O SORRISO DE PANDORA

“Jamais reconheci e nem reconhecerei a autoridade de nenhuma pretensa divindade, de alguma autoridade robotizada, demoníaca ou evolutiva que me afronte com alguma acusação de pecadora, herege, traidora ou o que seja. Não há um só, dentre todos os viventes, a quem eu considere mais do que a mim mesma. Contudo nada existe em mim que me permita sentir-me melhor do que qualquer outro vivente. Respeito todos, mas a ninguém me submeto. Rendo-me à beleza de um simples torrão de terra, à de uma gotícula de água, à de uma flor, à de um sorriso de qualquer face, mas não me rendo a qualquer autoridade instituída pela estupidez evolutiva da hora. Enfim, nada imponho sobre os ombros alheios, mas nada permito que me seja imposto de bom grado Libertei-me do peso desses conceitos equivocados e assumi-me como agente do processo de me dignificar a mim mesma, como também a vida que me é dispensada. Procuro homenageá-la com as minhas posturas e atitudes e nada mais almejo. É tudo o que posso dizer aqueles a quem considero meus filhos e filhas da Terra. “ In O SORRISO DE PANDORA, Jan Val Ellam

quarta-feira, setembro 30, 2009

MAIS PISTAS DO CAMINHO...

QUEM SOU EU? (2 PARTE)

(...)
Cada um de vocês não passa de um mero exemplar de autômato animado.


Vocês pensam que é necessário um "alma" e até um "espírito" para fazerem o que fazem e viverem como vivem.

No entanto, talvez basta uma chave para dar corda ao seu mecanismo. Suas rações de alimento cotidiano contribuem para dar corda à mola e para renovar continuamente as piruetas vãs de suas associações. Certos pensamentos desalinhavados surgem desse pano de fundo e vocês tentam fazer deles um todo, apresentando-os como preciosos e pessoais. Da mesma forma, com os sentimentos e as sensações que passam, os humores, as experiências vívidas, criamos a miragem de uma vida interior. Dizemos que somos seres conscientes, capazes de raciocínio; falamos de Deus, da eternidade, da vida eterna e de outros assuntos elevados; falamos de tudo que se possa imaginar; julgamos, discutimos, definimos e apreciamos, mas omitimos falar de nós mesmos e de nosso real valor objetivo, pois estamos todos convencidos de que, se nos falta alguma coisa, poderemos certamente adquiri-la.
Se, com tudo que eu disse, consegui, mesmo numa pequena medida, mostrar com clareza em que caos vive esse ser que chamamos homem, vocês estarão em condições de encontrar por si mesmos uma resposta à pergunta sobre o que falta a ele, o que ele pode esperar se permanecer como é, o que poderá acrescentar de legítimo ao valor que ele próprio representa.

Já disse que certos homens têm fome de verdade. Se eles refletirem sobre os problemas da vida e forem sinceros consigo mesmos, logo se convencerão de que não lhes é mais possível viver como viveram, nem ser o que foram até o presente; que precisam a qualquer preço encontrar uma saída para essa situação e que um homem só pode desenvolver seus poderes e capacidades ocultos se limpar sua máquina de todas as sujeiras que nela se imiscuíram durante a sua vida. Para empreender essa limpeza de forma racional, é preciso ver o que deve ser limpo, onde e como . Mas ver isso por si mesmo é quase impossível. Para ver o que seja o que for dessa espécie, deve-se olhar do exterior; e, para isso, a ajuda mútua é indispensável.

Se lembrarem do exemplo de identificação que dei, verão como um homem é cego, quando se identifica com seus humores, seus sentimentos e pensamentos. Mas nossa dependência se limitará às coisas que podem ser captadas no primeiro instante? Àquelas que são tão salientes que não possam deixar de chamar a atenção? Lembram-se do que dissemos sobre a maneira como julgamos o caráter das pessoas, dividindo-as de modo arbitrário em boas e más?

À medida que um homem começa a se conhecer, descobre sempre novos domínios de mecanicidade em si mesmo - chamemos isso de automatismo - , domínios onde sua vontade, se "eu quero", não tem nenhum poder e onde tudo é tão confuso e sutil, que é impossível ele se achar dentro dessa confusão, sem ser ajudado e guiado pela autoridade de quem sabe.

Em suma, este é o estado de coisas no que se refere ao conhecimento de si: para fazer, é preciso saber; isso não podemos descobrir sozinhos.

GURDJIIEFF

Continua...

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