este seu aspecto sanguinário.


DEUSA DA CAÇA

Ártemis é também a Deusa da Caça e dos caçadores. O mito nos pede que entendamos como é que a Mãe de seus animais é, ao mesmo tempo, quem lhes dá a morte. O Hino Homérico a Ártemis, escrito em 700 a.C., a retrata como uma caçadora de cervos, com arco de ouro e flechas que gemem, que corta os bosques escuros lançando gritos, fazendo eco aos alaridos de dor dos animais; uma imagem que expressa a selvageria da caça. Homero diz do caçador que:

"a própria Ártemis lhe havia ensinado a disparar à todas as feras que o bosque cria nos montes".



O caçador afortunado colocava a pele e os chifres de sua presa em uma árvore ou colocava a coluna consagrada à Ártemis como sinal de agradecimento, e no templo de Despoina em Arcádia sua estátua estava coberta por uma pele de cervo.

Porém, como Deusa dos Animais, as vezes, caminha junto de um cervo ou veado, ou conduz um carro conduzido por cervos e, ainda, ela mesma aparece como um cervo ou ursa, até porque, os animais selvagens são a própria Deusa encarnada na forma animal.
Parece, portanto, que a figura de Ártemis foi construída sobre um paradoxo: é ao mesmo tempo, caça e caçadora, a presa e a flecha que a abate.
O que pode significar o que, como caçadora, se dispara a si mesma flechas de ouro?
No período Paleolítico matar a um animal equivalia a desfazer um vínculo sagrado, e a unidade primogênita tinha que restaura-se para que o povo pudesse viver em harmonia com a natureza, o que ao mesmo tempo significava viver em harmonia com o próprio ser. A pureza do caçador é um ritual de caça muito antigo, como é o ritual de restituição da vida arrebatada, já seja sacrificando alguma parte do animal morto ou reconstituindo-o através da arte. O urso na parede da caverna de "Les Trois Frères", coberto de flechas, pode interpretar-se desde este ponto de vista. No entanto, si tanto o animal caçado como a pessoa que o caça sob a proteção da Deusa, a ordem sagrada não pode realmente vulnerar-se. Ela é, definitivamente, quem dá e quem arrebata e nada poderá ser feito sem o seu consentimento.

Porém, essa dependência da graça da Deusa vem acompanhada de medo: medo de que o caçador não seja o bastante puro para tomar parte de seus rituais, ou de o sacrifício de restauração não seja suficiente, de que seu dom possa ser negado ou mesmo, de que os caçadores acabem convertendo-se sem presas.


DEUSA VIRGEM DO PARTO



Encontramos o eco desta Deusa Ursa Primordial em todas as questões ligadas ao parto e à proteção de crianças e animais de peito.
Ártemis era a que regia os partos: ensinava a mulher que dava à luz a abandonar sua identidade cultural e a permitir que a guiasse a sabedoria do corpo, mais profunda:

"Através de meu ventre se desencadeou um dia esta tormenta, porém invoque a celestial Ártemis, protetora dos partos e que cuido do arco, e favoravelmente acuda sempre as minhas súplicas". Assim canta o coro na obra de Eurípides.

A imagem leonina de Ártemis volta a expressar o medo ante ao abandono às forças da natureza, que, especialmente no parto, com seu necessário momento de entrega, pode expressar-se como "dom" ou como "maldição".
Existia a tradição também, que toda a mulher que sobrevivesse ao parto, deveria entregar suas vestes ao templo de Ártemis em Brauron, em Atenas.

Como "Mãe Ursa", tão ternamente retratada em uma imagem neolítica de Mãe Ursa com seu cachorro, a Deusa também cuida do recém-nascido, juntamente porque a lactância das crias de toda espécie pertence à esfera dos instintos da natureza. A ursa que está criando a seus pequenos é o animal mais feroz do mundo e, entre todos os animais, exceto os humanos, o simples ato de amamentar assegura a vida e espanta a morte. As jovens dançavam em honra de Ártemis ataviadas com máscaras e disfarces de urso, explorando assim a liberdade de sua própria natureza de urso, pois eram chamadas de "arktoi", "ursas".
Na Creta contemporânea, Maria, em seu papel de mãe, segue sendo honrada como "Virgem Maria do Urso".


No entanto, Ártemis não era mãe. Era a Virgem intacta cuja túnica curta e exercitada musculatura lhe davam um aspecto masculino; as meninas de nove anos, em sua etapa da pré-adolescência, eram suas companheiras favoridas. Durante as danças de suas festas as meninas, as vezes, levavam falos para celebrar que a Deusa continha em si mesma sua natureza masculina. Rodeava à Ártemis uma pureza, um inflexível autonomia, que conectava os amplos espaços inexplorados da natureza com a solidão que todo o ser humano precisa para descobrir uma identidade única.

Como Deusa das jovens solteiras e das mães parturientes, Ártemis une em si mesma, uma vez mais, dois princípios opostos, sendo mediadora de ambos. É possível que isto expresse uma ambivalência real: a do momento em que se chega a uma idade de troca vitais; atrás da perda da liberdade indomável e irresponsável da menina, há uma substituição pela dedicação constante que se necessita para se cuidar de um filho.

Todas as jovens que pensavam em casar e iam dançar em suas festas, na noite antes da da boda deveriam consagrar suas túnicas à Ártemis. Nenhum casamento era celebrado sem sua presença.


ÁRTEMIS E O SACRIFÍCIO


Ártemis era, entre todas as Deusas gregas, quem mais recebia sacrifícios. Pausanias relata um sacrifício anual à Ártemis em Patras: como em muitos outros lugares, toda a classe de animais selvagens eram jogados na fogueira e se queimavam, aves, cervos, lobos, javalis, etc. O mesmo ocorria em Mesene, perto do templo de Ilitía, a antiga Deusa cretense do parto, as vezes associada à Ártemis.

