O ESTADO SUPREMO
(...)
Seguindo esta pista, que certamente parecia fazer sentido para mim, comecei a reconceituar o rumo completo do desenvolvimento, baseando-me nos dados da corrente principal da psicologia do desenvolvimento, porém considerando o contexto das tradições transpessoais. O caminho parecia ser direto: O recém-nascido começa em um estado de "consciência cósmica infantil", um estado de unidade ou totalidade primária, mas está inconsciente desta totalidade; é uma identificação inconsciente com o Self (a visão Junguiana). Entretanto, a fim de perceber esta totalidade, a alma primeiramente deve renunciar a esta unidade inconsciente e criar um self isolado e um mundo de separação e dualidade; só então ela poderá retornar à totalidade de um modo consciente, mantendo ligação com o ego, mas alinhando-o e religando-o ao Self. Assim, o caminho completo de desenvolvimento seria o de um estado inicial de união transpessoal inconsciente ("paradisíaco"), para um self pessoal consciente (dividido e alienado), até uma união final consciente transpessoal (conscientemente total e extática).
(...)
(...)
O estado supremo é o que sou antes de ser qualquer outra coisa; é o que vejo antes de ver qualquer coisa e o que sinto antes de sentir qualquer coisa. É por isso que se diz que o Tao está além do saber ou não-saber, do certo ou errado.
Chao-Chou perguntou, "O que é o Tao?"
Mestre Nan-chuan respondeu, "O Tao é sua consciência comum."
"Mas como se pode viver em concordância com ele?"
"Ao tentar concordar você já se desviou."
Mas sem tentar, como vou conhecer o Tao?"
"O Tao", disse o Mestre, "é anterior ao conhecer ou não-conhecer. Conhecer é falso entendimento; não-conhecer é simples ignorância. Se você realmente compreende o Tao antes de duvidar, é como o céu vazio. Por que mudar o rumo da conversa para certo e errado?"
[Citado em Watts, 1975]
Explica-se isto assim: o Upanishads diz que Brahman não é um entre muitos, mas um sem um segundo; não um objeto particular, mas a realidade de todos os objetos. E mesmo assim, estava tentando captar o Todo como uma experiência particular – por certo um Grande Experiência, mas, de qualquer modo, uma experiência – e era exatamente isso que não permitia a descoberta (porque uma experiência é um saber ou não-saber e não algo que precede a ambos). Por isso o Zen chama todas as experiências superiores por um nome pejorativo: makyo ou "ilusões sutis". E, de acordo com o Zen, muitas outras tradições confundem makyo com o estado supremo, simplesmente porque essas extraordinárias experiências são, na verdade, mais reais do que os estados comuns. Todavia, todas as experiências, superiores ou inferiores, ficam aquém da consciência não-dual e, assim, cedo ou tarde, devem ser superadas.
O ponto é que todas as experiências, sagradas ou profanas, superiores ou inferiores, baseiam-se na dualidade entre sujeito e objeto, observador e observado, experienciador e experienciado. Mesmo na esfera da alma, incomparavelmente mais real do que os níveis inferiores da matéria, corpo e mente, trata-se meramente de um sujeito mais sutil e de um objeto mais extraordinário. A testemunha desses estados divinos ainda se mantém intacta. Entretanto, o despertar verdadeiro é a dissolução da própria testemunha e não uma mudança de estado naquilo que é testemunhado.
(...)
Excerto de ODISSÉIA
Uma investigação pessoal sobre Psicologia Humanística e Transpessoal
KEN WILBER1982
Chao-Chou perguntou, "O que é o Tao?"
Mestre Nan-chuan respondeu, "O Tao é sua consciência comum."
"Mas como se pode viver em concordância com ele?"
"Ao tentar concordar você já se desviou."
Mas sem tentar, como vou conhecer o Tao?"
"O Tao", disse o Mestre, "é anterior ao conhecer ou não-conhecer. Conhecer é falso entendimento; não-conhecer é simples ignorância. Se você realmente compreende o Tao antes de duvidar, é como o céu vazio. Por que mudar o rumo da conversa para certo e errado?"
[Citado em Watts, 1975]
Explica-se isto assim: o Upanishads diz que Brahman não é um entre muitos, mas um sem um segundo; não um objeto particular, mas a realidade de todos os objetos. E mesmo assim, estava tentando captar o Todo como uma experiência particular – por certo um Grande Experiência, mas, de qualquer modo, uma experiência – e era exatamente isso que não permitia a descoberta (porque uma experiência é um saber ou não-saber e não algo que precede a ambos). Por isso o Zen chama todas as experiências superiores por um nome pejorativo: makyo ou "ilusões sutis". E, de acordo com o Zen, muitas outras tradições confundem makyo com o estado supremo, simplesmente porque essas extraordinárias experiências são, na verdade, mais reais do que os estados comuns. Todavia, todas as experiências, superiores ou inferiores, ficam aquém da consciência não-dual e, assim, cedo ou tarde, devem ser superadas.
O ponto é que todas as experiências, sagradas ou profanas, superiores ou inferiores, baseiam-se na dualidade entre sujeito e objeto, observador e observado, experienciador e experienciado. Mesmo na esfera da alma, incomparavelmente mais real do que os níveis inferiores da matéria, corpo e mente, trata-se meramente de um sujeito mais sutil e de um objeto mais extraordinário. A testemunha desses estados divinos ainda se mantém intacta. Entretanto, o despertar verdadeiro é a dissolução da própria testemunha e não uma mudança de estado naquilo que é testemunhado.
(...)
Excerto de ODISSÉIA
Uma investigação pessoal sobre Psicologia Humanística e Transpessoal
KEN WILBER1982
2 comentários:
Eu acredito neste estado de graça que você escreveu...Quando eu era uma criança eu via e olhava para o ambiente a minha volta e começava a parecer que tudo ia expandindo se como que se as energias pulacem a minha volta.Qualquer coisa que eu tocava vibrava fosse organica ou não...Eu sentia esta força vibrando em mim e em todo o universo essa força vibrante.Sentia mais alto acima e ao mesmo tempo fazendo parte daquelas coisas como se todas aquelas coisas e pessoas estivessem ligadas a mim.Minha familia concerteza me considerava uma criança estrnha e teimosa, mas gosto de pensar em mim como uma daquelas crianças criativas.E muitas vezes so de começar a olhar o ambiente a minha volta sem rituais e nenhum encantamento ou qualquer coisa eu começo a sentir estas sensações.Quando era nova achava que era uma cirnaça estranha e graças ao que todos diziam chorava com frequencia e medo depois das reprimendas e tentava controlar essa força.Grças a Deusa agora sei que não devo controlar e sim deixar fluir,deixar seu poder agir....Por isso mesmo a amo incondicionalmente.Ela me deu a Libertação que eu precisava.Devo tudo a Ela.
Com as pessoas especiais acontece sempre isso...
muitos beijinhos e ainda bem que é diferente!!!
rosa leonor
Enviar um comentário