O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

domingo, julho 26, 2009

A ESSÊNCIA DA ALMA PORTUGUESA


LUSOFONIA e IDENTIDADE
De Carminda H. Proença (Janeiro 2009). Publicado na Revista NOVA ÁGUIA, nº3 (1º semestre de 2009)


(…) Na actual urgência de transcenção a questão que se coloca aos portugueses é a de busca da sua identidade essencial. Creio mesmo que não só aos portugueses. Busca iniludível que começa em cada um de nós, seres humanos, e se estende aos grupos, aos povos, à própria humanidade.
Ninguém explorou tão bem as etapas desta busca enquanto processo psicológico que também é, como Edward Edinger (1922-1998) (2) desenvolvendo e completando o que Carl Jung (1875 -1961) designou por processo de individuação.
Eles nos ensinam que a consciência do “quem sou” é uma aquisição feita ao longo da nossa existência, individual e colectiva, condição de auto realização na descoberta dos nossos verdadeiros talentos, ou seja, da nossa criatividade única e essencial posta fraternamente ao serviço.
E é desse processo conducente à amorosa partilha fraterna de talentos e de bens, da alegria que ela gera que nos fala constantemente Agostinho da Silva, utilizando a expressão: cada um tem de cumprir-se.
Ele reafirma incontestavelmente a partilha fraterna dos talentos como a essência da alma portuguesa. Ao fazê-lo abre-nos caminhos para a consciencialização da nossa identidade enquanto povo lusófono e do nosso papel de cidadãos no mundo.
É também por aí que nos conduz à fidelidade ao culto português do Espírito Santo, o próprio Amor Fraterno Vivo ou, como gosto de lhe chamar, a Presença Viva do Amor Maior (3).
A busca de “Quem Somos” é um processo evolutivo com etapas que urge ir reconhecendo à medida que abrimos o caminho por dentro de nós mesmos.
Enquanto povo nascemos neste lugar privilegiado, qual face do grande continente. Nascemos ainda terra, mas logo mar imenso… Mimados pelo fecundo brilho do sol e impulsionados pelo sopro da brisa, desfraldamos velas, construímos embarcações e nelas transportamos corpos, desejos, sonhos, emoções, medos e coragens, saberes e crenças, almas e talentos, mundo fora.
No movimento, tantas vezes repetido, do ir cada vez mais longe e do voltar, semeamos pontes de trocas, de partilha de bens, de corpos e de afectos, de comunicação verbal, tornamo-nos verdadeiramente nos portadores de novos mundos ao mundo conhecido e vice versa.
Tal como individualmente somos levados a revisitar as caves menos conscientes do nosso ser sempre que surgem fases de mal estar, é igualmente necessário e importante revisitarmos enquanto povo, neste momento crítico, os séculos da história já vivida para profundamente sentirmos e relembrarmos ou descobrirmos a identidade colectiva que neles construímos e a que damos o nome de lusofonia.
A identidade colectiva expande a identidade individual de cada um de nós que por ela se torna maior…
(…)
No pós 25 de Abril recolhemos a casa. Conseguida alguma estabilidade de regime, urge agora procurar na memória da identidade colectiva desde sempre construída, as jóias do que de melhor somos e que tardamos em reencontrar.
Não há já ditadores, nem lideranças fortes e prolongadas. Agora somos nós, cada um, o povo desta nossa pátria/mátria. É connosco. Precisamos buscar com mais afinco, rebuscar nos baús os tesouros escondidos que acumulámos ao longo dos tempos e escutar os extremos do que somos: ouvir os melhores poetas e pensadores e também os menos cultos; os mais despojados de riquezas materiais e os mais bem sucedidos na acumulação de riqueza; os mais felizes e os mais infelizes; os mais descrentes e os místicos. Todos e cada um. É no jogo da alternância e dos extremos que nos tornaremos cônscios e capazes de fazer as melhores escolhas, as mais fraternas.
A alma portuguesa ainda dorme esquecida de quem é. Desatenta aos tesouros que juntámos em séculos de história, de busca, de expansão abrangente.
(…)

VER NA ÍNTEGRA: http://reinodaconsciolandia.blogspot.com/2009_01_01_archive.html

1 comentário:

Anónimo disse...

Querida amiga, sou a sua amiga do Brazil, um abraço e continuo lendo os seus artigos,
lizalinda