O MEDO, AS RELIGIÕES E AS IDEOLOGIAS...
"...por detrás da política, por detrás da autoridade, por detrás do Estado, por detrás das instituições, por detrás de tudo quanto existe de mais sólido, honesto e nobre, alojam-se a força e o medo. Percebo que as instituições são a energia congelada, são sonhos ensanguentados, e que a ideologia é sempre ameaça de morte."
FRANCESCO ALBERONI, As Nascentes dos Sonhos
Para que a sociedade patriarcal se pudesse estabelecer e dominar a Terra, a energia feminina foi sujeita a um branqueamento total o que levou a mulher a permanecer durante milénios numa posição subalterna do homem. A força feminina e a força da mulher foram suprimidas assim como a compreensão da sexualidade como energia livre e sagrada, que foram denegridas, consideradas maléficas e "sujas" pelas Igrejas e pelos padres. As mulheres foram desde então perseguidas por possuirem (ou serem possessas) esses poderes maléficos - a força da energia sexual e do sentimento que nos libertava - e queimadas vivas nas fogueiras aos milhares.
Eram perseguidas as mulheres que ajudavam outras mulheres como parteiras, as curandeiras, as mulheres livres que não se submetiam à vontade dos patriarcas, pais, padres e bispos e as mais jovens ou mais belas que eram consideradas uma ameaça ou um perigo para os devotos do deus misógino e temidas pelos “castos” padres!
Para podermos perceber em que medida o medo ainda persiste das e nas mulheres, olhemos o seu servilismo e a obediência cega à igreja e aos seus chefes. Basta também ver o ódio que os homens manifestam às mulheres quer na violência doméstica, quer nos crimes ditos passionais, nos filmes que propagam essa violência e sadismo sobre as mulheres; e não precisamos de recuar muito para ver essa misoginia nos ministros do Estado. Basta olhar ainda para o que foi Ministro dos Mares português, um herói nacional, que pensa como os padres, misógino por natureza, de perfil medieval - casto e cínico - e espírito bélico que não hesitou em enviar dois barcos de guerra "contra" um pequeno barco de um grupo de médicas e mulheres holandesas, em pleno século XXI, assim como a carta do agora papa aos Bispos quando era Cardeal, em que acusava as feministas de destruir as famílias...
Portanto eu não estou a exagerar nem desfasada do tempo!
Tudo continua na mesma…e o perigo ronda sempre, na hipocrisia dos governos e dos seus líderes e a guerra tácita e surda contra as mulheres em todo mundo...
N' "As aberrações brutais e bárbaras de uma espécie virada contra si própria"
Nas “Práticas como a mutilação sexual feminina, o espancamento doméstico, e todos os outros modos mais ou menos brutais que serviram para a androcracia manter as mulheres “no seu lugar” não serão evidentemente vistas como tradições consagradas, mas como o que realmente são - crimes gerados pela inumanidade do homem para com a mulher. Quanto á inumanidade do homem pelo homem, à medida que a violência masculina deixa de ser glorificada por epopeias e mitos “heróicos”, as designadas virtudes masculinas de dominância e conquista serão igualmente vistas pelo que são - as aberrações brutais e bárbaras de uma espécie virada contra si própria”
in "O CÁLICE E A ESPADA" de Riane Eisler
Sem comentários:
Enviar um comentário