Parece, portanto, que a Deusa que personifica o lado selvagem da natureza é q que provoca o medo mais primitivo a depender de forças que estão muito além do controle humano, e cujas leis podem violar, sem dar-se conta disso.

O poema épico principal da cultura grega, a Guerra de Tróia, começa com um erro desse tipo. Agamenon havia matado um cervo em um bosque consagrado à Ártemis que, como retribuição, exige dele o sacrifício de sua filha Ifigênia. Mediante a astúcia de seu irmãos, Orestes, uma gama é sacrificada em seu lugar, porém a imagem de Ártemis, necessita de sangue humano.

Na realidade se sacrificava cabras à Ártemis antes de cada batalha, pois a caça e a guerra se apresentavam como equivalentes.

DEUSA TRÍPLICE
Como Deusa do sub-mundo, ela é associada ao Nascimento, Procriação e Morte. Como Deusa da terra, representa as três estações: Primavera, Verão e Inverno. Como Deusa do céu, ela é a Lua nas fases de Lua Nova, Lua Cheia e Lua Escura. Como Deusa Tríplice foi personificada de mulher primitiva, mulher criadora e destruidora.

ÁRTEMIS DE ÉFESO

Em Éfeso, na Ásia Menor, onde antigamente a Deusa Mãe anatólia deu à luz apoiada em seus leopardos, se alçava um esplêndido templo com uma imensa estátua de Ártemis, uma enorme figura enegrecida, com o corpo coberto de cabeças de animais e enormes peitos na forma de ovo. O curioso é a razão pelo qual se deu o nome de Ártemis, pois essa fecunda figura desenvolta fertilidade não parece nada com a angulosa Ártemis da tradição grega. É provável que se tratasse originalmente de uma manifestação local de Cibeles, a que logo os gregos deram o nome de Ártemis.
Sendo que as figuras míticas perderam durante milênios, não deixa de ser significativo que, mais de mil anos mais tarde, também fora Éfeso o lugar em que Maria, mãe de Jesus, foi proclamada "theotokos", "Mãe de Deus".






ÁRTEMIS E APOLO


A versão olímpica da antiga linhagem de Ártemis a faz filha de Zeus e Leto e irmã de Apolo. A história conta que Leto sofreu as dores do parto durante nove dias e nove noites antes de dar à luz aos gêmeos. Ártemis foi a primeira a nascer, e foi um parto sem dor; depois nasceu Apolo. Segundo alguns relados, se converteram na Lua e no Sol.


A relação entre Ártemis e Apolo não foi sempre o simples vínculo entre um irmão e uma irmã que compartilham o arco e as flechas, a lira e a pureza da distância e dos grandes espaços abertos. Em Delos, onde nasceram, o templo mais antigo e de maior tamanho, que mais tarde se converteria em santuário de Apolo, construído em torno de 700 a.C., pertencia a Ártemis. O templo de Apolo foi erguido na periferia. No entanto, em Delfos, que Apolo se apropriou no século VIII a.C., enquanto pertencia antes a Deusa da Terra, Ártemis não está presente. Harrison considera significativa esta exclusão e diz:



"Ártemis, como Mãe, tinha um deus varão ou filho como consorte subordinado, do mesmo modo que Afrodite tinha a Adonis. Quando o patriarcado expulsou o matriarcado, a relação entre o primeiro casal se espiritualiza, logo esse casal se concebe na relação estéril de irmã e irmão. Finalmente, a figura feminina se desvanece por completo e o consorte varão emerge como mero filho de seu pai ou mero porta-voz da vontade de seu pai".



A DEUSA E SEU FILHO AMANTE


O mito da Grande Mãe que se une ao seu consorte para depois sacrificá-lo no rito de matrimônio sagrado pode ver-se claramente no conhecido relato de Actéon, o príncipe tebano, em cuja iconografia o mito antigo se vislumbra. O próprio Actéon era caçador e viu Ártemis enquanto se banhava nua. Para Deusa, um intruso humano em sues ritos sagrados era uma profanação, castigou-o então convertendo-o em um cervo. Os cães de Actéon, incapazes de reconhecer o dono, o fizeram em pedaços. Sua mãe, Autónoe, assumiu o papel de Ísis para com Osíris, reconstituindo seu corpo desmembrado, voltando a unir os ossos do filho.






Um relato, entretanto, mais antigo, pode ser a da união e posterior desmembramento do matrimônio mítico entre Ártemis como cerva e seu filho-amante como cervo. Na figura acima, uma pele de cervo cobre as costas de Ártemis, de maneira que se transforma verdadeiramente em Actéon em uma versão masculina de si mesma, ou seja, em seu consorte.






O banho de Ártemis faz eco ao banho ritual da Deusa, que, como nos conta Tácito, em seu "Germania", só podia se visto por "homens condenados à morrer". Os cães que desmembraram Actéon são também animais sagrados de Ártemis, e suas sacerdotisas usavam máscaras com rosto de cão caçador, o que sugere que o desmembramento era encenado ou imitado pelas sacerdotisas.


A diferença entre o mito antigo e o novo resulta esclarecer a importância do que se perdeu, pois na troca do matriarcado para o patriarcado, houve muitas implicações e não se resume tão somente a perda de poder das mulheres e das Deusas. Mais significativamente, o que se perdeu foi uma história que é verdadeira, no sentido de que articula uma percepção intuitiva da psique, e portanto devolve à psique sua harmonia inerente.
Cassirer falou:"o homem só pode chegar a descobrir e a adquirir consciência de seu próprio interior, pensando-o em conceitos mitológicos e instruindo-o em imagens mitológicas". Isso quer dizer, que qualquer diminuição das imagens dos deuses provoca uma diminuição ainda maior, da capacidade dos seres humanos de conhecer-se a si mesmos. A história do matrimônio sagrado da Deusa e do deus, clarifica a relação entre a vida infinita e a finita e, portanto, entre as partes divina e humana da psique, de tal maneira que possam compreender-se mais profundamente as forças interiores enfrentadas.
Ártemis, como alma do selvagem, dá expressão ao lugar da psique onde a humanidade se sente livre das preocupações humanas, e ao mesmo tempo, aberta aos imensos poderes indômitos da natureza. A figura que tomou vida na imaginação grega outorgou um caráter absolutamente sacro aos âmbitos selvagens da natureza e aos âmbitos selvagens do coração humano que os refletem.



ÁRTEMIS/DIANA HOJE






O Arquétipo da feminilidade desta Deusa-Virgem, começa a se tornar importante novamente. Por muito tempo permanecemos à sombra da feminilidade absoluta, sob a influência de uma realidade masculinizada.


Ártemis/Diana é tão linda quanto Afrodite e nos fala que a solidão, a vida natural e primitiva pode ser benéfica em algumas fases de nossa vida. Amazona e arqueira infalível, a Deusa garante a nossa resistência a uma domesticação excessiva.







Além disso, como protetora da fauna e flora, ela é uma figura associada à ecologia contemporânea, onde há necessidade de salvaguardarmos o que ainda nos resta.
Uma parte deste redespertar da espiritualidade artemisiana já vem ocorrendo há vários anos na Europa, mas já chegou também ao Ocidente. Na Grã-Bretanha, redescobriu-se a antiga Deusa Branca dos celtas, graças ao maravilhoso livro "White Goddess", de Robert Graves.
Hoje já há também uma nova compreensão sobre feitiçaria, sob o nome de Wicca. Esta religião-arte, nada mais é do que a "antiga religião" de Diana/Ártemis. Aquelas mulheres que praticavam o culto à Deusa Diana vieram a ser identificadas com as chamadas bruxas e foram perseguidas e exterminadas. Entretanto, junto com a Wicca e outros movimentos semelhantes, está ocorrendo uma importante ressurreição das antigas tradições xamânicas e de cura nos quatro cantos do mundo.






Todos os tipos de neo-pagãos têm buscado as origens reais ou reconstruídas do xamanismo.



EM BUSCA DA INDIVIDUALIDADE PERDIDA







Ártemis atira-lhe sua flecha da individualidade, convidando-a(o) a concentrar-se em si mesma(o). Você tem estado demasiadamente ocupada com outros que esquece de si mesma? Há bastante tempo não tem um espaço só seu? Os limites de sua individualidade encontram-se difusos e indistintos? Sua personalidade é desprezada ou aniquilada pelos outros, pois eles sempre impõe suas necessidades antes das suas? Pois aqui e agora é hora de ser você mesma, se impor como pessoa com identidade própria e não viver mais a vida dos outros. É hora de seu resgate individual, de celebrar e fortalecer a pessoa maravilhosa que você é. Ártemis lhe diz que a totalidade é alimentada quando você se honra, se respeita e dedica um tempo para si mesma. Ela também pergunta como você pode esperar conseguir o que quer se não tiver um "eu" a partir do qual atirar para alcançar seu objetivo?


RESGATE DE SUA MULHER SELVAGEM




Encontre um local em que ninguém possa lhe incomodar, se for ao ar livre, tanto melhor. Sente-se confortavelmente. Inspire profundamente e expire emitindo um som, tipo hhuuuumm! Faça isso por três vezes. Agora você deve visualizar uma frondosa árvore. Imagine-se em frente à ela e em seguida ande a sua volta. Do outro lado do árvore verá uma abertura em seu tronco, como a porta de uma caverna, entre nela sem medo. Dentro do árvore relaxe e sinta-se mergulhar no vazio. Para baixo.....mais para baixo bem devagarinho............ você terá a sensação de estar flutuando. Quando alcançar o final da raiz, sinta como se estivesse caído sobre um travesseiro de penas de ganso, macio..macio. Você chegou às portas do sub-mundo.



É hora de clamar pela Mulher Selvagem. Você pode gritar, uivar, cantar, dançar, bater tambor, o que achar melhor, mas faça bastante barulho, pois talvez ela esteja por demais adormecida dentro de você. Quando você a enxergar, agradeça sua presença e peça-lhe algo, qualquer coisa. Se não tiver idéia sobre o que pedir, peça que ela lhe dê o que mais precisa, que você receberá o presente com o coração aberto. Se ela lhe pedir algum presente, retribua com carinho. Após estas trocas simbólicas, seus laços de amizade estarão reforçados. É hora de retorna, peça-lhe docemente que ela lhe acompanhe. Ela lhe dirá sim e você em retribuição a sua gentileza deve abraçá-la e, ao fazê-lo, sentirá que você e a Mulher Selvagem se fundirão em uma só. Uma onda de felicidade e alegria tomarão conta de todo o seu ser.


É hora de percorrer o caminho de volta, encontre à raiz da árvore que estará atrás de você. Deixe-me novamente flutuar e sentirá que uma brisa fraca a impulsionará para cima...para cima...cada vez mais para cima, até alcançar o interior do tronco da árvore. Ao sair pela abertura, respire bem fundo e a medida que solta o ar, senta seu corpo novamente. Movimente os dedos da mão e assim que estiver pronta abra os olhos. Seja Bem-vinda!

RITUAL DO ARCO DE ÁRTEMIS




Esse ritual é excelente para ser realizado quando desejas muito alcançar um objetivo financeiro ou material. Já foi realizado por minhas irmãs bruxas e sempre conseguimos alcançar tudo que desejávamos. Portanto, passo para vocês algo de muito bom, criado pelas bruxas do sul (RS), pois aqui temos muita gente boa praticando bruxaria. A maioria das irmãs de meu coven, são como eu, filhas de imigrantes europeus, herdeiras de conhecimentos que foram transmitidos por nossas avós e mães e, portanto praticantes da verdadeira bruxaria, aquela, "a original", que é passada de geração à geração.



Material:

1 metro de fita: da cor branca, verde e azul (cores da Deusa Ártemis)






3 velas pequenas nas cores: verde, branca e azul.







Esse ritual deve ser realizado na Lua crescente ou cheia em um local onde haja árvores, para que você consiga encontrar na própria natureza o arco de Ártemis. Pode ser qualquer galho que possua a curvatura de um arco.






Em seguida que achar o galho certo, com ele trace um círculo em torno de você. Agora deve invocar as quatro direções e as energias dos elementos, anjos e os poderes que neles residem usando o arco, que deve ser segurado com a mão esquerda. Para invocá-los é necessário se posicionar em frente a cada ponto cardeal e dizer:


NORTE,

Guardiões das Torres de Observação Norte,
Convidamos o Arcanjo Uriel (terra) e o javali, o urso, o lobo, o boi de chifres brancos;
Pelos poderes da terra e da Criação,
Venham à esse círculo e nos abençoem.
Terra, SEJA Bem-Vinda!

OESTE,


Guardiões das Torres de Observação Oeste,
Convidamos o Arcanjo Rafael (água), a águia e o salmão;
Pelos poderes da água e da emoção,
Venham a esse círculo e nos abençoem.
Água, Seja Bem-Vinda!







SUL,

Guardiões das Torres de Observação do Sul
convidamos o arcanjo Miguel (fogo) e o leão;
Pelos poderes do fogo e da transformação,






Venham a esse círculo e nos abençoem
Fogo, Seja Bem-vindo!

LESTE,







Guardiões das Torres de Observação do Leste,
Convidamos o arcanjo Gabriel(ar) os pássaros do ar.
Pelos poderes do ar e da razão,
Venham a esse círculo e nos abençoem
Ar, Bem-vindo!

Depois, peque as três fitas e juntas enrole-as no arco de Ártemis, de modo que cubra boa parte dele. Amarre as pontas. Acenda as três vê-las juntas e fixe-as no chão. Agora diga:

Poderosa Deusa Ártemis,
Cujas áureas flechas arrancam gemidos
Venho lhe pedir ajuda para alcançar meus objetivos:....






.....descreva o que deseja, enquanto gira o arco por cima sua cabeça.







Feche os olhos e visualize a Deusa vindo até você com uma comitiva de ninfas que dançam a sua volta. Sorria para ela e agradeça a sua presença.
Abra os olhos, agradeça aos elementais, animais e arcanjos também por terem ajudado para que tudo acontecesse da maneira mais correta e para o bem de todos.







Desfaça o círculo caminhando no sentido anti-horário dizendo:







"ENVIO ESSE CÍRCULO AO UNIVERSO COMO OFERENDA. O CÍRCULO É DESFEITO, MAS NÃO É QUEBRADO!"




INVOCAÇÃO




Oh, minha Deusa Diana
Escuta a voz de meu coração
Ouça a minha canção de adoração
O céu na Lua Cheia
se enche com sua beleza
Que seu feixe de prata
Abra a porta dos sonhos
Minha amada Deusa Lua
Ensina-me seus mistérios antigos
Presenteia-me com a sabedoria e
ajuda-me a afastar espíritos opressores
para que a cura se opere dentro de mim
Abençoa-me e recebe-me como sua filha(o)
Quando meu corpo cansado repousar esta noite
fale com meu espírito interno
Ensina-me, Rainha da Noite
Sou toda ouvidos!







EM BUSCA DAS DEUSAS PERDIDAS




"A grande pergunta que jamais foi respondida, apesar de meus quinze anos pesquisando a alma feminina é: O que uma mulher quer?" Sigmund Freud.
Há uma dinâmica fundamental por trás das atitudes de toda a mulher. Parte é adquirida com sua interação social, parte é inata. Quando a mesma dinâmica é constatada num grupo de pessoas, temos o que Jung denomina de ARQUÉTIPO. Esta forma pura na mitologia toma o nome de "Deusa".
As deusas personificam as muitas e diversas maneiras que uma mulher pode ser levada a adotar e a sentir, quando está apaixonada (Afrodite), quando está inspirada em um ideal (Atena) ou quando absorta em seu papel de mãe (Deméter).
Devido muitas vezes à nossa formação, há uma tendência de se considerar mitos antigos como bobagens supersticiosas. Engano nosso, pois eles representam uma psicologia altamente sofisticada. É por intermédios dos arquétipos que se conhece a identidade das pessoas. Eles podem aparecer em sonho, se manifestar no dia no dia-a-dia, ou permanecerem ocultos, mas sempre nos dão a dica que precisamos na busca da verdade e do conhecimento.

Vou passar a vocês a partir de agora, um pouco do resgate que fiz junto as deusas. Vale a pena conhecer um pouco mais destas deusas maravilhosas que habitam o nosso interior!
Selecionei seis Arquétipos-Deusas principais gregas, que são as que estão mais ativas na vida das mulheres da nossa era:

1. MULHER-ATENA

Esta é a mulher regida pela sabedoria da civilização. Busca a realização profissional, sendo bem sucedida na educação, na cultura intelectual, justiça social e política. É bem fácil identificá-la, pois a mulher-Atena está no mundo, ela faz e acontece: editorando revistas, dirigindo departamentos de Universidades, é personalidade política e grande executiva. Ela está sempre em evidência,pois é prática e extrovertida. Entretanto, a maioria dos homens têm medo dela, pois acham que não estão a altura de seu intelectuo. Mas quando conquistam seu respeito, a mulher-Atena é a mais leal das companheiras, uma verdadeira amiga de todas as horas. Os gregos a chamavam de "Companheira dos Heróis".

Suas preocupações são o mundo, tendem a ser sensíveis às relações humanas e somente elas são capazes de ajudar a tornar os grupos coesos.O arquétipo desta deusa se manifesta com maior intensidade em meninas pequenas. Seu forte ego as tornam briguentas e combativas. Preferirá sempre brincar com meninos, aceitando suas brigas e brincadeiras violentas. Assim como sua irmã Artemis ela se orgulha dos seus modos de rapaz. Porém, sendo mais competitiva, argumentará: "Tudo o que você consegue fazer, eu consigo fazer melhor".
A independência da mulher-Atena em relação aos homens é também, uma virtude que ela partilha com Artemis. Na realidade, ambas são consideradas deusas virgens, o que no mundo grego significava que não eram casadas. Elas são tão bem resolvidas, que não necessitam de um homem como parceiro ou consorte. O motivo de Hera precisar de um companheiro ou de Afrodite tolerar um amante imaturo tendem a ser um mistério para Atena.
Entretanto, apesar de sua força, seu brilho e independência, a donzela vestida de armadura, tem a vulnerabilidade de menina. Até mesmo as mais bem-sucedidas e carismáticas mulheres-Atena revelarão um dia, o quanto se sentem inseguras e ansiosas a despeito de tudo que realizam externamente. Eis aqui o paradoxo que nos leva ao cerne da chaga de Atena: quanto mais ela encobre a donzela vulnerável, mais impetuosa se torna sua armadura protetora. Se ferida, irá afugentar com selvageria todos aqueles que poderiam ajudá-la, pois jamais desarma suas defesas, deixando exposta sua essência nua e infinitamente sensível de sua feminilidade.

2. MULHER-ARTEMIS

É regida pela deusa das selvas. Ela é prática, atlética, aventureira. Aprecia a cultura física, a solidão, a vida ao ar livre e os animais. Dedica-se à proteção do meio ambiente, aos estilos de vida alternativos e às comunidades de mulheres.
Artemis não se destaca muito no mundo moderno. A cidade não é "sua praia". Quando ela é encontrada no meio urbano, ela é tímida, reservada. Curtir festas e multidão não é algo que lhe interessa. A energia vigorosa que captamos em Artemis entretanto, não é mental, provém do seu corpo ágil a atlético, que adora envolver-se fisicamente no projeto do momento.A mulher-Artemis, mesmo depois de idosa, manterá o corpo ativo, cheio de energia e muito bem conservado.
Igual a sua irmã Atena é apta a viver perfeitamente bem sem os homens. Ambas representam o tipo de mulher que já nasce com fortes qualidades "masculinas". Atena teria a "cabeça-dura" e Artemis o corpo rijo e perfeito. A maioria dos homens não conseguem acompanhar o estilo ativo e atlético de Artemis.

A energia arquétipa desta deusa aflora com maior força na adolescência. Ela começa a se identificar com as atividades, atitudes e maneiras de vestir dos meninos.
Dada a sua natureza de amante da liberdade, não ajuda a saber quem ela é. Internamente ela se sente perplexa com a transformação de seu corpo e tenderá a escondê-lo com camisas soltas. A vaidade exagerada de suas irmãs Afrodite e Hera só lhe inspira desprezo.
A chaga de Artemis envolve a solidão que é relegada. Seu amor à liberdade a tornam difícil de ser aceita como mãe, esposa ou profissional, estilos que pertencem a Deméter, a Hera e Atena. Na verdade ela tem repúdio por valores e formas adotadas pela sociedade convencional.A mulher-Artemis tende a escolher ser totalmente reclusa e muito solitária.

3. MULHER-AFRODITE
Desde que surgiu das espumas das ondas do mar na célebre concha de Vieira, artistas a pintaram e esculpiram, poetas reverenciaram sua beleza e músicos a cantaram em melodias. A deusa Afrodite sempre ocupou um lugar de destaque no Olimpo. Para mérito eterno dos gregos, eles jamais se dispuseram a lançar fora suas divindades femininas em favor de um único Deus Pai como fizeram os primeiros judeus e cristãos. E assim, Afrodite pode permanecer, junto com outras deusas, continuando a ser muito amada, embora ocupando uma posição um tanto ambígua nas margens da sociedade urbana grega.
Em nossa época, Afrodite dá toda a impressão de ter trocado o Olimpo por Hollywood. Grandes beldades das telas e passarelas como Maryln Monroe, Sharow Stones e nossa querida Gisele, parecem ter encarnado a nossa amada deusa. Entretanto, não pára aí, pois seu culto é universal! Diariamente, em seriados, em novelas da TV, romances vendidos em banca de revistas e escândalos políticos, revivem histórias imemoriais de paixão, ciúmes, inveja e traição.
Nunca uma deusa foi tão íntima e pública como Afrodite!Ela é antes de tudo uma presença sensual, como um sol vibrante, brilha e despedaça corações. É fácil identificá-la, adora roupas caras, jóias, perfumes e adornos de todo o tipo. Hoje ela domina o mundo da moda, cosméticos e o glamouroso universo do cinema e revistas.
Graças ao seu talento em manobrar sentimentos e os projetos criativos do homem, a mulher-Afrodite consegue manifestar o que Jung chamou de "anima"do homem. Quando apaixonada ela aumentará tremendamente a confiança de seu amado, pois acima de tudo, Afrodite quer que seus relacionamentos amorosos tenham coração.
A mulher-Afrodite não dá a mínima para as exigências sociais de um "bom casamento", que é o desejo de Hera. Considera o amor maternal de Deméter muito unilateral e o "casamento de mentes verdadeiras" de Atena excessivamente mental. Mas a lição mais dura para a mulher-Afrodite é a que no mundo de hoje, ela será sempre "a outra" para a maioria dos homens.Isto faz parte do antigo triângulo arquétipo característico do universo, da qual poderá estar envolvida diversas vezes ao longo da vida.
A liberdade sexual de Afrodite não pode ser tolerada por nenhuma esposa, pois ameaça a própria estrutura da sociedade patriarcal. A instituição do concubinato ou da prostituição é na realidade um resquício mutilado das grandes sociedades matrilineares da antiguidade que adoravam a Grande-Mãe. Para a maioria das pessoas, é mais seguro deixar que Afrodite viva exclusivamente na imaginação dos livros, filmes, TV e mexericos.
Grande parte das chagas da mulher-Afrodite decorrem do fato de ela estar alienada das outras deusas. Ela seria beneficiada com a capacidade de raciocínio de Atena. Também, se conseguisse superar sua aversão a Hera, poderia pedir a ela que a ajudasse a obter respeito social e um lugar mais confortável no mundo moderno.
Gostaria de concluir este texto dizendo que Afrodite está recuperando a dignidade e poder de outrora. Mas, infelizmente isso não acontece. Viver plenamente como mulher-Afrodite é tarefa difícil e dolorosa, sob muitos aspectos. É bem mais confortante viver confiante e protegida em Atena, ser esposa de empresário como Hera, reclusa como Artemis ou tornar-se mãe de todas as criaturas como Deméter.

4. MULHER-HERA
A mulher-hera exala confiança em si mesma, tem perfeito domínio sobre si própria e dos outros. A consciência de Hera é sempre percebida nas mulheres mais velhas. Ela é aquela que nasceu para mandar, podendo se tornar impiedosa como dirigente de uma organização ou até mesmo de uma nação. Como esposa de Zeus, a antiga deusa grega era co-governante do Olimpo, onde oficialmente partilhava o poder com o chefe dos deuses.Em nosso mundo, ela costuma personificar a esposa de "um grande homem". Hera é um oponente formidável, seja na família ou na esfera política. Uma vontade de ferro e idéias fixas caracterizam a mulher-Hera madura. Uma versão desta mulher foi percebida em Thatcher, a mulher implacável, onde os membros do governo britânico mostravam-se profundamente chocados com os modos arrogantes e ditatoriais da primeira-ministra.
Com ou sem poder, a Hera Moderna é matriarcal, a abelha-rainha de sua família. Defende valores conservadores, como também tenderá a assumir o papel de juíza dos novos gostos e costumes. Ela adora todos os encontros familiares, onde se vê adorada e rodeada de filhos e netos. O amor deles geralmente é secundário, muito mais importante é que eles a respeitem e reverenciem.
Independentemente das suas origens sociais, a mulher-Hera quase sempre aspirará à proeminência em qualquer grupo que pertencer.A jovem Hera é muito parecida com a jovem Atena. Ambas são brilhantes e cheias de energias e exalam auto-confiança. Mas as ambições de uma e outra são diferentes. A jovem Atena estará ocupada com as opções de pós-graduações e treinamento profissional. A jovem Hera, mantêm os olhos bem abertos na busca daqueles homens, que ao seu ver têm maior chance de sucesso na vida e descobrirá alguma maneira de sair com eles. Em resumo, a jovem Hera busca um marido e a jovem Atena busca uma carreira.


A mulher-Hera dá todas as indicações de aceitar a maternidade com calma e sem hesitação, mas de maneira alguma será a mãe branda, tolerante e permissiva como Deméter. Sempre preocupada com o "status" e a respeitabilidade social, a mãe Hera é disciplinadora e exigirá que seus filhos sejam tão bem sucedidos quanto o pai.
Quando se diz "atrás de um grande homem, existe uma grande mulher..", é a mais pura verdade e, esta mulher é uma mulher-Hera. Considerada a "sombra" do marido, enquanto não consuma seus desejos e fantasias, ela poderá intimidá-lo e até mesmo tiranizá-lo. E, se finalmente conseguir o que quer, quase sempre permanecerá sedenta de mais poder.
A dinâmica de Hera consiste em ela querer estar onde as coisas acontecem e a origem da maioria de seus protestos está em excluí-la de qualquer ação. Bem no fundo, ela que viver e agir como um homem num mundo de homens.

5. MULHER-PERSÉFONE
É provável que a mulher-Perséfone não impressione no primeiro encontro, mas ela também não tem a pretensão de se afirmar intensamente. Não possui a solidez de propósito de Artemis, nem conta com o terreno firme onde pisa a Hera. Mas há uma peculiaridade na mulher-Perséfone, uma qualidade que lhe é inata, a sua vulnerabilidade espiritual. Em sua fragilidade, percebe-se o anseio por afeição e intimidade profunda. Esta mulher é envolta por uma aura de mistérios. O seu mundo é paranormal, mas ela se sente atraída pelos ensinamentos da metafísica mais do que pelas ciências naturais convencionais. Tão poderosa é a autoridade domaterialismo científico de nossas universidades e considerada excêntrica ou alienígena para muitos.
Para os gregos, Perséfone era a Rainha distante do Mundo Avernal, que vigiava a alma dos mortos. Ma ela era conhecida também como a virgem donzela Coré, que foi seqüestrada de sua mãe, Deméter. Sua descida ao mundo avernal ao ser raptada por Hades é uma das histórias mais conhecidas de toda a mitologia grega. Mas o que é avernal? Na linguagem da psicologia moderna, seria chamado de inconsciente. De modo que Perséfone é aquela que foi sorvida não apenas pelo inconsciente, pelo desconhecido, por tudo o que é reprimido e sombrio (Freud), mais ainda mais profundamente pelo inconsciente coletivo, o mundo das potestades e poderes arquetípicos (Jung).
Uma mulher pode vivenciar isto de diversas maneiras: uma tragédia na infância, a perda de uma pessoa da família ou de um grande amor.Compreender o significado da descida de Perséfone é particularmente urgente nos dias de hoje. Muitas mulheres e homens, estão descobrindo seus talentos mediúnicos e sua aplicação na leitura dos tarôs, nas curas espirituais, meditações, etc.


Mas passar a maior parte da vida "entre espíritos" pode exercer uma enorme pressão psíquica, especialmente quando suas habilidades sejam erroneamente interpretadas ou temidas. Mais do que qualquer outra deusa, a mulher-Perséfone pode sofrer uma profunda alienação, que pode levá-la a um colapso. É importante que busque as suas deusas irmãs para ajudar a equilibrá-la. De Deméter, talvez precise do senso do corpo e da terra para trazê-la a colocar os pés no chão. De Atena, uma certa objetividadeacerca de seu potencial e assim por diante.
Nós bruxas estamos classificadas na mulher-Perséfone. Quando a Igreja perseguiu nossas irmãs bruxas, ela também suprimiu a antiga sabedoria da Deusa. O que se perdeu foi o segredo da Perséfone madura, a sabedoria daquela que conhece os mecanismos da vida e da morte, as energias que determinam as estações, a sexualidade e o nascimento, daquela que compreende o hiato entre os dois mundos.
A Perséfone madura ressurgi de algum modo do mundo espiritual, ainda que permaneça em contato com ele. Ela torna-se feiticeira, uma mulher sábia, alegre e bem humorada, que acha engraçada e divertida toda a loucura humana. E, mesmo quando anciã, ainda preserva toda sua juventude e, como uma jovem iniciada, traz consigo a jubilosa sabedoria dos anos.

6. MULHER-DEMÉTER

Não é difícil achar Deméter, pois ela sempre estará rodeada de crianças. É aquela faz e distribui o pão, que passa a noite acordada cuidando do filho doente, que cozinha, que lava e passa e que ainda tem reservas inesgotáveis de energia. Deméter é mais que uma mãe biológica, pois não é ter filhos que a faz mãe, é sua atitude, sua maneira instintiva de cuidar de tudo que é pueril, pequeno, carente e sem defesa. Deméter é pura dedicação e doação, sentimentos que conhecemos como "carinho de mãe".
É importante dizer que há algo de singular no carinho materno de Deméter. Isso não quer dizer que as outras deusas não possam ser mães, mas para Deméter ser mãe é tudo. Afrodite é uma mãe sensual que adora vestir os filhos e "curtir" um cinema. As Artemis tem uma meiguice selvagem e tratam seus filhos como filhotes de fera. Atena mal pode esperar que eles falem para conversar e estimular sua educação. Perséfone também é profundamente envolvida com os filhos, mas de maneira mais psíquica eintuitiva. A mãe Hera é tão cheia de regras, censuras e expectativas que resta pouca ternura para criar seus filhos. Somente Deméter se identifica plenamente com a maternidade, quase à exclusão dos outros interesses.
Ela é tão envolvida com o fato de ser mãe que não arranja tempo para comprar um vestido novo, ir ao cabeleireiro e outras atividades que toda a mulher gosta de fazer para si mesma. Deméter se sente totalmente realizada fazendo o que faz, sendo mãe.
O instinto para acalentar que existe em Deméter pode ser facilmente identificado em meninas brincando com bonecas. Uma vez jovem, Deméter é tão identificada com a mãe, que haverá uma relação quase simbiótica entre ambas.
Mas por mais belo que pareça este quadro de Deméter se realizando como mãe, ele está muito longe de ser uma realidade para a maioria das mães modernas. As pressões físicas e econômicas da mera subsistência tendem a exigir que as mulheres grávidas trabalhem até o dia do parto. Ficam licenciadas por um determinado tempo e são obrigadas a retornarem ao trabalho, sem a menor possibilidade de dar a devida atenção aos seus bebês.Individualmente, as mulheres que representam o modo de ser de Deméter não têm como expressar e como competir com as mulheres-Atenas bem instruídas que detêm influência política. Ela não é intelectual, via de regra, e não gosta de se expressar em público. Os planos que são concebidos para devolver as mães à força de trabalho e torná-las independentes dos homens são concepções de Atena e deixam a mulher-Deméter perplexa.

CONCLUSÕES
Quando se tiver uma visão mais clara de quais deusas são dominantes em nós mulheres e quais influenciam a vida dos homens, devemos então dedicar nossa atenção às deusas que se mostram mais frágeis dentro de nós.
Dialogar com elas através de um diário pessoal, pode ser o primeiro passo de aproximação. Mas entenda, que é fácil demais desenvolver uma das deusas e viver de acordo com seus ditames. Uma mulher, entretanto, não pode se tornar apenas uma matriarca de uma família (Hera), sem jamais trabalhar (negligenciando Atena), sem jamais dedicar-se à sua sexualidade (ignorando Afrodite) ou o seu mundo interior (Perséfone).
Igualmente o homem se esquiva das mulheres intelectuais (Atena), evita as maternais (Deméter) ou as mulheres fortes (Hera) e busca somente parceiras sexuais que o excitem: está na realidade preso numa ligação neurótica com Afrodite.
Todas as deusas têm histórias para contar, contribuições a fazer e sabedoria para compartilhar. Se Afrodite faz loucuras por amor, Hera teme que o casamento se rompa. Se Deméter deleita-se com seus filhos, Perséfone acalenta sua interioridade e Atena busca a ascensão profissional, assim como Artemis sonha com uma cabana na floresta. Entretanto, cada uma têm algo que as outras desconhecem. Á medida que as diversas deusas ganham vida dentro de nós, veremos que diversos aspectos são ativados.
Isto será então motivo de júbilo:

AS DEUSAS PERDIDAS ESTÃO VOLTANDO!





O despertar da deusa é uma consequencia dos aconteciemnto deste fim de era a hora é da mudança a queda de uma instituição patriarcal falida para a ascensao da Deusa da Força Feminina que aflora da das mulheres e atua sobre os homens tambem a deusa é uma mãe universal e nao apenas um conceito abstrato é sim uma conciencia viva....apesar de eu ser um esoterico,acredito que esse novo despertar na deusa será um acontecimento que abalara as bases da humanidade e tornara cada vez mais evidente a força e a beleza do feminino .Tambem proponhe a uniam das mulheres como seres e individuos respeitando as diferenças entre si a união da Força da mulher e o reaparecimento do Culto a Deusa em suas diferentes variedades.Mas não so as Mulheres TODOS SOMOS RESPONSAVEIS sobre esse movimento em prol do feminino .A Deusa mãe habita em nós,nos oceanos ,nos ,mares ,no universo ,no nosso mundo sua presença ja nao pode mas ser ignorada ....nem distorcida como por exemplo Virgem Maria ou outras Santas catolicas nao quero dizer que esses aspctos da deusa nao sejam sagrados e reveladores so quero dizer que a deusa vai MUITO ALEM DESSES ASPECTOS a Deusa ao mesmo tempo em que é Mãe(santa)ela é Feiticeira(pecadora)e hora de reunir esses aspctos e ser adorada do jeito que ela é como uma deusa divinal mãe senhora de todas as criaturas bondosa....e feiticeira que detem os segredos do prazer e da sexualidade sagrada ....sabia...anciã dona dos augurios e reveladora do inconciente dona da morte e da vida e do inconciente ...enfim senhora de tudo o que foi e faz parte da humanidade....

Anónimo disse...

Prezada Rosa,

Foi com muito prazer que encontrei seu blog na rede. Sou Sacerdotisa da Deusa há 16 anos e realizo um trabalho de recuperação do Divino Feminino e cura chamado Reconsagração do Ventre.
Como devota de Athena gostaria de observar que seu texto se refere à Athena como passou à visão do patriarcado. Originariamente Athena é uma Grande Mãe, com aspectos maravilhosos e creio ser importantíssimo que as mulheres recuperem essa essência mitológica mais antiga, deixando de lado a visão parcial e patriarcal da Athena na mitologia grega tardia. Athena é uma Deusa múltipla e maravilhosa e sua recuperação me parece muito importante na recuperação do sagrado feminino em todas as mulheres.
Não seria interessante aprofundar o estudo sobre Athena ao invés de deixá-la de lado? Parabéns pelo blog e pela obra, abençoada seja pela Senhora do Oceano de Sangue que nos irmana ( que também é Athena Gorgopis).

Anónimo disse...

Eu compreendo o que diz, mas na verdade a face de Atena que a nossa sociedade venera eeu não gosto...todas as deusas foram adulteradas e engolidas pelos deuses e religiões e na verdade a Grande Deusa é a deusa de todas anós a Grande Mãe a senhora de todos os caminhos, a Magna Mater, e isso é que importa!

muito obrigada pelo cuidado

rosa leonor

Chris disse...

A Mavesper de alguns comentários acima tem razão.

Fora que, na comparação com 'Adão e Eva', precisamos lembrar que já está errado as pessoas pensarem nele como homem; simbolicamente ele era o unico ser que existia, ou seja, era o "humano" (não "homem"), andrógino, com o feminino em si; e só se pôde fazer o feminino diferenciado dele porque existia a mulher nesse humano ainda não dividido.

Engraçado como as pessoas aceitam que a Deusa se duplique para fazer o Deus e não aceitam Atena saindo de Zeus - um Zeus que não matou Métis, e sim a assimilou (se você ler direito o mito original, verá isso).

Aconselho que faças um estudo do livro de Karl Kerenyi "Athene: virgin and mother in Greek Religion" e que leias também esta postagem da Alexandra: http://sofalex.blogspot.com/2010/11/mulheres-de-atena.html

rosaleonor disse...

Muito grata pelo seu comentário e pela boa vontade na informação a que se presta, mas sobre adão...ou sobre eva ou que seja que alegoricamente ambos encarmnam e representam, não vejo porque seja o adão o primeiro homem mas sim neste caso, Lilith a primeira Mulher "de" Adão e claro, ambos andróginos sim, ou algo mias complexo, mas muito maior o mistério e da vastíssima pesquiza que venho fazendo há mais de 30 anos minha amiga tenho apenas que dizer-lhe que hoje eu só me guio e interessa o que eu própria penso e o que eu intuo e nenhum autor é mais digno de crédito de que outro. Cada um segue as suas crenças ou cultura, e percepciona o seu caminho de acordo com que vê e o que entende é nmuito pessoal e cada qual é responsável por si...Você identifica-se com uma corrente eu com outra...As cosmogonias apresentam pontos diferentes de entendimento da espécie e do seu começo...só nos resta o entendimento subjectivo e pessoal, baseado no discernimento individual mas também a nossa intuição profunda e para mim isso é o principal. Autores? Ninguém é já importante para mim. Quando era nova sim...não sabia pensar...nem tinha experiência, agora...os mitos são mitos e arquétipos e a história da humanidade uma coisa que ninguém sabe...ainda!!!
Muito obrigada pela sua nobre intenção de me corrigir, mas já sou velha demais para aprender línguas ...como se diz por aqui...
rleonor